Super El Niño e as mudanças para o verão no Brasil
Aquecimento do Pacífico atinge maior patamar desde 2016. Especialista aponta como será a estação em todas as regiões do País
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As águas do Oceano Pacífico atingiram o maior patamar de aquecimento desde 2016, de acordo com o relatório mais recente da Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), divulgado na segunda-feira (27). A publicação monitora semanalmente a evolução do El Niño.
O relatório aponta que o Niño 3.4 registrou alta de 2,1ºC.
A região é a faixa do Pacífico Equatorial Centro-Leste usada como uma das principais referências para as análises e previsões relacionadas ao El Niño.
No El Niño de 2015-2016, última vez que o fenômeno aconteceu de forma tão intensa, foi registrado um pico de 2,6ºC de aquecimento.
Não há consenso entre os meteorologistas e climatologistas para a definição de um Super El Niño. O fenômeno é caracterizado pelo aquecimento maior ou igual a 0,5ºC das águas do Oceano Pacífico.
O El Niño acontece com frequência a cada três a cinco anos. A duração média é de 12 meses, causando impacto direto no aumento da temperatura global.
De acordo com Ana Lúcia Frony, meteorologista e sócia-fundadora do Climate Change Channel, esse El Niño pode ser considerado um Super El Niño.
Segundo Frony, é o mais forte já registrado por medidas de satélite desde 1982 e, além das altas temperaturas do oceano, as imagens nunca mostraram uma região tão larga atingida pelo fenômeno.
“É o mais intenso quando a gente fala de temperatura e em questão de extensão no mar também é maior em comparação aos demais anos da série histórica”, analisa.
O meteorologista do Climatempo, Vinícius Lucyrio, afirma que, no atual patamar, é possível considerar este El Niño como muito intenso. Alguns especialistas consideram o Super El Niño quando há um aquecimento de mais de 2ºC nas águas do Oceano Pacífico.
Diante do fenômeno, além do excesso de chuva no Sul do Brasil, que ainda será observado no verão, e da redução da chuva na Região Norte, que vai atrasar a recuperação do nível de água dos rios, e da diminuição da chuva no período chuvoso do norte do Nordeste, outro efeito é alterar a distribuição da chuva sobre o Sudeste e Centro-Oeste.
Vinícius explica que o verão 2023/2024 será marcado por pancadas de chuva geradas pelo calor e alta umidade, e não por grandes e persistentes áreas de instabilidade. “Este tipo de chuva não cai sempre no mesmo local. Num dia chove forte em uma cidade e no outro na cidade vizinha, a 50 km de distância”.
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O que é o El Niño
Ocorre quando as águas da superfície do Pacífico Equatorial se tornam mais quente do que a média e os ventos de Leste sopram mais fracos do que o normal na região. Os episódios de El Niño, normalmente, ocorrem a cada três a cinco anos.
Super El Niño
Alguns especialistas consideram o Super El Niño quando há um aquecimento de mais de 2ºC nas águas do Oceano Pacífico. Não há um consenso entre os especialistas.
Sudeste do Brasil
Com pouca chance de formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), a chuva deste verão no Espírito Santo e nos demais estados do Sudeste do Brasil vai depender principalmente do calor, que provoca as pancadas de chuva até de forte intensidade, mas que atingem pequenas áreas.
Este tipo de chuva tem grande variabilidade temporal e espacial. Eventuais passagens de frentes frias pela costa do Sudeste vão ajudar a distribuir melhor a chuva.
Região Norte e Nordeste
Para a Região Norte, a previsão é de que a chuva no verão 2023/2024 continue abaixo da média na maior parte da região. Pode chover um pouco acima do normal no oeste do Amazonas, no Tocantins, mas só em fevereiro e março.
A porção norte do Nordeste, onde normalmente a chuva aumenta no verão, poderá ter chuva abaixo da média e temperaturas acima do normal, causando deficiência hídrica. Neste cenário, a tendência é de agravamento da seca.
Centro-Oeste
A expectativa para o verão no Centro-Oeste é de chuva muito irregular e abaixo da média em Mato Grosso, principalmente no oeste do estado, incluindo áreas do Pantanal.
A partir de janeiro, a chuva deve ficar entre a média e um pouco acima em Goiás e no Distrito Federal.
Região Sul
A chuva da primavera de 2023 causou muitos danos para a população, na economia e infraestrutura em estados como Rio Grande do Sul e Sana Catarina. Com várias cheias de muitos rios, cidades ficaram praticamente submersas e grandes erosões foram observadas.
O Sul do País terá um “alívio” nas catástrofes em janeiro e em fevereiro do próximo ano.
Fonte: meteorologista Vinícius Lucyrio
Dióxido de carbono em alta concentração, revela NASA
A Agência espacial norte-americana (Nasa) divulgou um vídeo na segunda-feira (27) em que mostra a evolução do aquecimento da Terra desde o século 19.
Na produção feita pela Nasa, é possível visualizar a distribuição global e a variação da concentração de dióxido de carbono durante as décadas. A observação de tais variáveis foi possível através de um sondador infravermelho atmosférico (Airs), que está acoplado na nave espacial Aqua.
Nos últimos 20 anos, é possível ver um aumento contínuo de dióxido de carbono, mudando a cor do mapa para tons mais quentes, como vermelho e amarelo.
Há também uma variação sazonal do gás carbônico no hemisfério norte, que mostra um maior aumento de crescimento de plantas dada pela primavera.
“Isso que está acontecendo agora é só uma amostra do que pode acontecer no futuro. E mostra como nós não estamos preparados para enfrentar esses eventos extremos”, alerta José Marengo, climatologista e coordenador geral de pesquisa e desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Abril
Sobre o Super El Niño, com a tendência de alta na temperatura do oceano, as previsões mais recentes indicam que o fenômeno deve durar ao menos até abril do próximo ano.
O pico do fenômeno deve ser observado entre a segunda quinzena de dezembro e a primeira quinzena de janeiro. De acordo com o meteorologista Vinícius Lucyrio, depois de atingir seu ápice, o El Niño deve continuar forte até o fim de fevereiro e perder intensidade entre abril e maio.
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