Bombeiros localizam corpo de haitiano que é 9ª vítima da explosão em silo no PR
Corpo ainda não foi retirado por causa das condições do local e, segundo o Corpo de Bombeiros, não há previsão para o término da ação
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O corpo da nona vítima da explosão na unidade em Palotina (PR) da C.Vale foi localizado por volta das 15h desta segunda-feira (31), quase cinco dias após o início dos trabalhos de busca. O corpo ainda não foi retirado por causa das condições do local.
Segundo a empresa, a vítima é o trabalhador Wicken Celestin, de 55 anos, de origem haitiana.
O Corpo de Bombeiros disse que o trabalhador está no interior do túnel do silo 3. "Devido às condições do local, as equipes trabalham com muito cuidado para a retirada do corpo. Não há previsão para o término da ação. Uma maca modelo SKED está sendo enviada a Palotina. O equipamento é destinado ao resgate e salvamento de vítimas em ambientes de difícil acesso e espaços confinados", diz a nota.
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Em nota, a direção da C.Vale disse que "o resgate da última vítima foi finalizado com dor e que a explosão pegou em cheio o coração da cooperativa". A empresa também afirmou que, a partir de agora, vai "se concentrar em auxiliar as autoridades a identificar as causas do acidente".
Outros oito trabalhadores da cooperativa morreram na explosão -sete haitianos e um brasileiro, enterrados na sexta (28).
As causas da explosão, que ocorreu no final da tarde de quarta-feira (26), ainda estão sendo investigadas.
De acordo com a Prefeitura de Palotina, levantamento preliminar aponta que 196 imóveis na região foram afetados pela explosão. Há registros de vidros quebrados e rachaduras em forro, por exemplo, mas, segundo a prefeitura, não há danos considerados graves. Perícias devem ser realizadas nos imóveis para que haja um ressarcimento por parte da C.Vale.
O delegado Rodrigo Baptista disse nesta segunda-feira (31) que deve ouvir mais de 30 pessoas no inquérito aberto para apurar as causas da explosão nos armazéns.
De acordo com o delegado, já foram ouvidos, na sexta (28), o gerente da área de segurança no trabalho da cooperativa e também o chefe da Defesa Civil local. Eles disseram ao investigador que todos os equipamentos de proteção individual estariam de acordo com as normas e treinamentos de funcionários em dia. Os alvarás dos bombeiros para funcionamento do local também foram apresentados pela empresa.
Mas a Polícia Civil ainda vai ouvir depoimentos de sobreviventes, de pessoas ligadas à Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e também de representantes do Sintomege, que é o Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral de Toledo.
Entre os nove mortos, oito são haitianos, que atuavam na cooperativa como trabalhadores avulsos, contratados pela C.Vale através do Sintomege.
Na sexta, a C.Vale disse à Folha de S.Paulo que as contratações de trabalhadores avulsos estão de acordo com a lei 12.023/2009 e que todos "passaram pelos treinamentos sobre os procedimentos obrigatórios de segurança e de operação".
Segundo Baptista, a primeira explosão pode ter acontecido entre os armazéns 3 e 4, onde visivelmente a destruição é maior. Quatro silos foram atingidos no total.
De acordo com a C.Vale, os quatro silos armazenavam 12 mil toneladas de soja e 40 mil toneladas de milho.
Segundo equipes do Corpo de Bombeiros, as vítimas foram encontradas nos túneis subterrâneos ligados aos silos. Com a explosão, algumas das estruturas de concreto dos túneis foram afetadas e eles ficaram obstruídos. As toneladas de grãos também ficaram espalhadas, dificultando ainda mais o resgate das vítimas.
Entre os 11 feridos, sete permanecem internados em hospitais de Palotina, Cascavel, Londrina e Curitiba. Os demais já receberam alta hospitalar.
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