Adolescente morre em frente a hospital do Estado à espera de vaga para UTI
Caso aconteceu na madrugada deste sábado (30)
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Um adolescente, de 16 anos, morreu após ficar quatro horas em uma ambulância, em frente ao Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), que fica em Vila Velha, na madrugada deste sábado (30).
As informações foram passadas pela família de Kevinn Belo Tome da Silva, que mora em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, onde ele estava internado desde quarta-feira (27), em um pronto atendimento da cidade, com um quadro respiratório.
De acordo com a tia do menino, a professora, de 50 anos, Clayde Aparecida Belo da Silva, ele foi internado na quarta (27), no Pronto Atendimento Paulo Pereira Gomes.
"Ele passou por alguns exames e, quando o resultado chegou, o médico disse que deu algumas infecções e disse que ele deveria ficar lá. No outro dia (quinta-feira), eu voltei no hospital e ele não conseguia comer nada. Ele sentia dor no lado esquerdo, estava com a respiração ofegante e não conseguia levantar. A gente usava até coletor de urina", disse a tia de Kevinn.
Na quinta-feira (28), uma outra médica do pronto atendimento disse à família que faria mais exames e, na sexta-feira (29), ela afirmou que ele precisava ser transferido. "E como em Cachoeiro os hospitais não aceitam pacientes na idade dele, teria de ser transferido. Só que não tinha vaga e que talvez eu ia ter de ir no Ministério Público", contou a professora.
Após conversar com a profissional, Clayde foi comprar comida e, quando votou, Kevinn estava com muita falta de ar e precisou ser transferido para o Himaba.
"Ele deu líquido em volta do pulmão. Falaram que tinham que transferi-lo para cá e que tinham que intubá-lo. Saíram de Cachoeiro às 22h30. Chegaram aqui no Himaba de Vila Velha e meu sobrinho ficou na ambulância de meia-noite até às 4 horas da manhã. Não podiam ter socorrido meu sobrinho?", lamentou a familiar.
Ainda em estado de choque e chorando muito, a mãe do jovem falou sobre as últimas palavras ditas pelo filho antes de morrer. Segundo a diarista Suzana Belo da Silva, de 42 anos, o adolescente implorou pela vida.
"Ele disse, aos prantos: ‘mãe, eu estou sentindo uma coisa estranha no peito, acho que vou morrer hoje, não me deixa morrer'".
Depois de confirmarem a morte do rapaz, a família foi à 1° Delegacia Regional de Vitória, onde registrou, na manhã deste sábado (30), uma ocorrência contra o Hospital por negligência.
Por meio de nota, a Polícia Civil confirmou o registro do boletim na Delegacia e informou que o caso vai ser transferido para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que vai ser responsável pelas investigações do caso.
O diretor-geral do Himaba, Fabio Diehl, afirmou que o hospital estava pronto para receber o paciente. Por isso, está sendo feita uma apuração para investigar o ocorrido.
“Nós tínhamos os médicos, os profissionais da enfermagem, os insumos, os aparelhos e o principal, que era a vaga garantida. O primeiro passo foi o afastamento dos profissionais envolvidos no plantão de ontem na emergência. Fizemos um boletim de ocorrência para levarmos às autoridades competentes o fato para uma investigação e também acionamos o nosso conselho de ética médica para levar a denúncia ao Conselho Regional de Medicina”, disse.
Em nota, a Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim informou que o município tomou todas as providências no caso, atendendo o paciente no pronto atendimento e garantindo todo o suporte pré-hospitalar.
"A transferência e regulação do paciente é feita pela central de vagas da Secretaria de Estado da Saúde, que direciona para o hospital onde há vaga disponível. Quanto ao quadro clínico do paciente, o sigilo médico impossibilita a divulgação dessa informação", disse.
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