Sergipe suspende uso de reconhecimento facial após abordagem errada da PM
Personal trainer abordado pelos policiais denunciou o ocorrido nas redes sociais
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O governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD), suspendeu, nesta segunda-feira (15), o uso da tecnologia de reconhecimento facial feito pela Polícia Militar (PM).
Suspensão ocorreu após relato de abordagem errada feita por policiais a torcedor em jogo de futebol. O político lamentou o episódio e determinou o cancelamento imediato da ferramenta. Segundo o governo, fato semelhante já havia acontecido no Pré-Caju, uma das micaretas mais populares do Brasil.
"Lamento a falha na ferramenta de reconhecimento facial ocorrida durante final do Campeonato Sergipano. Reconhecemos a importância da tecnologia para a segurança pública e, devido ao ocorrido, determinei a suspensão do uso do sistema até que novo protocolo seja implantado", disse Fábio Mitidieri, em seu perfil, nas redes sociais.
"Esta é uma ferramenta tecnológica nova, que ajuda a combater o crime, porém, levando em conta o episódio que também tivemos no Pré Caju, entendemos que seria melhor a suspensão", acrescentou.
Denúncia foi feita por personal trainer e torcedor nas redes sociais. João Gabriel Lima foi até o estádio acompanhar à final do campeonato sergipano, entre Confiança e Sergipe, no último sábado (13). (Assista ao relato completo abaixo)
No intervalo da partida, o rapaz de 23 anos relata ter sido abordado por agentes militares. Ele foi conduzido pelos policiais para uma sala, revistado e questionado. Outra pessoa filmou a ação, enquanto o jovem era levado pelos policiais.
Lima publicou essas imagens nas redes com o seguinte desabafo. "Parece um delinquente, um foragido, mas esse aí sendo conduzido pela polícia sou eu", iniciou.
"Deu o intervalo do jogo e eu me sentei pra mexer no celular, 5 minutos depois cinco policiais vieram e eu dei passagem, pra um lado, eles vieram em minha direção mais ainda e deu passagem pro outro lado achando que eles queriam passar, até que o primeiro pegou no meu braço e disse pra eu não reagir me "convidando" pra acompanhá-los com as mãos para trás, como mostra no vídeo. Fiquei altamente constrangido, tentando esconder meu rosto, não sabia o que fazer, pois tava a torcida do confiança INTEIRA me olhando, conhecidos e desconhecidos", começou João Gabriel Lima, em relato que viralizou nas redes sociais.
"Ao descer as escadas, já no gramado, o policial perguntou o meu nome. Quando falei, percebi um pouco de surpresa e falei que, se não fosse João Antônio, que eles tivessem procurando, ele me respondeu que 'iríamos ver jaja'. Me levaram pra uma sala e antes de entrar ele disse pra quando chegar, sentar e colocar a mão no joelho, a sala tava cheia e fui levado pra uma espécie de auditório", prosseguiu.
"Perguntaram o meu nome: 'a última chance de você dizer a verdade, pois você foi reconhecido por um sistema de reconhecimento facial que dificilmente erra'. Disse o nome novamente, dei a carteira, ele viu o RG, perguntou nome, nome da mãe, abri minha CNH digital, disse meu endereço completo, data de nascimento e CPF. Quando viram no sistema deles e confirmaram que foi engano, pediram desculpas, disseram que era procedimento padrão, que outro torcedor nesse mesmo dia foi pego de forma correta e me liberaram", finalizou.
Parece um delinquente, um foragido, mas esse aí sendo conduzido pela polícia SOU EU.
— Simplesmente João Antônio (@joantoniotb) April 15, 2024
Sábado na final do campeonato sergipano passei uma uma situação que nunca imaginei que fosse possível e venho com vergonha e indignação compartilhar para que algo aconteça e isso não se repita.+ pic.twitter.com/bDsSZSGM75
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