Procurador-geral de Justiça lamenta ‘todas as mortes’ e diz que MP irá investigar megaoperação no RJ
O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Antônio José Campos Moreira, lamentou todas as mortes registradas durante a megaoperação contra o Comando Vermelho. Segundo balanço do governo, 121 pessoas morreram. A Defensoria Pública afirma que são ao menos 132.
Moreira também afirmou que o Ministério Público irá investigar as ações e acompanha o trabalho de reconhecimento dos corpos. “Temos o dever de apurar todos os fatos com rigor sem estabelecer premissas. O MP lamenta profundamente o número de mortes. Todas as mortes. Sobretudo, em especial, aos quatro policiais”, afirmou.
Muro do Bope e dinâmica da operação
Mais cedo, a cúpula da segurança pública do Rio deu detalhes da operação. Um dos diferenciais, segundo o comando da PM, foi a montagem do “Muro do Bope”, linha de contenção formado por agentes de segurança para empurrar os bandidos para o topo do morro.
Especialistas apontaram “lambança operacional” da ofensiva policial, que teve alto número de mortes, causou pânico nas comunidades e levou transtornos a outros pontos da cidade. O número supera o do massacre do Carandiru.
O governador Cláudio Castro (PL), por sua vez, classificou a operação como um “sucesso” e disse que as únicas vítimas foram os quatro policiais que morreram baleados nos confrontos.
Conforme Menezes, a estratégia tinha “objetivo claro: proteger a população de bem que mora naquela região.” Ainda segundo ele, “a grande maioria dos confrontos, quase a totalidade, se deu na área de mata. E a opção pelo confronto se deu pelos marginais, pelos narcoterroristas. Aqueles que quiseram ser presos, foram presos, basta os senhores avaliarem o grande número de presos nessa operação.”
Ainda de acordo com o secretário da PM, a operação teve 60 dias de planejamento. O Estado diz que a estratégia foi necessária para avançar sobre um território dominado pelo crime organizado. O CV chegou a usar drones com bombas na reação, o que expõe o crescente poder bélico dos traficantes.
O governo do Estado reclamou de falta de apoio federal na ação, mas o Ministério da Justiça e da Segurança disse que não foi chamado para essa operação.
“Não fomos comunicados de que seria deflagrada neste momento. Houve um contato anterior, do pessoal da inteligência da Polícia Militar com a nossa unidade no Rio para ver se haveria alguma possibilidade de atuarmos em algum ponto neste contexto’, disse Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal.
Fila de corpos
A operação foi a mais letal da história do Estado. Moradores do Complexo da Penha, na zona norte carioca, um dos locais onde houve a operação, levaram ao menos 60 corpos para a Praça São Lucas durante a madrugada e o início da manhã desta quarta-feira, 29.
“Ninguém nunca viu no Brasil o que está acontecendo aqui”, disse Jéssica, uma moradora. Ela estava no meio da multidão que tentava identificar as vítimas. “Ninguém nunca viu no Brasil o que está acontecendo aqui”, afirma Jéssica. Os corpos estavam amarrados, tinham marcas de facadas. A reportagem presenciou ao menos um corpo decapitado.
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