Ventos fortes antecipam-se em Pernambuco: entenda a mudança de comportamento
A antecipação é impulsionada pela Zona de Convergência do Atlântico Sul e pela alta pressão subtropical
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Os ventos fortes, que geralmente ocorrem em Pernambuco entre agosto e setembro, estão se antecipando este ano. Segundo Roberto Pereira, meteorologista da Apac, essa mudança é impulsionada pela Zona de Convergência do Atlântico Sul e pela alta pressão subtropical. Esses fatores intensificam os ventos que chegam ao litoral e às áreas adjacentes.
A Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) é uma área na atmosfera onde os ventos dos oceanos se encontram. Quando isso acontece, há uma tendência de formar nuvens e aumentar a intensidade dos ventos. Em termos simples, é como se os ventos se “esbarrassem” e causassem uma mistura que resulta em ventos mais fortes.
O que faz a alta pressão?
A alta pressão subtropical é uma região onde o ar é mais pesado e denso, e fica preso perto da superfície da Terra. Isso pode empurrar os ventos em direções específicas e intensificar sua força, especialmente ao longo do litoral.
Um dos motivos para a concentração de bolhas no mar de Boa Viagem, no domingo passado, pode ter sido a força dos ventos. Nesta semana, uma árvore de grande porte caiu e atingiu cinco carros no bairro do Bongi, Zona Oeste do Recife.
Juntas, a ZCAS e a alta pressão subtropical estão fazendo com que os ventos em Pernambuco fiquem mais fortes e cheguem mais cedo este ano, afetando o litoral e áreas próximas. Em vez de esperar por ventos fortes somente em agosto e setembro, como é comum, eles estão começando agora devido a essas condições atmosféricas.
O papel dos anemômetros
Para medir a intensidade e a velocidade dos ventos, são utilizados anemômetros em estações meteorológicas.
Roberto Pereira detalha: “O vento é observado em estações meteorológicas onde há uma torre com dois anemômetros, um a dois metros e outro a dez metros. Esse instrumento mede a intensidade e a velocidade do vento, sendo colocado em campo aberto, longe de edificações que possam interferir nas medições.”
Impactos urbanos e Escala Belfort
Em áreas urbanas, a presença de edifícios altera o comportamento dos ventos, criando o que Pereira descreve como "canalização dos ventos".
Isso faz com que os ventos se intensifiquem, resultando em efeitos mais pronunciados. Como não é viável instalar anemômetros em todos os locais urbanos, utiliza-se a Escala Belfort para estimar a velocidade dos ventos com base nos danos causados.
Pereira explica: “Como não é possível ter um anemômetro em todos os lugares da cidade, usamos a Escala Belfort para estimar a velocidade do vento com base nos danos que ele provoca.”
O Que a Escala Belfort Revela
- Até 60 km/h: Pereira explica que “os ventos nessa velocidade podem agitar árvores e quebrar alguns galhos.”
- Acima de 70 km/h: Com ventos de mais de 70 km/h, “podemos observar pequenos danos estruturais, como telhados danificados e vidraças quebradas.”
- Acima de 100 km/h: Ventos que atingem 100 km/h são associados a tempestades, resultando em “árvores e galhos quebrados, além de destelhamento de casas.”
Expectativas para os próximos meses
De acordo com Pereira, a intensificação dos ventos é esperada para os meses de agosto e setembro, como é típico para a região.
“Os ventos tendem a se intensificar entre agosto e setembro aqui no estado de Pernambuco. Esta é a época em que os ventos têm uma média maior”, ressalta o meteorologista.
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