Espírito Santo tem mais de 200 mil mulheres donas de empresas
No Dia do Empreendedorismo Feminino, definido pela ONU, elas contam histórias de superação
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Criar um negócio, vender um produto ou serviço e lidar com os contratempos do mercado: isto é empreender. Quem entra no mundo dos negócios sabe das dificuldades, mas essa realidade pode ser ainda mais desafiadora quando quem está à frente da empresa é uma mulher.
O Espírito Santo tem 206 mil empreendedoras, o que corresponde a 33,5% dos CNPJ ativos no Estado. E hoje, no Dia do Empreendedorismo Feminino, A Tribuna conta a história de sucesso de algumas empresárias, selecionadas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
A data foi definida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014 para evidenciar, destacar e valorizar o papel da mulher.
Com o pai doente, Fabiani Reinholz precisou voltar para Colatina a fim de ajudar a família. Viu, no sítio em que viviam, alguns pés de cacau e resolveu fazer do fruto um negócio. A contragosto de alguns familiares, Fabiani, que é engenheira civil, investiu em cursos para se qualificar na nova área.
“Minha família não é tradicional do cacau, o que tornou o percurso mais longo. Larguei minha profissão de formação para abrir uma fábrica de chocolate”, conta.
Hoje, a empresa produz chocolates sem química e sem estabilizantes. E agora ela concorre na etapa nacional do prêmio Sebrae Mulher de Negócios.
Adaptabilidade, condição de saber se adaptar às circunstâncias, é um diferencial para quem quer empreender. Quando percebeu que não tinha muitas chances de crescimento profissional no Brasil, Cláudia Alves viajou com os dois filhos e o marido para os Estados Unidos.
Sem muito sucesso com a experiência internacional, Cláudia voltou ao Brasil com a mala cheia de roupas. “Percebi que tinha mais do que precisava e vendi para pessoas próximas. Em pouco tempo, percebi que era um negócio”, relata.
De peça em peça, Claudia abriu um brechó. “A moda sustentável é o caminho do futuro”, disse. Mas nem sempre a percepção do público foi essa. O maior desafio, contou ela, foi o preconceito com relação aos produtos. “As pessoas diziam que eu vendia roupa velha.”
Com o sucesso profissional, Claudia diz que tem o objetivo de “dar a mão” para outras mulheres. O brechó tem parceria com instituições de amparo animal e infantil. Parte dos recursos da loja são doados para auxiliar outras causas.
Superação do machismo e dedicação à família
Culturalmente, o Brasil tem um histórico de não valorização à mulher, especialmente em relação à atuação profissional. Dados da OMS colocam o País numa posição que chama atenção ao aparecer na liderança do ranking de mulheres que se dizem ansiosas e depressivas no ambiente de trabalho.
Muitas mulheres têm começado o próprio negócio para ter mais independência e aumentar a renda. No Estado, 85% das empreendedoras atuam por conta própria, segundo dados do Sebrae.
Cláudia Mattos é dona de casa e sempre cuidou dos afazeres domésticos. Quando as contas apertaram, decidiu fazer marmitas para vender. O que parecia uma boa ideia não foi aceita pelo ex-marido da cozinheira.
Mesmo com os desafios na vida do casal, o negócio prosperou. Quando foi preciso decidir entre manter o casamento e o empreendimento, a empresária priorizou o negócio.
Sobre isso, ela diz ter sido muito julgada. “Todo mundo ficou contra mim. Fui eu e eu mesmo. Mas não me arrependo e faria tudo de novo”. Claudia vive das vendas das marmitas e planeja expandir o negócio para além de onde vive, em Laranjeiras, na Serra.
MAIS HISTÓRIAS:
Beleza e ação na África
Penha Arraz sempre quis trabalhar na área da beleza. Quando abriu o salão, em 1999, abandonou o cargo de gerência. No bairro de Boa Vista I, Penha começou o próprio negócio. Hoje ela emprega 35 funcionários.
Em 2019, ao visitar o Quênia, a empresária começou um projeto chamado “Amor Sem Fronteiras”. O projeto oferece curso de qualificação para mulheres africanas.
Entre outubro de 2021 e outubro deste ano, 45 mulheres receberam certificação profissional. Penha espera abrir novas turmas em 2023.
Criação de roupas
Com desejo de empreender, Gabriela Maioli abriu o próprio negócio em 2020, quando tinha 23 anos. Com tempo livre em razão da pandemia, ela decidiu criar peças de roupas com ajuda da mãe.
O sucesso nas redes sociais foi tão grande, que o que era um passatempo virou um negócio. Em pouco tempo ela tinha 4 mil seguidores e vendia 15 peças de roupas por dia. “Minha casa virou uma mini fábrica”, conta.
Em 2021 Gabriela abriu sua loja física. Hoje a marca soma mais de 50 mil seguidores nas redes sociais e faz envios para todo o Brasil.
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