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Brasil

Lula fala em ameaça extremista e reforça bandeiras no G20 Social

O discurso foi feito durante o encerramento do G20 Social, evento promovido pelo Brasil junto com movimentos sociais


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Com colaboração da Agência Brasil

Imagem ilustrativa da imagem Lula fala em ameaça extremista e reforça bandeiras no G20 Social
Em seu pronunciamento, o presidente defendeu, também, que o G20 discuta medidas que permitam reduzir o custo de vida e que promovam “jornadas de trabalho mais equilibradas”. |  Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O presidente Lula afirmou neste sábado (16) no Rio de Janeiro que os países do G20 devem discutir medidas para impedir que o extremismo político não ameace direitos. O discurso foi feito durante o encerramento do G20 Social, evento promovido pelo Brasil junto com movimentos sociais antes da realização da Cúpula do Chefes de Estado do grupo, marcado para segunda (18) e terça-feira (19), também no Rio de Janeiro.

Lula fez eco ao documento final do G20 Social e alertou para o que considera uma ameaça do avanço do extremismo no mundo. "[O G20] Precisa preservar o espaço público, para que o extremismo não gere retrocessos nem ameace direitos. Precisa se comprometer com a paz, para que rivalidades geopolíticas e conflitos não nos desviem do caminho do desenvolvimento sustentável", afirmou.

O presidente também reforçou sua posição histórica pela reforma do Conselho de Segurança da ONU, um dos focos do Brasil durante sua presidência do G20.

"O mundo gastou no último ano US$ 2,4 trilhões em armamento. E não gastou quase nada para dar comida para as pessoas tomarem café da manhã, almoçar e jantar. Só há uma possibilidade de evitar os conflitos. É dar importância ao Conselho de Segurança da ONU, e a gente ter mais representatividade."

O presidente voltou a defender também o financiamento internacional para a preservação da floresta amazônica. Ele citou a realização da conferência do clima da ONU em 2025 em Belém (PA).

"Vamos ter a COP30 no Pará. Todo mundo, no mundo inteiro, fala da Amazônia. A gente vai na Alemanha e falam da Amazônia, África do Sul fala da Amazônia, EUA falam da Amazônia, Argentina fala da Amazônia, México fala da Amazônia. Agora chegou a hora da Amazônia falar para o mundo o que nós queremos", afirmou.

"As pessoas têm que saber que embaixo de cada copa de árvore tem um ser humano, tem um pescador, um seringueiro, um indígena, um pequeno trabalhador rural, um extrativista. As pessoas têm que saber que, para que a gente possa proteger a nossa floresta, esse povo tem que comer. E para ele comer, os países ricos têm que ajudar a financiar a proteção das nossas florestas.

Em seu discurso aos cerca de 2.500 integrantes de movimentos sociais na zona portuária carioca, Lula lembrou ainda o Fórum Social Mundial, evento que fazia contraponto ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, mas que perdeu protagonismo ao longo dos anos.

"O Fórum Social Mundial teve um problema. A gente juntava muita gente do mundo inteiro, fazia muita discussão, mas voltava para casa sem saber o que fazer no dia seguinte. E a gente só era chamado para fazer outro fórum no ano seguinte. Era muita discussão, caderno, panfleto. Até que isso cansou e as pessoas resolveram parar de participar", disse ele.

"O G20 Social não pode parar aqui. Vocês estão fazendo a abertura de uma luta que vocês terão que dar sequência nos próximos 365 dias do ano."

A manhã de encerramento do G20 Social foi marcada por confusão de informações sobre o acesso ao Armazém 3. Do lado de fora, uma multidão de participantes formou fila para entrar, enquanto o armazém, com 2.500 lugares, tinha cerca de metade deles vazio. O número de cadeiras vazias precisou ser recontado durante o evento para liberar o acesso.

Funcionários da organização não sabiam dizer como e onde eram entregues as credenciais para a cerimônia. Muitos acessaram sem a pulseira necessária. Na entrada do armazém havia um ponto de revista com detectores de metal.

No microfone também houve sinais trocados. O ministro Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) pediu que ninguém saísse. A orientação era aguardar o presidente dentro do armazém. Logo depois, um dos mestres de cerimônia liberou a circulação dos presentes antes da chegada de Lula, que saía de uma reunião com o secretário-geral da ONU, António Guterres, no Forte de Copacabana.

A declaração final do G20 Social foi lida por Mazé Morais, representante da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura). Antes, Oliver Röpke, presidente do Comitê Econômico e Social Europeu, falou em inglês, com falhas na tradução simultânea pelos fones de ouvido.

O G20 Social foi organizado pela Secretaria-Geral da Presidência em parceria com movimentos sociais. É a primeira vez que ele é organizado em paralelo ao encontro das maiores economias do mundo, este ano presidido pelo Brasil. A África do Sul, que vai coordenar os trabalhos do grupo ao fim da Cúpula dos Chefes de Estado, afirmou que pretende manter o evento para a próxima edição.

De acordo com Macêdo, 47 mil pessoas participaram dos mais de 200 debates realizados no Boulevard Olímpico e dos shows do Festival Aliança Global contra a Fome.

Jornada de trabalho

Em seu pronunciamento, o presidente defendeu, também, que o G20 discuta medidas que permitam reduzir o custo de vida e que promovam “jornadas de trabalho mais equilibradas”.

“Vou levar as recomendações contidas na declaração final que vocês me entregaram aos demais líderes do G20 e trabalhar com a África do Sul para que elas sejam consideradas nas discussões do grupo”, garantiu.

E acrescentou: “Espero que esse pilar social do G20 continue nos próximos anos, abrindo cada vez mais nossas discussões para o engajamento da cidadania. Essa cerimônia de encerramento marca o começo de uma nova etapa, que exigirá um trabalho contínuo durante os 365 dias do ano e não só às vésperas das reuniões de líderes.”

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