Mulher que estava com parente morto em banco tem problemas psiquiátricos, diz filho
Érika está presa desde a última semana por suspeita de vilipêndio a cadáver e furto mediante fraude
Escute essa reportagem
A família de Paulo Roberto Braga, 68, e de Erika de Souza Vieira Nunes, 43, se pronunciou sobre o caso do idoso que, já morto, estava frente a atendentes de um banco no Rio de Janeiro para retirada de um empréstimo de R$ 17 mil. O homem estava acompanhado de Erika, sua parente, que foi presa em flagrante por suspeita de vilipêndio a cadáver --tratar de maneira desrespeitosa o corpo-- e furto mediante fraude.
Em depoimento ao programa Fantástico, da Rede Globo, neste domingo (21), os familiares defendem Erika e, além disso, dizem que ela tem problemas psiquiátricos. Segundo um dos membros da família, antes de sair de casa em direção ao banco, por volta de 12h20 ou 12h25, o homem estava vivo.
Lucas Nunes dos Santos, um dos filhos de Erika, afirmou que a mãe tem histórico de tentativas de suicídio. Relatórios médicos apresentados ao Fantástico pela família apontam que houve pedidos de internação psiquiátrica em 2022 e 2023 por dependência de medicamentos. Também se fala em alucinações.
Ana Carla de Souza Correa, advogada de Erika, declarou ao Fantástico que a parente de Paulo estava em negação, dentro do banco, da possibilidade de que o homem estivesse realmente morto.
Lucas disse que a mãe criou seis filhos e nunca roubou ou enganou ninguém. "Minha mãe ensinou o caminho que é correto", disse. "Nossa vida é muito bem encaminhada e nossa mãe foi nossa maior inspiração."
"Eu gostaria que as pessoas fossem mais sensíveis com a situação que estamos vivendo. Estamos enfrentando a perda do nosso tio e esse grande mal-entendido com a nossa mãe", disse Lucas.
O delegado Fábio Souza, que investiga o caso, afirma, na reportagem do Fantástico, que Paulo saiu de casa e chegou ao shopping vivo.
Imagens mostradas pelo Fantástico mostram Erika segurando a cabeça de Paulo na fila de espera do banco. Também mostra a mulher encostando a própria cabeça na cabeça do homem. Ela aparenta falar com ele em determinado momento.
O corpo de Paulo foi sepultado no final da manhã de sábado (20) no Cemitério de Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Entenda o caso
Na terça-feira (16), Erika foi presa em flagrante em um banco ao tentar sacar um empréstimo de R$ 17 mil com Paulo em uma cadeira de rodas.
Um vídeo flagrou o momento em que Erika tentava fazer o idoso, que não tinha reação, assinar o documento. A gravação foi feita por uma gerente do Itaú Unibanco.
Como ele estava sem reação, funcionários do banco desconfiaram da situação e chamaram o Samu, que confirmou que o homem estava morto. O corpo foi levado para o Instituto Médico-Legal.
A defesa de Erika afirma que Paulo estava vivo quando chegou ao banco.
Eles chegaram ao banco às 13h02, conforme o relógio das câmeras de segurança, e a equipe do Samu foi chamada às 15h, segundo o boletim de ocorrência.
Ao analisar as imagens, a polícia constatou que a mulher chegou ao local em um carro de aplicativo. O motorista, que foi chamado a depor, ajudou Erika a colocar Paulo em uma cadeira de rodas. O motorista diz que foi chamado às 12h26 de terça (16) e que o idoso já não andava. "Um homem segurava um braço, e Erika, outro", disse em depoimento à Polícia. Para entrar no carro, uma das filhas de Erika segurou as pernas.
Ele então a deixou no estacionamento do Shopping, onde ela pediu uma cadeira de rodas. Esse estabelecimento fica do lado do banco.
Imagens também mostram ela circulando pelo shopping com o idoso, que nas imagens não aparenta estar se mexendo. Imagens de câmeras de rua de Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, e do banco Itaú mostram Paulo chegando à agência com a cabeça tombada e aparência apática.
Comentários