Brasileira processa TAP por tentativa de estupro em hotel após voo cancelado
Uma brasileira de 30 anos, engenheira e consultora na área ambiental, está processando a companhia aérea portuguesa TAP após sofrer uma tentativa de estupro no quarta de um hotel escolhido pela empresa para acomodar passageiros de um voo cancelado. O caso aconteceu em Paris, na França, no dia 31 de maio deste ano. Conforme a vítima, ela foi colocada para dormir no mesmo quarto com o suspeito, um homem também brasileiro, contra a sua vontade.
Procurada, a TAP não se manifestou até a publicação do texto. O brasileiro suspeito também não teve o nome informado e, por isso, não foi possível localizar a sua defesa. A pedido da advogada da brasileira, a identidade da vítima não será revelada.

A engenheira alega ainda que a companhia aérea buscou um acordo, no valor de R$ 5 mil - chegaram a oferecer inicialmente R$ 3 mil.
Passageira foi colocada em quarto com suspeito
Residente em Portugal, a brasileira estava de passagem por Paris no final de maio, quando o seu voo, operado pela TAP, precisou ser cancelado.
Como era por volta da 1h da madrugada, a companhia aérea portuguesa ofereceu aos passageiros a hospedagem de uma noite em um hotel na capital francesa. Mas, como não havia quartos suficientes para todos, a TAP informou que algumas pessoas teriam de compartilhar a hospedagem.
A brasileira relutou, mas acabou aceitando a condição. Ela foi colocada para dormir com uma passageira alemã e um homem brasileiro. A mulher alemã, segundo a engenheira, não quis ficar no quarto e retornou ao aeroporto ainda de madrugada, deixando a vítima e o suspeito sozinhos na hospedagem.
“Por volta das 5h da manhã, acordei com um homem nu deitado sobre mim, numa tentativa clara de estupro. Consegui me defender e ele saiu rapidamente do quarto”, informou a brasileira em um relato por escrito enviado pela defesa ao Estadão.
“Na mesma hora escrevi para a TAP pedindo ajuda. Nunca houve retorno, apoio ou qualquer ação para identificar o abusador”, acrescentou.
A brasileira entrou com um processo no Juizado Especial Cível no Brasil. “Nesta semana, recebi uma proposta de acordo da TAP no valor de R$ 5.000, sem pedido de desculpas, sem iniciativa de investigação, sem acolhimento. Apenas um valor para apagar a história da minha vida”, disse a brasileira no texto divulgado pela defesa.
A brasileira entende que a TAP precisa rever os protocolos e que não imponha mais uma condição semelhante aos seus passageiros.
“Até hoje não consigo acreditar que um advogado tenha lido meu caso e oferecido apenas R$ 5.000 como solução, sem qualquer ação concreta da companhia para investigar ou reparar o ocorrido”, afirmou. “Mais uma vez me senti desrespeitada e silenciada.”
Segundo a advogada Nathália Magalhães, os trâmites do processo, incluindo as audiências, já foram encerrados e agora aguardam a decisão da Justiça.
Ela também criticou a postura da empresa com o caso. “Inicialmente, a proposta foi de R$ 3 mil, e depois aumentaram para R$ 5 mil. Porém, a cliente não quis aceitar a proposta, e eu concordo com ela. Existem casos de cancelamento, atrasos de voo, extravio de bagagem em que o passageiro ganha muito mais do que isso”, afirmou a defensora.
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