Professoras relatam pânico em zona de megaoperação no Rio: ‘Escutando tiros até ainda há pouco’
“Os tiros começaram, pelo que ouvi, às 5 horas da manhã, mas teve gente que falou que começou às 4 e pouca da manhã. Estava escutando os tiros até ainda há pouco, agora está parando. Mas dá um pouquinho (de tiro) e depois para. De manhã estava demais, com barulho de bomba e tudo. Algumas casas foram destruídas com bombas. Cenário de guerra”, relata a professora Suellen Gomes, de 30 anos, que mora na região.
A docente dá aula de Português em uma escola da região do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, e conta que a unidade de ensino não abriu nesta terça-feira. “A escola nem abriu. Nenhuma escola na região abre quando tem operação. A que dou aula fica na entrada da favela”, relata.
Ela diz que o clima na região é de tensão. Segundo Suellen, o comércio local está fechado e as ruas estão com pouca ou quase nenhuma movimentação.
Ao menos 60 suspeitos e 4 policiais morreram nesta terça-feira, durante uma megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha contra o Comando Vermelho (CV). A facção reagiu e lançou bombas por meio de drones, o que transformou a região em um cenário de guerra, com reflexos em importantes vias da cidade, como a Avenida Brasil e a Linha Amarela. A operação foi a mais letal da história do Estado do Rio de Janeiro.
No total, cerca de 2,5 mil policiais civis e militares participaram da ofensiva. No Alemão e na Penha, 48 escolas tiveram as atividades afetadas.
Lohane Neves do Nascimento, de 29 anos, que também é professora, estava passando pela Linha Amarela, uma via expressa da capital, que foi fechada de forma intermitente. “Eu estava indo para a Barra. Do nada, fechou e começaram a vir policiais tanto de carro como a pé. Quando passei e entrei no túnel, eles (os policiais) estavam revistando um carro branco com dois caras dentro”, conta a professora.
“Fiquei apavorada. Estava de Uber. O pessoal começou a sair do carro e dar meia volta, helicóptero sobrevoando”, completa.
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