Cerveja pode ser adulterada com metanol? Entenda riscos de intoxicação
Em meio à crise de intoxicações por metanol, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recomendou que a população evite o consumo de bebidas alcoólicas destiladas. Segundo o ministro, a adulteração é mais difícil de ocorrer em cervejas, diante da margem menor de risco.
Especialistas consultados pelo Estadão alertam, porém, que é possível falsificar bebidas fermentadas com a substância tóxica. Até o momento, o Brasil tem 59 casos notificados, ainda sob investigação. Entre esses, há 8 mortes.
“Para o adulterador não há limites, desde que haja lucro”, afirma Rodrigo Ramos Catharino, farmacêutico, doutor em Ciência de Alimentos e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O pesquisador explica que a escolha pelos destilados é motivada pelos preços e teores alcoólicos mais elevados, além de serem mais fáceis de adulterar do que as bebidas fermentadas. “Mas todo e qualquer produto alcoólico é viável”, avisa.
O farmacêutico-bioquímico do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Unesp, em Botucatu, Alaor Aparecido Almeida aponta que o metanol é adicionado para aumentar o volume da bebida. “Ele é usado para vender mais com um preço menor”, diz.
“O metanol costuma ser mais barato que o álcool, porque é mais fácil de produzi-lo. Eles escolhem geralmente destilados justamente por serem mais caros. Como a cerveja é relativamente barata, a chance é menor de ser adulterada”, avalia.
Presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Paulo Solmucci reforça a análise. “A cerveja tem valor muito baixo, é pouco rentável. Do ponto de vista da bandidagem, a vantagem é colocar volume em produtos de valor agregado mais alto (como uísque, gim e vodca)”, declarou.
Mas ele destaca que a entidade ainda não foi notificada de casos com vinho. “O que acontece é substituir um vinho caro por outro mais barato, mas não adulteração”, indica.
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