'Xinxa da Cebola' levava pasta base de cocaína de SP para o sertão, diz PF
De acordo com a investigação da PF, o grupo utiliza empresas de fachada para movimentar o dinheiro ilícito
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A Polícia Federal prendeu na quarta-feira, 31, o empresário Xinxa Goes Siqueira, conhecido como "rei da cebola", por decisão do juiz Jandercleison Pinheiro Jucá, da Vara Criminal de Salgueiro (PE). Ele é investigado por suposta lavagem de dinheiro, agiotagem, extorsão e sonegação fiscal. Os documentos dos autos, obtidos pelo Estadão, apontam ainda que há transações financeiras suspeitas e indícios de tráfico de drogas e porte ilegal de armas.
O inquérito foi aberto a partir de uma denúncia sobre suposto tráfico de drogas envolvendo o empresário que, segundo documentos, estaria utilizado caminhões de suas empresas para transportar pasta base de cocaína de São Paulo para região de Salgueiro.
Até a publicação deste texto, o Estadão buscou contato com a defesa de Xinxa Goes Siqueira, mas sem sucesso. O espaço está aberto para manifestação.
O rei da cebola seria ainda o líder de uma organização criminosa que estaria lavando recursos provenientes de agiotagem, extorsão e sonegação fiscal. De acordo com a investigação da PF, o grupo utiliza empresas de fachada para movimentar o dinheiro ilícito, como a Meta Empreendimentos e Serviços de Locação e a Essencial Transportadora LTDA. "Ambas apresentam cadastro de menos um e zero para funcionários cadastrados, respectivamente. Por esses dados há fortes indícios de que são empresas de fachada", citaram os investigadores no documento.
Para a PF, a vida de ostentação que o rei da cebola demonstrava, inclusive, pelas redes sociais, não tem compatibilidade com o que, de fato, recebe por meio das empresas líticas. "Foi constatado que Xinxa possui um padrão de vida incomum que compreende imóveis e carros de luxo (apartamento em uma cobertura da Avenida Boa Viagem, no Recife, carros de luxo - Ferraris, BMWs), e que tal patrimônio não encontra suporte nas empresas das quais é sócio", relatou a PF nos autos. As investigações continuam. De acordo os autos, há pontos ainda que a Polícia Federal precisa esclarecer.
No pedido de prisão preventiva contra o empresário, o delegado da PF Orlando Cavalcanti Neves Neto cita que o rei da cebola estaria coagindo testemunhas para atrapalhar as investigações. "Haja vista que a imposição de outras medidas cautelares diversas da prisão é insuficiente e inadequada para garantia da ordem pública, da conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal, uma vez que ficou demonstrado nos autos que o investigado, mesmo diante da prisão temporária, continua se articulando para coagir testemunhas, destruir provas e ocultar bens, com grande prejuízo para a investigação em andamento", citou o delegado.
No documento da PF, há ainda citação para um suposto envolvimento do empresário em homicídio. De acordo com a PF, a suspeita ocorre depois de uma interceptação telefônica entre o rei da cebola e um possível empregado chamado Pacheco. "Ainda durante a análise, verifica-se uma conversa entre Xinxa e Pacheco em que eles conversam sobre a possibilidade de matar alguém", diz trecho do documento.
Em outra ligação ficou constatado que o rei da cebola possui suposto vínculo com Policiais Militares e Policiais Penais, "que fariam sua segurança pessoal, inclusive com escolta para transporte de dinheiro em espécie". A PF cita no documento ainda não identificou quem são os policiais.
Outra ligação telefônica citada envolve uma suposta negociação para compras de armas de fogo. No diálogo mencionam que descobriram um clube em João Pessoa (PB) em que "o cara" aplica descontos em pagamentos à vista. Na conversa, há citação de uma arma do modelo glock por R$ 7,7 mil e uma metralhadora por R$ 8,8 mil.
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