Adolescente morre após ser espancado em Manaus; há suspeita de homofobia
Segundo testemunhas, jovem de 17 anos foi agredido após reagir a ofensas homofóbicas feitas por um grupo durante uma confraternização na rua
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A Polícia Civil do Amazonas investiga o assassinato de um adolescente de 17 anos em um suposto episódio de violência homofóbica no bairro Gilberto Mestrinho, zona leste de Manaus.
Segundo testemunhas, Fernando Vilaça da Silva foi espancado na madrugada do dia 5, após reagir a ofensas homofóbicas feitas por um grupo durante uma confraternização na rua.
O jovem havia saído de casa para comprar leite, segundo a família. Imagens de um vídeo gravado no local mostram duas pessoas fugindo e Fernando caído no chão.
Ele foi socorrido, passou por uma cirurgia e ficou internado em estado grave até o dia 7, com traumatismo craniano, hemorragia intracraniana e edema cerebral, e não resistiu.
"Tais atos atentam diretamente contra os fundamentos constitucionais da dignidade da pessoa humana, da igualdade e da liberdade, representando também crimes previstos em nossa legislação penal, incluindo o homicídio qualificado por motivo torpe e os crimes de LGBTQIAfobia, reconhecidos como forma de racismo pelo Supremo Tribunal Federal", diz nota do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
O ministério manifestou solidariedade à família do adolescente e se colocou à disposição para acompanhar o caso.
Segundo moradores da região, Fernando era vítima frequente de bullying por parte de outros adolescentes.
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) pediu que o Ministério dos Direitos Humanos acompanhe a investigação e colocou o mandato à disposição da família do jovem.
"É inaceitável um jovem sair para comprar leite e, pela homofobia alheia, não voltar para casa", afirmou. "E é revoltante saber que, conforme a mídia local, pessoas a mando dos agressores compareceram ao velório para filmar o caixão".
A Defensoria Pública do Amazonas participa das investigações sobre a morte, por meio do Núcleo de Direitos Humanos. "Esse caso representa uma grave agressão à integridade física e à vida. É uma violência muito grande, que configura também um crime de ódio", disse Rafael Barbosa, defensor público geral no Amazonas.
A Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), seccional Amazonas, prestou solidariedade à família e pediu uma reflexão da população sobre a violência homofóbica no estado.
"Esse ódio, execrado na figura de um adolescente repleto de sonhos e vida pela frente, deve ser combatido das mais diversas formas e meios em torno de um pacto que envolva todas as esferas da sociedade, seja pública, civil ou privada", diz nota pública da OAB. A seccional também prometeu monitorar as investigações.
Alunos da escola estadual Jairo da Silva Rocha, onde o adolescente estudava, fizeram uma homenagem ao amigo. Eles carregaram cartazes contra a violência e cantaram músicas religiosas.
"Infelizmente não teremos você de volta, mas saiba que faremos tudo para que seu nome seja honrado", escreveram, nas redes sociais, os representantes do grêmio estudantil da escola.
Vazia, a carteira escolar onde Fernando sentava recebeu imagens de luto e fotos do estudante foram colocadas na parede da sala de aula.
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