Viúva de policial morto na operação do Rio pediu ‘sinal de vida’ ao marido durante os confrontos
Jéssica Amaral, viúva do policial Heber Carvalho da Fonseca, um dos quatro agentes mortos na operação policial contra lideranças do Comando Vermelho no Rio de Janeiro na última terça-feira, 28, publicou nas redes sociais o trecho de uma conversa com o marido momentos antes de ele morrer no confronto com os criminosos.
Na foto, o diálogo mostra Jessica preocupada ainda na parte da manhã de terça, quando as incursões foram realizadas. As primeiras mensagens foram enviadas às 10h10, já durante a operação.
“Você está bem? Deus está te cobrindo. Estou orando”, escreveu Jéssica. Cerca de 50 minutos depois, às 10h57, ele responde: “Estou bem. Continua orando.”
Estas foram as últimas mensagens do policial à esposa. Na sequência, às 10h59, ela retornou com um “Te amo” e, pouco depois, às 11h03, voltou a escrever para o marido: “Cuidado pelo amor de Deus. Muitos baleados.”
Heber não responde. Cerca de uma hora meia depois, às 12h37, Jessica mandou novas mensagens para Heber. “Amor. Me dá sinal de vida sempre que puder”, enviou.
Diante do silêncio do marido, a mulher começou a fazer ligações. Foram pelo menos quatro entre 13h33 e 13h36.
Na publicação, Jessica ainda escreveu sobre a foto da conversa: “E você não falou mais. E agora o que vou falar p Sofia? (sic)”.
Nesta quarta-feira, 29, a mulher também fez um desabafo sobre a morte do marido. “Outubro, mês de aniversário da minha filha. E, para o resto da vida ela vai lembrar do paizinho dela”, diz em outra publicação.
“Ele (Heber) dizia que tinha uma senha em suas mãos, toda vez que perdia um colega. Que o dia que acontecesse com ele, iria fazendo o que mais amava. E a gente nunca acredita, (mas) esse dia chegou”, acrescentou.
Heber Carvalho da Fonseca tinha 39 anos e era sargento do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Segundo o governo do Rio de Janeiro, ele foi atingido durante o confronto e levado para o Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu.
O sargento Cleiton Serafim Gonçalves, de 42 anos, também do Bope, e os policiais civis Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, 51, e Rodrigo Velloso Cabral, 34, foram os outros três agentes que morreram nas incursões, realizadas nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio.
Batizada de Contenção, a operação contou com 2,5 mil agentes e causou a morte de ao menos 121 pessoas, além da prisão de outras 113, conforme dados divulgados pelo governo fluminense. Já a Defensoria do Rio afirma que o total de óbitos foi de 132.
Na terça, o governo divulgou que 64 pessoas tinham morrido na operação, sendo quatro policiais - o dado foi corrigido para 58 posteriormente. Nesta quarta, porém, dezenas de corpos foram localizados em uma região de mata e levados para Praça São Lucas, no complexo da Penha, durante a madrugada e o início da manhã. Segundo moradores, alguns dos corpos estavam amarrados e apresentavam marcas de faca.
De acordo com o governo, 118 armas foram apreendidas na operação, incluindo 90 fuzis, 26 pistolas e um revólver. Drogas também foram localizadas, mas a gestão de Claudio Castro (PL) afirmou que a quantidade dos entorpecentes ainda estava sendo contabilizada.
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