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Cidades

Aos 60 anos, seu Elvécio é o “Rei do Socol”

Empresário de Venda Nova do Imigrante herdou de seus avós italianos a receita do presunto cru que faz sucesso no Brasil todo


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Imagem ilustrativa da imagem Aos 60 anos, seu Elvécio é o “Rei do Socol”
Elvécio Falqueto, o Tio Vé, vende cerca de mil peças por ano em um empório que ele mesmo construiu |  Foto: Roberta Bourguignon

Aos 60 anos, Elvécio Falqueto, o Tio Vé, é um dos maiores produtores de socol, um tipo de presunto cru que só existe no Estado. Sua família prepara o produto há mais de meio século em Venda Nova do Imigrante e ele acabou ganhando o apelido de “Rei do Socol”.

A receita ele aprendeu com os “nonos” que vieram da Itália. Hoje ele vende cerca de mil peças por ano em um empório que ele mesmo construiu com madeira na localidade de Alto Bananeiras.

“Meus avós vieram de Vêneto e trouxeram com eles a receita do socol. Meus pais aprenderam com eles e me ensinaram. Aprendi, faço até hoje e já passei a receita para meus filhos”.

Segundo ele, a origem da palavra vem de “ossocolo”, que significa carne de pescoço, no dialeto italiano da região do Vêneto. Em terras brasileiras, a palavra foi aportuguesada e virou “socol”.

A mudança não foi só no nome. A iguaria passou a ser feita de outra parte do porco: do lombo, que tem uma carne mais leve e com menos gordura que o pescoço.

“Inicialmente, o socol era uma forma da gente guardar a carne sem estragar, numa época em que os nossos nonos não tinham geladeira. Depois, as pessoas começaram a perceber que o sabor era incrível e o produtor rural, naquela época, viu uma oportunidade para produzir”, disse Tio Vé.

Ainda de acordo com ele, a família Falqueto tem uma fábrica de socol artesanal há 10 anos. Mas a tradição já vem há mais de 130 anos, de geração a geração.

Filha de Tio Vé, Thais Falqueto hoje está à frente do negócio e disse que o processo de produção de um socol dura de três a quatro meses.

Primeiro, a carne do porco é salgada por dias, depois lavada e preparada para a maturação, onde fica pendurada em salas em temperatura ambiente para que um fungo natural da região participe do processo.

“O socol veio do 'ossocollo', um embutido italiano feito a partir da carne do pescoço do porco, foi modificado para o gosto brasileiro, feito do lombo, uma carne menos gordurosa. Hoje é feito de uma carne mais leve, adaptado dos nossos antepassados”.

Desde que o socol conquistou o selo de Identificação Geográfica (IG), Thais contou que sentiu a valorização e a procura pelo produto certificado. “Vendíamos ele aqui a R$ 65, hoje a gente vende a R$ 125 o quilo do nosso socol”.

Roteiro para degustar a iguaria

Lançada em 2023, a Rota do Socol contempla pontos dentro do território da Indicação Geográfica em Venda Nova, nos bairros Alto Bananeiras, Vila da Mata, Vila Betânea, Providência e Tapera.

Os empreendimentos são Angelim Socol, Caprinova, Dona Martha Delícias, Família Brioschi, Fazenda Carnielli, Sítio Lorenção e Tio Vé Socol. Eles fazem parte da Associação dos Produtores de Socol de Venda Nova do Imigrante (Assocol), que conta com 21 associados.

“O socol é mais um excelente nome que representa Venda Nova. Nós tínhamos a polenta, a serenata, um coral maravilhoso e cheio de histórias. E hoje o município tem um registro e uma rota internacional, só nossa, só de Venda Nova. É um presente que o futuro de Venda Nova ganha. Dá para imaginar o quanto isso vale para esta comunidade?”, disse o produtor Leandro Carnielli.

Leandro salientou também a importância da criação da Rota do Socol para o desenvolvimento da cidade.

“Parabenizo a comunidade e os moradores de Alto Bananeiras, pois foi por meio de um pedido deles que foi dado o primeiro passo para a rota. Foram várias reuniões para chegarmos à proposta final, feita a muitas mãos”, lembrou.

“Agora, nosso objetivo é levar a proposta para a Assembleia Legislativa para tornar a Rota do Socol uma rota estadual. Isso vai facilitar a liberação de verbas do Estado para melhorar o circuito, com pavimentação, por exemplo”.

Produto só é fabricado em Venda Nova do Imigrante

O socol é uma iguaria exclusiva de Venda Nova do Imigrante. É mais ou menos como o champagne, que só pode levar essa denominação se for produzido na região de Champagne, na França. Socol, portanto, só de Venda Nova e isso foi reconhecido pela Identificação Geográfica (IG), em 2018.

O produto fabricado com carne suína demorou quase quatro anos para receber a IG. O pedido de referenciamento geográfico do item foi realizado em julho de 2014 pela Associação dos Produtores de Socol de Venda Nova do Imigrante.

Em junho de 2018, a concessão da Indicação Geográfica foi publicada na Revista da Propriedade Industrial (RPI), editada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).

De acordo com a publicação, a área compreendida pela indicação geográfica é composta por Alto Bananeiras, Bananeiras, Lavrinhas, Sede, Tapera, Alto Tapera, Santo Antônio da Serra e Providência.

A delimitação da área ocorreu por serem esses os locais que concentram descendentes de italianos que historicamente fabricam e comercializam o socol.

Além do socol de Venda Nova, outros produtos capixabas já receberam o registro.

Ao todo, apenas 49 itens possuem essa certificação em todo o Brasil, sendo cinco no Espírito Santo.

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