‘RH’ do Comando Vermelho: quem eram os chefes do tráfico alvos de megaoperação no Rio
 
	A investigação e denúncia do Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro à Justiça, que embasou a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha na última terça-feira, 28, detalhou os cargos e a hierarquia dos membros do Comando Vermelho (CV) que atuam na região, considerada uma das principais bases da facção criminosa.
Apesar de ter investigado e denunciado 69 membros do CV, o MP não participou da operação, que se tornou a mais letal da história do Rio, com ao menos 121 mortos, e foi realizada pelas polícias Civil e Militar. De acordo com o procurador-geral de Justiça do Estado, Antônio José Campos Moreira, o MP investigará as ações das polícias e está acompanhando o trabalho de reconhecimento dos corpos.
Síndico e Gardenal: homens de confiança de Doca
Abaixo de Doca e Pedro Bala, estão, segundo as autoridades, Washington Cesar Braga da Silva, o Grandão ou Síndico da Penha, de 35 anos, e Carlos Costa Neves, o Gardenal, de 30 anos, que seria também um dos comandantes da expansão da facção sobre áreas de milícia na zona oeste, em guerra que se arrasta há cerca de três anos e já deixou dezenas de mortos.
Os dois são descritos na denúncia como “os homens de maior confiança de Edgar Doca”. “Eles ostentam a função de gerente-geral do complexo da Penha”, diz o documento. Entre as atividades, estão ordens sobre a venda de drogas, determinar escalas de plantão nas bocas de fumo e pontos de monitoramento e contenção (segurança armada, inclusive na mata).
Uma conversa obtida pela investigação mostra Síndico determinando que os membros da facção não portassem fuzis e não consumissem bebidas alcoólicas durante um baile para os moradores da Penha. “Outra função exercida por ele é organização dos pagamentos dos traficantes locais.”
Além de gerente-geral, a investigação mostra que Gardenal é responsável por liderar a expansão violenta e criminosa do Comando Vermelho na região de Jacarepaguá. Ele também atua na organização do poder bélico do CV e orienta traficantes sobre a compra de armas e drones de vigilância.
“Em diversas fotos vindas da quebra da telemática, é possível verificar que ele ostenta armamentos de alto calibre, bem como lida com vasto montante de dinheiro, vindo, principalmente, do tráfico ilegal de drogas e atividades criminosas adjacentes. Ele ostenta carros de luxo e vistosas joias”, diz a denúncia.
Segundo os promotores, “em meio a gritos implorando por perdão”, o rapaz alvo das agressões cita o nome de BMW várias vezes, enquanto o traficante “faz piada do sofrimento alheio, debochando da vítima agonizante.” Uma imagem anexada à denúncia mostra que a tortura estava sendo transmitida em vídeo. O rosto de Gardenal, vulgo Deus, aparece como sendo o telespectador do crime.
“(BMW) goza de prestígio e atua em alta posição hierárquica dentro do Comando Vermelho. Ele atua na área operacional, na liderança de um grupo violento que emprega armas de fogo de grosso calibre em suas ações e atua com violência extrema contra rivais”, dizem os promotores.
Juan BMW ascendeu no Comando Vermelho, o que lhe rendeu, segundo a denúncia, autonomia para autorizar entregas de dinheiro para liberar traficantes aliados detidos por outros grupos. “O crescimento do denunciado provoca, por óbvio, maior arrecadação financeira de sua parte. De tal modo, há indícios de que ele utilize de empresas de fachada para lavagem de dinheiro”, aponta.
Ele também tem a função de treinador dos soldados do tráfico, em função da “larga experiência no emprego de armas de grosso calibre”.
 
		
		 
         
                                    
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