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Cidades

86% querem reatar relação com familiares após brigas

Pesquisa feita pela Universidade Vila Velha revela que disputas dividem famílias, mas maioria quer um Natal sem confusão


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Milhares de lares brasileiros se preparam para celebrar uma das datas mais especiais do ano: o Natal. O dia tradicionalmente é marcado pelas celebrações em família. Só que nem todas as famílias estão em clima de união.

Isso foi o que revelou uma pesquisa realizada pelo Laboratório de Pesquisa da área de Humanas da Universidade Vila Velha (UVV) em parceria com o jornal A Tribuna. Mas 86% dos entrevistados sonham reatar a relação com familiares após brigas.

Imagem ilustrativa da imagem 86% querem  reatar relação com familiares após brigas
Karla Cardozo diz que os conflitos podem fazer com que as pessoas se sintam incompreendidas |  Foto: Kadidja Fernandes/AT

A maioria das desavenças, segundo demonstrou o levantamento, perduram entre um e cinco anos (51,4%). No último ano, 31,1% dos entrevistados tiveram desentendimentos familiares.

O dinheiro ocupa o topo dos motivos das rupturas familiares, com 100% dos respondentes queixando-se como principal motivo do conflito. Em segundo lugar vem a disputa por bens e herança (62,2%), seguido de problemas entre irmãos sobre os cuidados dos pais (55,7%).

A polarização política, que domina o País, aparece na pesquisa, com 53,8% alegando que os conflitos políticos foram um dos causadores do desentendimento.

A psicóloga Ana Angélica Effgen Wernesbach analisa que questões financeiras, por exemplo, como dívidas, disputas sobre heranças, ou a distribuição de bens, podem gerar ressentimentos e divisões duradouras. “A falta de transparência ou um desequilíbrio na divisão de recursos muitas vezes leva a brigas que prejudicam as relações familiares”.

O coordenador da pesquisa, o professor da UVV Fabrício Azevedo, analisa que o convívio familiar pode ser extremamente sensível.

“Muitas vezes, a grande dificuldade é dizer não em algumas situações, que podem ocasionar essas brigas. Normalmente, elas são mais intensas e duradouras do que brigas contra pessoas com quem não há relacionamento”.

Na avaliação da psicóloga Karla Cardozo, esses conflitos podem fazer com que as pessoas se sintam incompreendidas ou até atacadas, o que agrava a situação.

“A falta de um diálogo construtivo e a incapacidade de lidar com as emoções de forma saudável tornam a reconciliação mais difícil. As famílias devem buscar um espaço seguro para expressar seus sentimentos, e que haja um esforço para compreender os pontos de vista uns dos outros”.

Maioria se desentendeu com os pais ou irmãos

As principais desavenças familiares, ao contrário do que muitos podem pensar, foram ocasionadas entre irmãos, pais e filhos, segundo revelou a pesquisa. Dos entrevistados, 84% estão brigados com os irmãos e 68% com os pais.

A psicóloga Karla Cardozo destaca que conflitos entre pais, filhos ou irmãos geralmente surgem quando há expectativas não correspondidas, má comunicação ou até feridas emocionais acumuladas ao longo do tempo.

“Laços de sangue criam uma conexão biológica, mas a manutenção da relação exige diálogo, empatia e respeito mútuo. Quando esses pilares falham, é possível haver rupturas, especialmente se houver mágoas intensas ou desentendimentos recorrentes”.

A advogada Valéria Silva, especialista em Direito das Famílias e Sucessões, lembra um caso envolvendo a disputa por herança entre irmãos.

“Inicialmente, havia grande animosidade devido a diferenças sobre a divisão de bens. Após sessões de mediação bem conduzidas, as partes conseguiram chegar a um acordo justo e também restabelecer uma convivência amigável, reconhecendo a importância da relação familiar acima dos bens materiais”.

“Esses casos reforçam que, embora o sistema judicial esteja preparado para resolver disputas, o verdadeiro ganho ocorre quando as partes conseguem reconstruir suas relações fora do tribunal”, afirma Valéria.

Saiba mais sobre a pesquisa

Metodologia

Elaborada em parceria entre o Laboratório de Pesquisa da área de Humanas da UVV e A Tribuna, a pesquisa foi feita entre os dias 9 e 12 deste mês. Foram entrevistadas 325 pessoas pela internet, sendo a maioria da Grande Vitória, com idades entre 17 e 20 anos (14,2%), 21 e 30 (48%), 31 e 40 (26,2%) e acima de 40 (11,7%)

Respostas

1 - Você está brigado com algum familiar?

SIM: 84%

NÃO : 16%

2 - Com quem brigou?

Pais: 68%

Irmãos: 84%

Sogros: 16,3%

Cunhados: 52,9%

Noras/genros: 16%

Tios: 6,8%

Sobrinhos:  4,3%

3 - Por qual motivo brigaram?

Dinheiro: 100%

Disputa por bens ou heranças: 62,2%

Conflitos políticos:   53,8%

Problemas com familiares do cônjuge (sogro, sogra, cunhados):   35,4%

Problemas entre irmãos sobre o cuidado de pais:   55,7%

Diferenças de valores e de estilos de vida:   4,3%

Conflitos entre padrastos, madrastas e enteados:   6,8%

Por causa de uso de drogas e bebidas: 16,3%

4 - Há quanto tempo estão brigados?

Há menos de 1 ano:  31,1%

Entre 1 e 5 anos :51,4%

Entre 5 e 10 anos:   6,8%

Há mais de 10 anos:   10,8%

5 - Você já tentou uma reconciliação?

SIM - 89,2%

NÃO - 10,8%

6 - Gostaria de se reconciliar?

SIM - 86,8%

NÃO - 13,2%

7 - Quais são os maiores desafios que você enfrenta para se reconciliar?

Medo de ser rejeitado: 11,1%

Dificuldade em perdoar:   25,8%

Falta de confiança:   32%

Medo de uma nova briga:   31,1%

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