Após 20 cirurgias, jovem ensina a vencer o bullyng
Iarley Bermudes, de 18 anos, nasceu com má-formação no lábio e fenda nas pálpebras, o que o fez passar pelos procedimentos
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Exemplo de força, determinação e inspiração. Esse é Iarley Bermudes, um jovem de 18 anos que já se submeteu a 20 cirurgias e atualmente ajuda crianças e adolescentes a vencerem o bullying.
Morador de Cariacica, o rapaz nasceu com uma má-formação congênita de lábio leporino bilateral, além de fenda nas pálpebras, condições que levaram à necessidade da realização dos procedimentos.
Iarley afirma que nunca chegou a sofrer bullying nas escolas em que frequentou ou em outros lugares. No entanto, lembra que já recebeu mensagens maldosas por meio das redes sociais, que criticavam sua aparência ou jeito de falar.
Os comentários negativos, entretanto, nunca o desmotivaram, e sua história de vida o transformou em um palestrante. Desde os 11 anos de idade, ele visita escolas e faz palestras que oferecem apoio.
O rapaz conta que já palestrou tanto para estudantes quanto para líderes e gestores das unidades municipais ou estaduais.
Iarley comentou que, entre os assuntos que costumam ser abordados por ele, tem-se os tópicos: como o bullying pode acontecer; como a criança e o adolescente devem agir; ter empatia pelo colega; detectar se o colega não está passando por um momento difícil, se ele está sendo vítima de bullying e se algo que você está fazendo com ele não esteja o agradando.
Além do Espírito Santo, Iarley já palestrou no Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. “Sempre ressalto para as crianças que precisarem de ajuda para entrarem em contato comigo”.
“Sempre ressalto para as crianças que precisarem de ajuda para entrarem em contato comigo Iarley Bermudes, Estudante
O jovem também realiza um trabalho importante sobre o bullying nas redes sociais, interagindo com as pessoas e acolhendo-as.
No mês passado, o rapaz lançou o livro “Iarley, o Extraordinário Brasileiro”, com o objetivo de contar uma história que pudesse motivar as pessoas e que as escolas pudessem trabalhar o conteúdo, dialogando com os estudante.
A mãe do rapaz, Cristiane da Penha Bermudes, diz que tem muito orgulho do filho.
“Temos relatos e feedbacks de muitas pessoas, de todas as idades, que se inspiram em Iarley. Tenho muito orgulho dele, pois foi um desenvolvimento natural e precoce, assumindo uma carga de responsabilidade e, de certa forma, puxando para ele o papel de amenizar a dor dessas pessoas”.
E acrescentou: “Ele é muito alegre. Apesar de todas as dificuldades das cirurgias, nunca se abalou ou perdeu o sorriso”.
Livro

“Iarley, O Extraordinário Brasileiro”
Prepare-se para mergulhar em uma história real que pulsa coragem, sensibilidade e superação. A obra não é apenas o relato de uma vida singular. É um chamado à empatia, à esperança e ao poder transformador do afeto.
Editora: Fatum
Valor: R$ 40
Onde comprar: site www.fatumeditora.com.br ou por meio do Instagram @iarleybermudes (com autógrafo).
Entrevista
“Sentimento negativo e baixa autoestima são muito perigosos”
A Tribuna: Você já teve problemas com a autoestima?
Iarley Bermudes: Nunca sofri com baixa autoestima. Já tive momentos em que estava um pouco triste, por exemplo, por conta de uma cirurgia que chegou a durar quatro meses (devido a pontuais manutenções), quando eu tinha seis anos. Estar fora de um ambiente esperado para uma criança é complicado, mas fui acolhido. Sempre tive um suporte familiar muito grande, com pais participativos. Eles sempre me ensinaram a ter autoestima e a me amar.
AT: Seu tratamento está concluído?
Iarley: Até o momento, eu já fiz 20 cirurgias e meu tratamento não está concluído. A previsão é que terei que fazer cirurgia até a minha faixa etária dos 30 anos. Mas pode ser um pouco mais que isso.
AT: Já sofreu bullying?
Iarley: Nunca fui vítima de bullying em escolas em que estudei ou até mesmo em qualquer outro espaço. Somente virtualmente.
A primeira vez que sofri uma violência virtual foi aos 10 anos. Senti um pouco de surpresa e certa tristeza, mas minha mãe sempre me ensinou a reagir a essas situações, a não me desmotivar ou deixar de fazer algo que eu goste por conta do que as pessoas dizem. Por mais que tenha doído, aquela situação não me afetou a longo prazo.
Hoje os comentários negativos são quase nulos. Eles costumavam abordar sobre a minha aparência e o jeito que eu falava.
AT: Você faz palestras nas escolas. Teve algum momento que te marcou e emocionou?
Iarley: Em uma das primeiras palestras que eu fiz, os alunos me presentearam com um rolo de cartinhas de cada criança da escola. Era muito, muito grande. Guardei com bastante carinho.
AT: Teria alguma mensagem para crianças e adolescentes que sofrem bullying?
Iarley: A mensagem que eu queria deixar é que procurem ajuda. Não se omitam. Sentimento negativo e baixa autoestima, quando acumulados, são muito perigosos.
AT: Em julho você lançou o livro “Iarley, o Extraordinário Brasileiro”. O que ele aborda?
Iarley: O livro fala sobre a minha história. Inicialmente, tem o meu ponto de vista, como foi, para mim, passar pelas cirurgias, a relação das cirurgias com a minha vida estudantil, como isso afetou o meu desenvolvimento.
A obra mostra que, mesmo por tudo o que passei, sempre tive vontade de me mostrar ao mundo. Traz a minha jornada até os 18 anos.
Também tem partes que mostram o ponto de vista da minha mãe, até porque existem experiências, momentos da minha vida dos quais não me lembro. São narrados a dificuldade do parto e momentos após, por exemplo.
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