Justiça de SP solta professor que foi preso injustamente
Na ocasião, homem dava aula a 200 km do local onde crime foi registrado
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A Justiça de São Paulo decidiu pela libertação do professor de educação física Clayton Ferreira Gomes dos Santos, 40. Ele tinha sido detido na terça-feira (16), em São Paulo suspeito de participar de roubo e sequestro na cidade de Iguape, no litoral paulista, em 31 de outubro de 2023.
A mulher dele, porém, disse que ele estava dando aula na capital paulista no dia do crime. O advogado do professor, Danilo Reis, entrou então na Justiça com um pedido de habeas corpus para que ele fosse solto.
A direção da escola na qual Santos é professor disponibilizou um registro de frequência e uma declaração de horário de trabalho para comprovar que ele estava na unidade no dia e horário do crime. Apesar disso, o pedido de soltura inicialmente foi negado pela Justiça.
A defesa, porém, recorreu. O juiz então avaliou que além de documentos comprovarem que Santos dava aula no momento do crime, o reconhecimento por parte da vítima foi feito apenas com base em fotografia e não de forma presencial, por isso, decidiu autorizar que ele fosse solto.
A mulher do professor, Cláudia Gomes, 51, disse que ele recebeu na segunda (15) uma notificação da polícia para ir até uma delegacia em Sacomã, na zona sul de São Paulo. Ao chegar ao local na terça, foi preso.
Gomes disse que o marido pensou que a notificação era sobre um celular seu que tinha sido roubado anteriormente.
"E nesse celular estavam todos os dados dele, documentos nossos, comprovante de residência. Ele saiu mais cedo do trabalho e foi na delegacia na terça, mas chegou lá, algemaram ele e disseram que tinha uma prisão temporária por sequestro relâmpago em Iguape", afirmou ela.
De acordo com o boletim de ocorrência do caso, na manhã de 31 de outubro uma mulher de 73 anos foi sequestrada por duas mulheres na avenida Adhemar de Barros, no centro de Iguape, que a obrigaram a entrar em um Chevrolet Celta preto.
Um homem teria participado do crime dirigindo o veículo. Ainda segundo o registro policial, os criminosos obrigaram a mulher a sacar R$ 11 mil. O valor foi, depois, depositado em uma conta bancária. Após conseguirem o dinheiro, o grupo libertou a mulher e fugiu.
O crime só foi registrado no dia 3 de novembro de 2023, na delegacia de Iguape.
"Meu marido estava na escola, dando aula o dia todo no dia 31 do crime. A escola já disponibilizou o controle do ponto. Meu marido não sabe dirigir, não tem carteira de motorista, não temos carro e ele nunca esteve nessa cidade de Iguape", afirmou Gomes.
O professor, que dá aulas para o ensino fundamental e médio na Escola Estadual Deputado Rubens do Amaral, no Jardim da Saúde, em São Paulo, foi reconhecido por fotografia que estava em uma pasta na delegacia de Iguape, segundo a família.
"O delegado falou que a vítima reconheceu ele por uma foto, mas é antiga, de RG, ele nem estava de cabelo black power ainda. Tudo muito estranho, parece coisa de novela, mal explicado", disse a mulher.
"Por que não vieram para São Paulo investigar. Se ele devesse alguma coisa não teria ido até a delegacia. Mas ele é negro e negro nesse país não tem chance de se defender", afirmou Gomes.
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