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Brasil

Morre adolescente indígena de 15 anos estuprada no Amapá

Após o abuso sexual, vítima foi afogada na lama de uma área de pântano


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Imagem ilustrativa da imagem Morre adolescente indígena de 15 anos estuprada no Amapá
Em nota, a APOIANP pediu à Justiça e aos órgãos competentes "ações necessárias para que o culpado seja devidamente punido" |  Foto: Reprodução/Instagram/ Luene Karipuna/Apoianp

A adolescente indígena Maria Clara Batista Vieira, 15, morreu neste domingo (17) em um hospital em Caiena, capital da Guiana Francesa, após ser estuprada e quase afogada em lama, em uma área de pântano no município de Oiapoque, na região de fronteira no norte do Amapá. A vítima era do povo karipuna e vivia na aldeia do Manga.

O crime ocorreu na quarta-feira (13). Cláudio Roberto da Silva Ferreira, 43, foi preso por suspeita de ser o autor do crime. Segundo a polícia, ele foi encontrado quando tentava fugir para o Pará.

Após a prisão, moradores tentaram invadir a delegacia para agredi-lo. A Polícia Civil não informou se ele apresentou advogado nem o que alegou em defesa própria ao ser preso.

Maria Clara foi levada em estado grave para o Hospital Estadual de Oiapoque e teve de ser transferida para tratamento na Guiana Francesa, depois de contrair infecção pulmonar por ingerir lama durante o afogamento, segundo a APOIANP (Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará).

De acordo com a Polícia Civil, o suspeito já tinha histórico criminal por suspeita de estupro, no ano passado. Ele foi encaminhado para o Iapen (Instituto de Administração Penitenciário do Amapá) e poderá responder pelas acusações de estupro e feminicídio, segundo o delegado Charles Corrêa, de Oiapoque.

"Ele estava em uma embarcação pesqueira próximo ao oceano, em direção ao Pará. Interceptamos o barco e o prendemos", disse o delegado.

Um vídeo de circuito de segurança, disponibilizado pela Polícia Civil, mostra Ferreira sujo de lama, minutos após o crime, se limpando em uma torneira, na calçada de um estabelecimento comercial.

As imagens ajudaram na identificação dele. Próximo ao local do crime, outra câmera registrou a adolescente, também suja de lama, cambaleando e buscando ajuda.

Em nota, o Governo do Amapá informou que a Secretaria de Estado de Relações Internacionais entrou em contato com o Itamaraty, ainda no domingo, para tratar o translado do corpo. O Executivo estadual classificou o caso como "um crime bárbaro de feminicídio que deixa todo o povo amapaense consternado" e se solidarizou com a família, o povo karipuna e todos os indígenas.

O governador Clécio Luís (Solidariedade) manifestou indignação sobre o caso em mensagem nas redes sociais. "Quero deixar meu repúdio por mais uma vítima de violência contra a mulher. Precisamos unir forças para combater este tipo de crime."

Coordenadora da Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) do Amapá e Norte do Pará e ex-secretária dos Povos Indígenas, Simone Karipuna lamentou a morte da adolescente, que pertencia à mesma etnia que ela.

"Maria Clara não era minha parente de sangue, mas eu sofro igual a um familiar por ser indígena e da mesma etnia. Ela era uma menina ainda se tornando mulher e teve a vida tirada por um monstro. A revolta fica dentro da gente. Agora ficamos preocupadas para que essa violência não ocorra com outras meninas indígenas", disse.

Em nota, a APOIANP pediu à Justiça e aos órgãos competentes "ações necessárias para que o culpado seja devidamente punido". O CCPIO (Conselho de Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque) manifestou solidariedade ao povo karipuna, familiares e amigos de Maria Clara.

O crime contra a adolescente ocorreu na semana em que mulheres indígenas dos seis biomas brasileiros se reuniram em Brasília para a 3ª Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília. O ato pede o fim da violência contra os povos originários, principalmente do gênero feminino.

A marcha contou com a participação das ministras Sônia Guajarara (Povos Indígenas), Cida Gonçalves (Mulheres), Marina Silva (Meio Ambiente), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Luciana Santos ( Ciência e Tecnologia), que debateram políticas públicas para combater a violência contra meninas e mulheres indígenas.

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