Qual é o tamanho do ‘exército’ do PCC no Paraguai, na Venezuela e na Bolívia?
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Um levantamento do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) mostra que há pelo menos dois mil integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) no exterior e, depois do Brasil, a maior parte da facção está no Paraguai, na Venezuela e na Bolívia.
O grupo criminoso surgiu há pouco mais de três décadas em presídio de Taubaté, no interior paulista, e atualmente está presente em todos os países da América do Sul, além dos Estados Unidos, México, Espanha, Turquia e até Japão.
Ao todo, são 28 países com faccionados, que atuam dentro e fora de presídios, conforme mostra o relatório. O documento foi divulgado inicialmente pelo portal g1e obtido pelo Estadão.
Segundo o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-SP, a presença massiva em nações vizinhas se deve sobretudo a questões logísticas – são locais, diz ele, com geografia estratégica para o tráfico.
“(A presença de integrantes) Facilita o contato e (a definição de) rotas com países produtores de cocaína”, afirma Gakiya. Investigações apontam que a cocaína exportada pelo PCC para outros continentes vem principalmente de Bolívia, Peru e Colômbia.

Quais países, fora o Brasil, têm mais integrantes do PCC?
- 1º - Paraguai, com 699 faccionados;
- 2º - Venezuela, com 656;
- 3º Bolívia, com 146.
Somado ao Brasil, são ao todo cerca de 40 mil “soldados” da facção criminosa. Os ganhos chegam a US$ 1 bilhão por ano (cerca de R$ 5 bilhões), conforme estimativa do MP-SP, e o carro-chefe é o tráfico internacional de cocaína.
Entre os principais destinos da droga, estão países de África, da Europa e até da Ásia - como já mostrou o Estadão, localidades desse último continente entraram na rota do tráfico nos últimos anos pela possibilidade de alavancar os lucros com a venda da cocaína.
Na Europa, Portugal tem a maior quantidade de membros (87), seguido de Espanha (26) e França (11). Nos Estados Unidos, que já incluíram o PCC em uma lista de sanções contra o narcotráfico no mundo, há 15 integrantes. E no Japão, ao menos três.
O mapeamento foi feito no fim de 2023 com base em informações obtidas por meio do monitoramento de membros que compõem as chamadas sintonias (alto escalão) da facção. Segundo Gakiya, ele tem sido utilizado em encontros com consulados e embaixadas para buscar cooperações internacionais.
No mês passado, Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, foi preso ao tentar renovar sua identidade boliviana usando documento de identidade falso em Santa Cruz de La Sierra. A suspeita é que os principais líderes do PCC nas ruas estejam vivendo no país vizinho.
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