Avanços da Medicina dão esperança a pacientes com câncer
Mais de 10 milhões de pessoas morrem todos os anos por causa dos diferentes tipos de câncer, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)
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Mais de 10 milhões de pessoas morrem todos os anos por causa dos diferentes tipos de câncer, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo uma das principais causas de morte no mundo.
Mas avanços na ciência podem revolucionar o tratamento e o diagnóstico da doença e dar mais esperança ao pacientes.
O remédio trastuzumabe deruxtecan é visto como uma das novidades no tratamento de câncer de mama. Antes utilizado apenas para pacientes com tumores que expressam o gene HER2, agora também se mostrou eficaz para outros tipos de tumores de mama.
“O medicamento é usado para paciente metastático (quando se espalha para outros órgãos) e que já tentaram de tudo para esse tipo de câncer e não tiveram resposta. Ele é um remédio quimioterápico potente, que destrói o tumor de dentro para fora”, explica a mastologista Laís Gueiros, do Neon.
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Segundo a médica, o remédio é aplicado por via endovenosa a cada 21 dias e foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2021, mas ainda depende de aprovação para ser usado nos planos de saúde e incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Para tratar o linfoma não-Hodgkin, uma das terapias mais recentes usadas é a de células CAR-T Cell, que consiste em extrair células imunológicas do próprio paciente, modificá-las em laboratório e reintroduzi-las no organismo para que reconheçam e ataquem o tumor.
“É um tratamento de resgate para pacientes que já passaram por outras linhas de tratamento, como quimioterapia. Essa técnica é usada para alguns tipos de linfoma não-Hodgkin, os mais comuns são difusos de grandes células B e folicular”, destaca o hematologista Douglas Covre Stocco.
Estudos
Pesquisas também estão sendo feitas para o uso do dostarlimabe para o tratamento de câncer colorretal. Ele já é usado para o câncer de endométrio.
“O dostarlimabe é uma imunoterapia que estimula o sistema imune a atacar o tumor. A gente acredita que para o câncer colorretal ele funcionaria da mesma forma, mas ainda não temos comprovação. O estudo, apesar de pequeno, com apenas 12 pacientes, é surpreendente, já que todos os pacientes tiveram redução tumoral. Ficamos empolgados”, ressalta a oncologista Virgínia Altoé Sessa.
Entenda a doença, tratamentos e novidades
Câncer
O câncer é uma das principais causas de morte nas Américas. Em 2008, causou 1,2 milhão de mortes, 45% das quais ocorreram na América Latina e no Caribe. Prevê-se que a mortalidade por câncer nas Américas aumente para 2,1 milhões até 2030.
O câncer é a segunda principal causa de morte no mundo e é responsável por 9,6 milhões de mortes em 2018. A nível global, uma em cada seis mortes são relacionadas à doença.
Fatores de risco
Cerca de um terço das mortes por câncer se devem aos cinco principais riscos comportamentais e alimentares: alto índice de massa corporal, baixo consumo de frutas e vegetais, falta de atividade física e uso de álcool e tabaco.
O tabagismo é o principal fator de risco para o câncer, causando 22% das mortes pela doença.
Detecção precoce
A mortalidade pode ser reduzida se os casos forem detectados e tratados precocemente. Há dois componentes para a detecção precoce:
Diagnóstico precoce
Quando identificado precocemente, o câncer pode responder melhor a um tratamento eficaz. Isso resulta em uma maior probabilidade de sobrevivência, menor morbidade e um tratamento menos caro.
Rastreamento
tem o objetivo de identificar indivíduos com anomalidades sugestivas de um câncer específico ou pré-câncer que não tenha desenvolvido nenhum sintoma e encaminhá-los prontamente para diagnóstico e tratamento. Alguns exemplos de rastreamento são: teste de papanicolau e mamografia.
Novidades
Câncer de mama
Trastuzumabe deruxtecan: este remédio é utilizado no tratamento de câncer de mama há anos, mas era restrito a um grupo específico: pacientes que expressam um gene chamado HER2.
Ele é um remédio quimioterápico potente que atua destruindo o tumor de dentro para fora. A descoberta recente é que ele pode beneficiar bem mais pacientes com metástase, aumentando o tempo de vida.
É um tratamento de terceira linha (usado após outras terapias) com o custo aproximado de R$ 147 mil a aplicação. Ainda não está liberado nos planos de saúde e no Sistema Único de Saúde (SUS).
Linfoma não-Hodgkin
Células CAR-T Cell: uma das terapias mais recentes que consiste em extrair células imunológicas do próprio paciente, modificá-las em laboratório e reintroduzi-las no organismo para que reconheçam e ataquem o tumor.
É um tratamento de resgate para pacientes que já passaram por outras linhas de tratamento, como quimioterapia, e não tiveram resposta.
No Brasil, esse tratamento é usado para alguns tipos de linfoma não-Hodgkin, sendo os mais comuns difusos de grandes células B e folicular.
O custo gira em torno de mais de R$ 1 milhão e ainda não foi incorporado aos planos de saúde e ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Estudos
Câncer de pâncreas
Durante o congresso americano de oncologia do ano passado, foram apresentados os primeiros testes que utilizam um método chamado Car-T Cells contra esse tipo de câncer. Segundo o que foi apresentado no congresso, as Car-T Cells foram testadas em um paciente com câncer de pâncreas nos Estados Unidos. Os resultados iniciais foram positivos.
Câncer colorretal
Dostarlimabe: faz parte da classe das imunoterapias, que estimulam o sistema imune a atacar o tumor. Já é usado para outros tumores, como os que afetam o endométrio (tecido que recobre o útero). Em uma pesquisa que envolveu 12 pacientes todos não tinham mais qualquer evidência de tumor no reto ao final da pesquisa, que durou seis meses.
Enquanto o remédio não é aprovado para o novo uso, as pesquisas continuam, até para saber por quanto tempo os pacientes realmente vivem sem esse tumor.
Exame colorretal
Biópsia líquida: esse método consiste na detecção de pequenos pedacinhos do DNA de tumores, a fim de reconhecer qual paciente deve receber quimioterapia ou não, após passar por cirurgia para retirada da parte afetada do intestino.
Depois da recuperação, sempre resta a dúvida se ficaram resquícios do tumor no paciente. Se o resultado da biópsia líquida der positivo, ele vai pra químio. Se der negativo, não precisa. Com a biópsia líquida, não será necessário submeter o paciente a terapias pesadas, que podem ter efeitos colaterais.
Fonte: Organização Pan-Americana da Saúde, BBC News e médicos consultados.
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