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Brasil

Livro defende que arte das escolas de samba é a maior do Brasil, equiparada à música


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O arquiteto Miguel Pinto Guimarães havia acabado de encerrar uma entrevista transmitida ao vivo pela internet com o carnavalesco Leandro Vieira, detentor de três títulos na disputa entre as escolas de samba do Rio de Janeiro (em 2016 e 2019 pela Mangueira e 2023 pela Imperatriz) em 21 de agosto de 2020, em meio à pandemia de covid-19, quando recebeu um telefonema. Era sua amiga crítica de arte Luisa Duarte sugerindo que Miguel tinha de produzir um livro sobre os principais carnavalescos do País.

Quatro anos e meio depois, foi lançado no Rio de Janeiro na semana passada Pra Tudo se Acabar na Quarta-feira, que reúne biografias de 17 carnavalescos, escritas por 14 autores, e mais de 200 fotos dos desfiles das escolas de samba do Rio.

“Acho aquela arte que se faz ali (nos desfiles) a maior arte que se faz no Brasil, tão importante quanto a nossa música”, afirma Miguel, fã incondicional das exibições das escolas de samba desde que desfilou pela primeira vez, aos oito anos, em 1983, pela Portela.

“O artista do carnaval talvez seja o maior artista brasileiro, com peculiaridades inacreditáveis: esse espetáculo é pensado por uma pessoa ou uma equipe, executado por centenas de pessoas, performado por milhares de pessoas e dura 70 minutos, depois disso desaparece. Essa arte é absolutamente efêmera, não sobrevive em imagem, em vídeo, em museu, porque todo registro é sempre muito aquém do que acontece na avenida”, diz.

Miguel argumenta que uma fantasia exposta em um museu tem impacto muito diferente da mesma peça vista durante o desfile, quando está sendo usada por uma pessoa e faz parte de uma encenação que é impossível de reproduzir numa exposição, porque envolve música, plateia e até o clima, já que o desfile acontece em área aberta, sujeito à chuva.

Como não sobrevive em um espaço tradicional de exposição, a arte carnavalesca “é considerada uma arte menor, uma arte popular. O establishment das artes plásticas nunca considerou o carnaval, com pouquíssimas exceções”, afirma Miguel, ressaltando o preconceito que havia com a arte carnavalesca e tem sido combatida neste século.

Em seu texto de apresentação do livro, ele relembra que o artista plástico Hélio Oiticica (1937-1980) foi proibido de entrar no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio, durante uma exposição da qual ele fazia parte, em 1965, acompanhado de integrantes da Mangueira para apresentar suas criações que chamou de Parangolés. “Oiticica e os integrantes da Mangueira que vestiram e deram vida aos Parangolés foram expulsos do MAM em mais um episódio em que o establishment e os tradicionais espaços expositivos explicitavam a sua repulsa à arte popular do carnaval. Mesmo quando elaborada por um dos seus”, escreve o arquiteto.

Só 18 anos depois a arte carnavalesca conseguiu ingressar em um espaço das artes plásticas tradicionais, quando o carnavalesco Fernando Pinto expôs na Galeria de Arte de Cesar Aché, em Ipanema, seu carnaval campeão de 1983 pela Mocidade Independente de Padre Miguel com o enredo Como era verde o meu Xingu.

“Esse livro tem o objetivo de colocar (a arte carnavalesca) na prateleira junto com o que o Brasil faz de melhor, com a nossa música, nossa pintura, nossa escultura, nosso modernismo”, diz.

A partir da sugestão de Luisa, Miguel reuniu um grupo de experts nos desfiles para decidir quais carnavalescos seriam biografados. Inicialmente pretendiam escolher dez, passaram a 15 e por fim 17. Cada integrante desse grupo escolheu quem iria biografar, e depois outros autores foram convidados para completar o grupo de perfis.

Os carnavalescos retratados são:

  • Fernando Pamplona (por Leonardo Bruno)
  • Arlindo Rodrigues (por Felipe Ferreira e Ricardo Lourenço)
  • Júlio Mattos (por Eduardo Gonçalves)
  • Joãosinho Trinta e Laíla (por Aydano André Motta)
  • Maria Augusta (por Flávia Oliveira)
  • Fernando Pinto (pelo próprio Miguel Pinto Guimarães)
  • Rosa Magalhães (por Fábio Fabato e Helena Theodoro)
  • Max Lopes (por Marcelo Pires)
  • Renato Lage (por Daniela Name)
  • Alexandre Louzada (por João Gustavo Melo)
  • Oswaldo Jardim e Milton Cunha (por Bruno Chateaubriand)
  • Paulo Barros (por Marcelo de Mello)
  • Leandro Vieira (por Helena Theodoro)
  • Gabriel Haddad e Leonardo Bora (também por Leonardo Bruno)

Outro objetivo do livro foi reunir imagens de arte dos desfiles. “Tive muito a preocupação de fazer um livro de arte, que passasse minimamente as emoções que a gente vive naquela arena”, diz. As fotos foram selecionadas em diversas fontes, como o acervo do jornal O Globo, a Liga das Escolas de Samba e registros feitos pelo próprio Miguel e por fotógrafos independentes.

Publicado em edição bilíngue pela editora Capivara, o livro de 386 páginas está à venda pelo preço sugerido de R$ 190.

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