Quem é o delegado da PF preso por suspeita de ligação com o Comando Vermelho
Menos de seis meses após ser homenageado pela Câmara Municipal de Nilópolis, na Baixada Fluminense, pelo “compromisso e dedicação” no combate ao crime, o delegado da Polícia Federal Gustavo Stteel foi preso na quarta-feira, 3, acusado de fornecer informações sigilosas da polícia à facção criminosa Comando Vermelho. Ele foi detido na própria delegacia em que trabalhava, no aeroporto do Galeão, na zona norte do Rio.
Na mesma operação foi preso o então deputado estadual Thiago Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, ele era suplente e o deputado titular reassumiu.
A reportagem tenta localizar as defesas do delegado e de TH Joias.
Stteel é professor de Direito Constitucional, tem pós-graduação e extensa carreira policial. Nas redes sociais, ele esbanja luxo, como relógios de alto padrão (o modelo que ele exibe com mais frequência é um Rolex GMT-Master II, avaliado em aproximadamente R$ 100 mil), óculos escuros (sua coleção inclui modelos das marcas Louis Vuitton, Gucci e Oakley e é avaliada em mais de R$ 8 mil), bebidas (como espumantes da Bottega e vinhos da Famille Perrin, cujos rótulos ultrapassam R$ 300) e viagens para Nova York, Bariloche e Angra dos Reis.
Há uma semana, ao compartilhar nas redes sociais o pedido de casamento que fez à namorada, Stteel publicou uma foto da mão dela com um anel confeccionado por TH Joias, o deputado preso. “Diamantes para sempre”, afirmou, na legenda.
O delegado também exibe nas redes sociais fotos das homenagens recebidas pelos bons serviços prestados no combate ao crime. Em 24 de março passado, a Câmara Municipal de Nilópolis emitiu uma moção de congratulações e aplausos “pelo excelente trabalho em reconhecimento ao seu compromisso e dedicação na condução das atividades de segurança, fiscalização e combate ao crime no âmbito aeroportuário”.
Em junho de 2022, foi a Câmara Municipal de Volta Redonda que homenageou o policial, concedendo a ele a Medalha Getúlio Vargas do Mérito Legislativo.
A operação
A operação em que Stteel, TH Joias e outras pessoas foram presas chama-se Zargun e foi promovida pelo Ministério Público Federal (MPF) e pela PF para desarticular facção criminosa especializada no tráfico internacional de armas e drogas e apurar a infiltração de integrantes desse grupo na administração estadual do Rio de Janeiro, com o objetivo de garantir impunidade e acesso a informações sigilosas.
A pedido do MPF, o Tribunal Regional Federal da 2.ª Região expediu 14 mandados de prisão preventiva, 17 mandados de busca e apreensão, 8 de afastamento de servidores públicos do cargo e 2 de suspensão de atividades de empresas envolvidas, além do sequestro de bens e de valores que somam R$ 40 milhões. Entre os mandados de prisão preventiva, três determinaram a transferência emergencial de integrantes da facção para presídios federais de segurança máxima.
A principal atividade do grupo investigado consistia na importação de armas do Paraguai e de equipamentos anti-drone da China e revenda para integrantes de facções no Rio de Janeiro, além do tráfico de drogas. Os crimes investigados incluem formação de organização criminosa, tráfico internacional de armas, tráfico de drogas, contrabando e corrupção.
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