Laudo descarta incêndio criminoso em caso de mulher que se pendurou no 12º andar para salvar família
A perícia no apartamento da advogada Juliane Suellem Vieira dos Reis, de 28 anos, que se pendurou no 12º andar do prédio em que mora em Cascavel (PR) para salvar a mãe e um primo de um incêndio em outubro, concluiu que as chamas não foram provocadas de maneira intencional por ação humana. O laudo, ao qual o Estadão teve acesso, aponta que o fogo teve início na cozinha do apartamento, mas não indica o que o provocou.
“Desta forma, conclui o perito que as chamas se originaram na cozinha, em seu terço anterior, próximo à geladeira e armários adjacentes, não sendo possível determinar a fonte de ignição que deu origem às chamas”, afirmou no laudo o perito Rodrigo Cavalcante de Oliveira Neves.
Segundo o documento, a hipótese de que o fogo tenha começado entre a geladeira e os armários é corroborada quando se observa a presença de fuligem intensa na região inferior da parede próxima à geladeira. Para o perito, isso sugere a propagação das chamas de baixo para cima.
Ele também aponta o “alto grau de formação por ação térmica na parte interna da geladeira e o alto grau de queima dos armários”. Na análise, a perícia concluiu ainda que o material combustível, que deu carga ao incêndio, foram o mobiliário da cozinha e da sala, cômodos que ficaram completamente destruídos.
De acordo com o laudo, não havia focos múltiplos de incêndio e não foram observados o uso de agentes acelerantes ou qualquer outro vestígio “que indique ação humana intencional como origem do sinistro”. O perito também não encontrou elementos elétricos que possibilitassem a análise de ocorrência ou não de curto-circuito.
Uma estimativa do Corpo de Bombeiros indica que a temperatura dentro do apartamento, que fica no 13º andar do prédio, chegou a 800ºC durante o incêndio.
Advogada segue internada
Na manhã de 15 de outubro, as chamas levaram a advogada Juliane Suellem Vieira dos Reis a se pendurar no suporte do ar-condicionado do 12º andar para salvar a mãe, Sueli Vieira dos Reis, de 51 anos, e o primo Pietro Dalmagro, de 4 anos. Os dois ficaram feridos, chegaram a ser internados, mas já receberam alta.
Juliane continua internada no Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Universitário (HU) de Londrina (PR), referência para esse tipo de tratamento no Paraná. A família proibiu que a assessoria do hospital informasse o estado de saúde de Juliane. Ela teve 63% do corpo queimado.
No incêndio, a família perdeu todos os pertences. Por conta disso, uma amiga de Juliane abriu uma vaquinha virtual para arrecadar dinheiro para ajudar nos custos de tratamento médico e na reconstrução da vida da família. Até a tarde desta quinta-feira, 27, a vaquinha havia arrecadado R$ 217,5 mil. A meta de arrecadação é de R$ 300 mil.
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