Sete dicas para fazer suas resoluções de ano novo (e cumpri-las ao longo de 2026)
Para especialistas, o problema não está na falta de força de vontade. Mas sim de como foi organizada essa mudança
Todo janeiro começa igual: você promete mudar, faz diversos planos para o novo ano, mas chega dezembro e nada saiu do papel. Em cidades como São Paulo, onde o tempo parece mais curto ainda - pelo trânsito, trabalho, compromissos e cansaço -, planejar o ano vira mais um desafio.
Infelizmente essa não é uma experiência individual. Estudos mostram que poucas pessoas são realmente fiéis às suas resoluções de ano novo. A Universidade de Edith Cowan, na Austrália, descobriu que mesmo com as melhores das intenções, a maioria desiste dos seus projetos no primeiro mês.
Já outro estudo, norte-americano, publicado na PubMed, acompanhou 200 pessoas durante dois anos para entender melhor essa dificuldade. O resultado? 77% se mantiveram no plano por uma semana; apenas 19% foram fiéis aos seus planos pelos dois anos.
Para especialistas, o problema não está na falta de força de vontade. Mas sim de como foi organizada essa mudança. “O planejamento, normalmente, não é prioridade e com isso as pessoas entram em um ciclo de frustração para o resto da vida”, afirma a gestora de projetos Ana Laura Lobo.
Primeiro passo: as listas
Faça uma lista sem julgamentos de tudo que você quer fazer no ano que vem - desde coisas pequenas até projetos maiores. Nesse primeiro momento, não é preciso detalhar: apenas coloque no papel tudo o que vier à cabeça. O resultado tende a ser uma lista grande, que será deixada de lado temporariamente.
Depois, volte a ela com mais calma e defina prioridades. Mesmo que tudo pareça importante, a realidade impõe limites: entre trabalho, deslocamentos e horas de sono, sobra pouco tempo para os projetos pessoais. Ana Laura Lobo sugere dividir as metas em três grupos: as urgentes, as que podem ser agendadas e as importantes, mas que podem ficar para outro momento.
Caia na realidade
“Na virada de ano, a gente tem uma falsa percepção de que existe um eu do passado e um eu do futuro que está pronto para cumprir aquilo que eu nunca consegui por anos”, explica a cientista comportamental Giu Tessitore.
Revisite o seu passado para entender o que está funcionando na sua vida atualmente, o que vale a pena continuar e o que você quer parar. Algumas pessoas usam ferramentas como a Roda da Vida para avaliar diferentes áreas, mas o mais importante é aprender com a própria experiência.
Apesar da sensação de recomeço, a rotina conturbada continuará existindo. Por isso traga as metas para sua realidade. “Se eu quero me tornar fluente em francês, por exemplo, isso significa o que no meu dia a dia? Ouvir podcasts nessa outra língua, fazer aula com um professor, comprar um livro didático, ler algo nessa língua 20 minutos depois do meu almoço. Eu tenho tempo pra isso? Eu tenho dinheiro pra isso?”, exemplifica ela.
Mude de rota
Os neurocientistas explicam que o cérebro tende a resistir a mudanças. Existe um pico de animação, mas, diante das primeiras dificuldades, a tendência é recuar. Saber disso ajuda a insistir um pouco mais antes de desistir.
Caso os obstáculos persistam, vale ajustar o plano. “Entenda se realmente essa mudança traz mais problemas do que solução. Além de avaliar os seus limites e ter certeza que aquilo faz sentido para você”, diz Ana.
O autoconhecimento vai ser a chave para entender também maneiras de te ajudar a vencer os obstáculos. Será que você está postergando apenas porque está cansada, por falta de dinheiro ou por algum medo de falhar?
“A gente se frustra quando não cumpre exatamente o que planejou, mas o planejamento é um rascunho. Ele pode e deve ser repensado”, lembra Giu. Não cumprir um prazo não significa fracasso, apenas necessidade de ajustes.
Melhor feito do que perfeito
Frustrações fazem parte do processo, seja por não cumprir todas as metas ou por priorizar uma área da vida em detrimento de outra. “A rotina perfeita é a boa o suficiente. Ela tem muito a ver com a aproximação entre aquilo que eu me planejei a fazer e o que eu realmente consegui executar”, resume Giu.
No entanto, muitas vezes colocamos mais tarefas do que nosso dia pode suportar. Com a semana praticamente preenchida por outras tarefas da vida, é preciso entender que talvez seja preciso focar em uma meta de cada vez. “E isso é extremamente difícil para a gente, porque queremos tudo para ontem. É preciso paciência”, opina Ana.
Erros comuns
- Se comparar demais com os outros. Na era das redes sociais, a sensação de inadequação é intensificada a cada postagem. Para muitos jovens, metas parecem inatingíveis, então nem se tenta.
- Escolher muitas metas para o seu ano. Quanto menos compromissos, menores as chances de frustração.
- Não entender quais são os seus limitadores. Querer usar menos o celular, mas deixá-lo ao lado da cama, por exemplo, torna a mudança mais difícil.
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