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Brasil

Professoras relatam como foi momento do ataque a creche em Santa Catarina

Ataque ocorreu no momento em que 25 crianças se reuniam no pátio para uma roda de conversa sobre a Páscoa.


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Imagem ilustrativa da imagem Professoras relatam como foi momento do ataque a creche em Santa Catarina
Creche foi atacada por um homem de 25 anos e quatro crianças foram mortas |  Foto: Eduardo Valente/Secom Santa Catarina

O ataque ao centro educacional Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), na quarta-feira (5), ocorreu no momento em que 25 crianças se reuniam no pátio para uma roda de conversa sobre a Páscoa. Ficou na memória da professora Suelen dos Santos uma das últimas frases de Bernardo Pabst da Cunha, uma das vítimas do massacre.

"Estávamos falando que a gente deve amar o nosso coleguinha. O meu Bernardo, uma das últimas coisas que ele disse foi que a gente não pode bater no coleguinha porque o papai do céu fica triste."

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Funcionários da creche se reuniram neste sábado (8), por iniciativa da escola, para uma entrevista coletiva na qual relataram o que viram durante o ataque à escola.

A professora Cleusa Davi disse que ao ver um homem pular de capacete o muro da escola pensou se tratar de um assaltante em fuga de um posto próximo à creche. "Foi questão de segundos e já ouvimos os gritos."

A dona da escola, Alcolides Ferreira, disse que imediatamente começou a orientar para que as crianças fossem levadas para salas. "Mandei todos irem para o banheiro, porque tem janela alta, mais segura que as nossas salas, com vidraças baixas. Foi a primeira coisa que pensei. A lavação [banheiro] também é uma sala grande, não tem janelas grandes e tem chaves."

Na quarta, dia do ataque, a professora Simone Aparecida Camargo disse à Folha  de S.Paulo que trancou diversas crianças no banheiro para protegê-las do ataque -a docente não esteve na entrevista deste sábado.

Já a faxineira Franciele Ferreira contou que professoras tiraram a blusa para tentar estancar o sangue de algumas das crianças feridas. "Tinha várias crianças feridas, a gente fez tudo o que a gente pode."

"Como eu queria que aquilo estivesse em um quadro negro, que pudesse ir lá e apagar", disse Alcolides Ferreira.

A coletiva foi transmitida por sites regionais e revoltou Bruno, pai de Bernardo Cunha, uma das vítimas do massacre. Ele saiu de casa e foi até a creche se queixar da exposição sobre os detalhes do crime.

"Meu trabalho, para sustentar um pouco da minha esposa, por causa de uma pergunta aqui, ela teve que ir buscar um posto de saúde. Uma informação que saiu daqui, ela falou: 'Meu Bernardo sofreu'", disse ele.

"Eu tinha dito para ela que, pela pancada, ele não sentiu. Foi muito rápido. E agora ela ficou sabendo que tentaram estancar o sangue. E todo trabalho que eu tive com ela ao longo desses dias, se foi por causa de uma pergunta idiota", disse ele.

A coletiva foi acompanhada por pais de algumas das crianças feridas no ataque. Fábio Santos, pai de Samuel Lorenzo, fez questão de dizer que todas as professoras eram heroínas. "Aqui nós temos heroínas, mulheres que podiam ter perdido suas vidas naquele momento... Nossos filhos que sobreviveram são heróis."

O grupo participa neste sábado de uma caminhada pela paz no centro da cidade. A retomada das atividades da creche ainda está indefinida. A administração do centro educacional quer apoio do poder público para detalhar como se dará o reinício das atividades.

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