Médico possivelmente confundido com miliciano visitava o Rio pela 1ª vez
Polícia trabalha com a hipótese de execução e também investiga a possibilidade de Perseu Ribeiro Almeida ter sido confundido com um miliciano
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O ortopedista Perseu Ribeiro Almeida, 33, um dos médicos assassinados a tiros na madrugada desta quinta-feira (5), estava no Rio de Janeiro pela primeira vez, para participar de um congresso na sua área de atuação, que acontece no hotel Windsor Barra, no bairro da zona oeste.
Por volta da 1h, Almeida estava com três amigos, também médicos, quando foi alvo de um ataque a tiros.
"Perseu estudou a vida toda, era uma pessoa esforçada", disse o cunhado de Almeia, o administrador Hugo Dantas, na porta do IML (Instituto Médico Legal), para onde os corpos das vítimas foram levados.
"É a primeira vez que ele veio ao Rio", afirmou Dantas. "Era uma pessoa que vivia para trabalhar e para estar perto da família. Foi estudar em Salvador, se especializou lá, fez uma pós-graduação em São Paulo e voltou para Bahia, para ficar com a família", conta.
Almeida era pai de dois filhos, um garoto de 11 anos e uma menina de 3. Ele morava em Jequié, no interior da Bahia, município ao lado de sua cidade natal, Ipiaú.
Formado em Medicina pelo Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia, ele era especialista em cirurgia do pé e tornozelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
A polícia trabalha com a hipótese de execução e também investiga a possibilidade de Perseu ter sido confundido com Taillon de Alcantara Pereira Barbo, 26, acusado pelo Ministério Público estadual de integrar a milícia de Rio das Pedras.
O miliciano foi preso em novembro de 2020 e condenado a 8 anos e 5 meses de prisão. Em março deste ano, foi para prisão domiciliar e, há dez dias, progrediu para liberdade condicional. A investigação que levou à prisão dele é um desdobramento da Operação Intocáveis, que tinha como alvo o ex-policial militar Adriano da Nóbrega, ligado à família do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A suspeita da polícia sobre a confusão dos assassinos se deve à semelhança física entre Taillon e Perseu. Ambos costumavam usar cabelo raspado, com sinais iniciais de calvície, barba e óculos. Além da semelhança, outro fator que contribui para a suspeita é que Taillon tem duas residências vinculadas ao seu nome na avenida Lúcio Costa em local próximo ao quiosque em que aconteceu o crime.
Além de Perseu, outros dois médicos também morreram: Diego Ralf de Souza Bomfim, 35, e Marcos de Andrade Corsato, 62. Daniel Sonnewend Proença, 32, foi baleado na perna e levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca.
Bomfim é irmão da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e também cunhado de Glauber Braga (PSOL-RJ) -que é casado com Sâmia.
Ambos parlamentares são do PSOL, partido da vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros no Rio em 2018.
Imagens de câmeras de segurança mostram que os quatro médicos estavam sentados em uma mesa do quiosque quando três homens, vestidos com roupas pretas, desceram de um carro branco parado do outro lado da via e começaram a atirar no grupo.
Após balearem os quatro ocupantes da mesa, os criminosos voltaram correndo para o veículo e foram embora sem roubar nada.
As imagens mostram também que outros clientes do quiosque testemunharam o ataque e saíram correndo para não serem feridos.
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