Agência Espacial Brasileira investiga suposto lixo espacial que caiu no Paraná
Escute essa reportagem
João Ricardo Portes, 58, morador da zona rural do município de São Mateus do Sul (PR), a 150 quilômetros de Curitiba, se deparou com uma peça metálica com cerca de quatro metros de comprimento, retorcida, a cerca de cem metros de casa, na manhã da última quarta-feira (16). Espantado, chamou a esposa, Joseane Franco Portes, 56, para ver o que tinha encontrado.
Uma equipe da AEB (Agência Espacial Brasileira) esteve nesta sexta-feira no local para investigar o material, supostamente lixo espacial. A área foi isolada e a peça, coberta.
Até a publicação, a reportagem não obteve retorno do órgão, ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, sobre os trabalhos na propriedade da família Portes, na localidade conhecida como Água Suja.
Segundo a Bramon (sigla em inglês para Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros), a peça pode ser pedaço de um foguete da empresa SpaceX, do bilionário Elon Musk, homem mais rico do mundo, dono também da Tesla.
A reentrada do foguete teria sido avistada no céu da região no dia 8 de março, ainda de acordo com publicação da Bramon em seu site, repercutindo o caso.
A rede diz ainda que o município paranaense fica "praticamente abaixo da trajetória da reentrada observada" e que, analisando imagens, "foram encontradas algumas semelhanças" entre o objeto e peças do foguete da empresa de Musk.
Uma semana antes, Portes e a esposa, segundo contam, foram acordados por um estrondo, ainda de madrugada. Joseane diz que eles cogitaram que poderia ser uma explosão em uma metalúrgica próxima ou um acidente de carro na rodovia próxima, mas não avistaram nada diferente do lado de fora da casa.
"Passou assim, como uma trovoada, que vai vir uma chuva grande, sabe? Foi tipo esse barulho, e aí veio outro, que acho que foi a hora que caiu esse pedaço. Deu para ouvir na cidade, bastante gente ouviu", conta ela.
Portes só encontrou a peça de metal na semana seguinte ao barulho, quando saiu para verificar se ventos e chuvas haviam danificado alguma cerca da propriedade.
Em meio às notícias de rastro de luz no céu e barulhos, relatados na região do sul do Paraná e norte de Santa Catarina, ele pensou logo, diz, que a peça poderia estar relacionada ao lixo espacial.
"De início eu pensei que fosse uma barraca, que pessoas estavam invadindo minha terra, mas notei que era uma peça de metal. Cheguei perto e pensei que era o lixo espacial que passou por aqui, no último dia 8", conta ele.
"Não tocamos, não fizemos nada, com medo de radiação. A princípio não sabíamos nada do material. Passou a cem metros da minha casa e a 40 [metros] da [rodovia] PR-151", diz ele, que trabalha em uma empresa de bufês e decorações para eventos que mantém com a esposa.
Joseane conta ainda que resolveu gravar um vídeo para mostrar para a cunhada o achado e não sabe ao certo como ele se tornou público. A gravação mostra alguns galhos quebrados e buracos superficiais no chão, com grama levantada.
"Graças a Deus não caiu em cima da casa", diz ela.
O casal foi informado que os donos da peça de metal, ainda a serem identificados, têm prazo de 90 dias para retirá-la do local. Caso isso não aconteça, eles podem ficar com a peça.
"Se deixarem para mim, vou colocar no jardim aqui, plantar umas flores e mostrar para os meus netos, futuramente, que caiu um foguete", brinca ela.
Por Fernanda Canofre
Comentários