Homenagem a corintianos mortos tem bateria, hinos e muita emoção
Cerimônia foi realizada na noite desta segunda-feira (21) em Pindamonhangaba, interior de São Paulo
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A homenagem aos torcedores do Corinthians mortos em acidente de ônibus na região metropolitana de Belo Horizonte reuniu centenas de familiares, amigos e membros de torcidas organizadas. A cerimônia foi realizada na noite desta segunda-feira (21) em Pindamonhangaba, interior de São Paulo, onde viviam três das sete vítimas.
Já era noite quando os corpos chegaram até o ginásio Professor Manoel César Ribeiro, local da cerimônia. O som intenso da bateria, acompanhado de hinos entoados pelos presentes, deu o tom da homenagem.
"É assim que ele desejava partir, de preto e branco e rodeado pela torcida em festa. Ele já me disse uma vez", relata Lucinne Costa, 26, sobre o marido Renan Wellington Barbosa, 32. "Ele era corintiano fanático e só usava a camiseta do time, para onde fosse".
Depois da efusiva recepção, a bateria silenciou para que todos pudessem se despedir. Faixas e bandeiras do Corinthians decoravam as paredes do ginásio. "A gente estava sempre junto, nos jogos e nos nossos encontros, então são irmãos nossos que se foram", disse Bruno Freitas, 44, líder da Gaviões no Vale do Paraíba, que de última hora desistiu de viajar para Belo Horizonte no fim de semana.
O grupo viajou até a capital mineira para assistir à partida do Corinthians contra o Cruzeiro no sábado. No início da viagem de volta, na madrugada seguinte, o motorista perdeu o controle e capotou o ônibus ao atingir um barranco. Havia 43 passageiros retornando a São Paulo, 36 ficaram feridos e sete morreram no local. Sete passageiros seguem internados --o motorista segue em estado grave.
Alguns torcedores que estiveram no acidente e foram à cerimônia nesta segunda, mesmo com alguns machucados, mas não quiseram dar entrevista por estarem muito abalados.
O autônomo Mateus Maciel, 47, era tio de uma das vítimas, Allan Aguiar, 31. "Ele viajava direto com a torcida e foi nesse jogo porque queria conhecer o Mineirão. Ele até mandou mensagem, dizendo que chegava às 15h de domingo, para almoçar com a família aqui em Pinda", conta.
A tia de Allan, Stefânia Maciel, 52, também participou do tributo ao sobrinho. "A paixão dele era o Corinthians, ia em quase todo jogo. Agora vai ser difícil assistir e saber que ele não está na arquibancada", disse.
Depois da homenagem, que durou cerca de uma hora, os corpos de Renan Wellington Barbosa e José Antônio da Silva, 50, foram levados para Taubaté, e de Rodrigo Lacerda de Barros, 32, para São Luiz do Paraitinga --os torcedores serão velados nas cidades em que moravam e enterrados na manhã desta terça (22). Entre os mortos no acidente, Andrew Nicolas Francisco, 32, foi o único que não participou da homenagem, e seguiu diretamente para o velório em São José dos Campos.
Os três torcedores que viviam em Pindamonhangaba serão velados coletivamente no ginásio da homenagem, e devem ser sepultados às 8h de terça no cemitério municipal da cidade. São eles Allan Aguiar, Hamilton dos Santos, 46, e Valderlei Simão, 41.
ÔNIBUS IRREGULAR
O ônibus que transportava torcedores do Corinthians estava irregular, segundo a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). Segundo o órgão, ônibus de placa LPH3885 não possui registro nem autorização para realizar o transporte interestadual de passageiros, "portanto a viagem é considerada irregular".
Segundo os bombeiros, o ônibus pertence a CFV Martins Transportes, com sede em Jacareí.
A reportagem ligou para a empresa, mas as ligações foram direcionadas para a caixa de mensagens. As mensagens de texto não foram respondidas.
A ANTT lamentou e se solidarizou com as famílias das vítimas do acidente. Disse ainda que fornecerá as informações às autoridades de segurança pública para apoiar as investigações.
O acidente ocorreu na altura do km 525 da rodovia Fernão Dias, na descida da serra.
O veículo capotou às 2h50, enquanto retornava para Taubaté, em São Paulo. No total, havia 43 passageiros, sendo que 36 ficaram feridos e sete morreram no local.
Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, antes de atingir um barranco e capotar, o condutor do veículo teria gritado que o ônibus estava sem freio. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) informou que a perícia técnica sobre o acidente seria realizada pela Polícia Civil ainda nesta segunda.
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