Como está equipe de remo 1 ano após acidente que matou atletas e treinador: ‘Modelo de formação’
Seguir remando sempre foi o lema do projeto Remar para o Futuro, mas, há um ano, a frase ganhou um novo significado. O acidente no retorno de uma competição em São Paulo, que tirou a vida de nove pessoas — entre elas sete jovens atletas, o técnico da equipe e o motorista da van — marcou profundamente o grupo e toda a comunidade esportiva na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul.
Nesta segunda-feira, 20, o trágico acidente na BR-376 completa um ano. Por isso, no domingo, 19, uma “remada da saudade” reuniu antigos e novos integrantes do projeto às margens do arroio Pelotas para homenagear os companheiros que partiram. Flores e balões brancos foram lançados na água, simbolizando a memória e o legado deixado por eles.
“Colocar os barcos na água foi a melhor maneira de homenagear essas vidas com o que eles mais gostavam de fazer e que fazia parte do dia a dia deles”, afirma Davi Rubira, ex-atleta e um dos técnicos responsáveis pelo Remar para o Futuro.

O evento também contou com a presença de familiares e amigos das vítimas, que compartilharam lembranças e agradeceram o apoio recebido ao longo do último ano. Brenda Madruga, atleta do projeto que havia retornado antes do grupo na viagem a São Paulo e perdeu o namorado Henry, se emocionou ao falar sobre a importância da iniciativa: “O Remar é muito além de um projeto social. Ele forma caráter, cidadãos de bem e te prepara para a vida. Somos uma família”.
O único atleta sobrevivente do acidente, João Milgarejo, hoje com 18 anos, disse que as homenagens trazem paz e ajudam a seguir em frente. “Isso me tranquiliza e me dá forças para continuar remando”, afirmou.

Relembre o acidente
O acidente aconteceu em Guaratuba (PR). De acordo com a Polícia Rodoviária Federal do Paraná (PRF), a colisão entre uma van e um caminhão foi registrada por volta das 21h40, no sentido sul da rodovia, na altura do km 665.
O impacto provocou a morte de nove pessoas:
- o treinador da equipe, Oguener Tissot, de 43 anos;
- o motorista da van, Ricardo Leal da Cunha, de 52;
- Samuel Benites Lopes, 15 anos;
- Henri Fontoura Guimarães, 15;
- João Pedro Kerchiner, 17;
- Helen Belony, 20;
- Nicole da Cruz, 15;
- Angel Souto Vidal, 16;
- Vitor Fernandes Camargo, 17.
O projeto Remar para o Futuro completa dez anos e já atendeu mais de mil jovens. Para o coordenador e um dos fundadores, Fabrício Boscolo, o caminho percorrido até aqui é motivo de orgulho. “Respeitando o passado, a gente está trabalhando no presente para entregar um modelo de formação que transcenda o esporte, que vá além das competições e impacte a vida dos jovens na sociedade”, afirma Fabrício.
No mês de outubro, os atletas voltaram a competir nacionalmente no Campeonato Brasileiro de Barcos Longos com uma delegação de onze atletas do projeto, a maior até então.
Segundo Fabrício, o projeto pretende abrir duas novas frentes de atuação em 2026, ampliando o alcance das atividades. Atualmente, o Remar para o Futuro conta com o apoio da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), do Pró-Esporte, programa do governo do Rio Grande do Sul, e de empresas privadas da região. O projeto também recebeu verba de R$ 754 mil do Ministério do Esporte para fortalecimento das ações.
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