Proteção dos filhos contra abuso e exploração sexual on-line
Por meio de envolvimento e manipulação psicológica, o pedófilo consegue fotos íntimas de crianças e adolescentes
Na última quinta-feira foi celebrado o Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Esse dia foi instituído em memória de um caso que ficou conhecido como “Caso Araceli”.
Em 18 de maio de 1973, a menina Araceli Cabrera Sánchez Crespo, de apenas 8 anos de idade, foi sequestrada, violentada e brutalmente assassinada, em Vitória.
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Passados 50 anos desse terrível crime, com o avanço tecnológico, a internet tornou-se a principal ferramenta utilizada para a disseminação de pornografia infantil, aliciamento on-line e tráfico sexual de menores.
A exploração sexual de crianças e adolescentes na internet é um crime complexo, muitas vezes realizado por redes de criminosos que se aproveitam do anonimato e da facilidade de abordagem e aliciamento on-line.
Os pedófilos perceberam que suas ações são facilitadas no ambiente virtual, devido ao paradoxo de estarem distantes (supostamente seguros) e, ao mesmo tempo, próximos aos seus alvos preferidos: crianças e adolescentes sem a devida orientação e cuidado dos pais sobre com quem os filhos conversam on-line.
Os criminosos desenvolveram um procedimento sistemático, composto por quatro fases, para obtenção de sucesso em suas investidas.
Os pais e os próprios menores precisam conhecer essa metodologia, para assim terem mais condições de se proteger do assédio desses delinquentes sexuais.
Análise – Nessa primeira fase, o pedófilo estuda a vítima, para conhecer detalhes de sua vida e preferências pessoais, que possam ser utilizadas como pretexto para a fase seguinte.
Abordagem – Após estudar a vítima na fase anterior, o criminoso utiliza todas as informações coletadas sobre a criança ou adolescente, para se aproximar e oferecer algo que possa ser de interesse do menor.
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Essa é a fase chave de todo o processo. Os pais precisam orientar os seus filhos a recusarem qualquer tipo de abordagem de estranhos ou de “coleguinhas” suspeitos.
Envolvimento – Depois do aceite por parte da vítima, tem início o processo para estabelecer uma relação de confiança com o menor. Nessa fase, o criminoso envolve a vítima até obter a manipulação psicológica que facilitará a próxima fase.
Execução – Finalmente, após a vítima estar totalmente envolvida, o criminoso inicia de fato a sua investida. Envia fotos e vídeos íntimos de menores, que seriam, supostamente dele, e solicita da vítima o mesmo tipo de conteúdo.
Uma vez obtido uma única foto ou vídeo, passa a utilizar esse material recebido para chantagear o menor, solicitando o envio de mais conteúdo, caso contrário irá enviar para seus parentes e amigos.
Basicamente, é dessa forma que agem os pedófilos que utilizam a internet para se aproximar das suas vítimas.
O impacto desse crime é devastador na vida da família e, em especial, da criança e do adolescente vítima de abuso sexual on-line.
Portanto, pais e mães, procurem saber com quem realmente seus filhos estão conversando no ambiente virtual.
A orientação mais valiosa continua sendo: “Não conversem com estranhos”.
Eduardo Pinheiro é consultor de tecnologia da informação
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