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Entretenimento

Artista capixaba leva a arte para além dos muros


Imagem ilustrativa da imagem Artista capixaba leva a arte para além dos muros
“Somos pretos e azuis. Azul é riqueza. Trago isso com orgulho”, diz Kika |  Foto: Divulgação/Kika Carvalho

A capixaba Kika Carvalho é, atualmente, um dos principais nomes da nova geração de artistas visuais do Espírito Santo.

Desde o início da carreira, quando grafitava muros em Vitória, passando pelas exposições de suas obras em museus e até em novos projetos, o fio condutor que permeia seu fazer artístico é um só: a representação do negro no País.

Um exemplo disso é a presença do azul em seu trabalho. Uma cor que traz vários sentidos para ela: desde o mar que margeia a Ilha de Vitória até a opção de representação de seus personagens negros.

“Algo que contrapõe a expressão 'tão preto que chega a ser azul'. Eu reafirmo isso como uma questão positiva. Sim, somos pretos e azuis. Azul é riqueza. Trago isso com uma questão de orgulho”, explica.

Imagem ilustrativa da imagem Artista capixaba leva a arte para além dos muros
Artista capixaba leva a arte para além dos muros |  Foto: Divulgação

É entre uma pincelada e outra que Kika, graduada em Artes Visuais com Licenciatura pela Ufes, e que possui mais de uma década de carreira, tem investido tempo e criatividade em seu ateliê próprio.

O espaço fica no alto da Rua 7 de Setembro, no pé do Morro da Piedade, no centro da capital.

E ter esse local próprio de criação, algo que talvez seja o sonho de qualquer artista, tem influenciado na sua produção.

“No ateliê onde estou desde o início do ano, extrapolei a questão do foco. Às vezes, vou para lá às 8h e saio às 22h. Com o espaço, tenho pintado telas cada vez maiores. Apesar de já ter participado de pinturas de 500 metros quadrados, nunca tinha feito telas”, salienta.

Imagem ilustrativa da imagem Artista capixaba leva a arte para além dos muros
Artista capixaba leva a arte para além dos muros |  Foto: Divulgação

“Acredito que meu trabalho antes era como se fosse uma planta em um vaso pequeno. Agora, plantei em um terreno grande e ele não para de crescer”, orgulha-se.

“As crianças vão lá direto”, Kika Carvalho artista, plástica

AT2: Você está com um ateliê próprio desde o início do ano. Como tem sido sua produção nestes tempos de isolamento?
Kika Carvalho:
Falar sobre este momento é até meio injusto perante a situação que tem acontecido de forma coletiva. Para mim, individualmente, tem sido proveitoso. É uma situação conflituosa.

Coincidiu o momento de abrir mão de emprego de carteira assinada. E por eu ser uma pessoa bem urbana – venho da trajetória do grafite – juntou essa questão da pandemia com meu ateliê recém-adquirido. Eu me vi numa produção bem internalizada.

Imagem ilustrativa da imagem Artista capixaba leva a arte para além dos muros
Artista capixaba leva a arte para além dos muros |  Foto: Divulgação
AT2: Este momento mudou a maneira que você faz arte?
Kika Carvalho:
De respeitar o amadurecimento do trabalho. A pandemia me trouxe uma questão de tempo que nunca tive. Tem sido bom. Lógico, tive trabalhos e viagens cancelados. Mas tento direcionar esse tempo para o que tenho à mão.

AT2: Costuma deixar o ateliê aberto para a comunidade?
Kika Carvalho:
Sim, deixo o ateliê com a porta aberta e as pessoas aparecem. As crianças vão lá direto para pegar as pipas que produzo. Elas perguntam sobre as produções e vou explicando. A partir desse diálogo, o trabalho se constrói com troca.

AT2: Esse projeto das pipas e com crianças é uma maneira de você dar um retorno à sociedade?
Kika Carvalho:
Com certeza. Apesar de não vir de família financeiramente confortável, estudei numa escola pública que era modelo. Tinha um projeto de animação que abriu minha mente para trabalhar com arte.

Imagem ilustrativa da imagem Artista capixaba leva a arte para além dos muros
Artista capixaba leva a arte para além dos muros |  Foto: Divulgação
AT2: Acha que perdemos muitos talentos por falta desse apoio?
Kika Carvalho:
O Brasil não investe na arte e na cultura. Houve um momento que isso aconteceu. Isso só fica mais evidente quando a gente fala sobre artistas que não têm apoio. A carreira de artista é cara. Para se dedicar, você tem que ter apoio. Se não fosse isso, você teria pessoas que poderiam ser bailarinos, escritores, DJs e que estão, às vezes, num caixa de supermercado. Não que sejam trabalhos menores. Mas elas se veem ali porque têm que pagar contas.

Imagem ilustrativa da imagem Artista capixaba leva a arte para além dos muros
Artista capixaba leva a arte para além dos muros |  Foto: Divulgação
AT2: Estar ali bem pertinho da Piedade fez você ter outro olhar sobre aquela comunidade?
Kika Carvalho:
É uma comunidade que tem muitos saberes culturais. Não só a Piedade, mas a Fonte Grande, que é ali do lado. Tem uma história com o samba pesada e com a cultura do Centro. É um lugar que está marcado pela violência, mas tem muita cultura.

AT2: E qual é a sua visão sobre ser negro no Brasil de hoje?
Kika Carvalho:
Vivemos num país que, apesar de não ser mais colônia, tem essa herança até hoje. São coisas que percebo no cotidiano, de ir ao mercado fazer compra e não ter paz. São coisas que, no cotidiano, são pesadas de ver. Tem que ter muita saúde mental. É fácil desistir.

A própria questão das galerias: elas não são espaços democráticos. Os donos são pessoas abastadas. Estão sempre tentando favorecer seus iguais. A galeria é espaço de legitimação da arte. Hoje, posso dizer que recebo mais apoio para ter meu trabalho legitimado fora do Estado.

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