“É preciso avaliar quais riscos correr”, afirma especialista
Empreender envolve uma série de riscos. O segredo está em saber quais deles vale a pena correr
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Empreender envolve uma série de riscos. Mas o segredo está em saber quais deles vale a pena correr, de acordo com o professor da área de negócios da Fucape, Bruno Felix.
Ele destacou que há várias histórias de empreendedores bem-sucedidos que não têm formação em gestão e frisou que intuição e técnica podem andar juntos.
“O empreendedor bem-sucedido tem boas ideias, ótimas intuições e usa ferramentas técnicas analíticas para testar se as intuições dele fazem sentido, antes de correr certos riscos”.
Para quem tem um emprego e está, paralelamente, se dedicando ao próprio negócio, ele explicou que a hora de pedir demissão deve ser avaliada com cautela.
Segundo ele, é importante avaliar os ganhos esperados com este empreendimento a longo prazo e comparar com o emprego. “O segredo é ir sentindo o termômetro aos poucos”.
Outro ponto a ser avaliado é se o lucro esperado nessa atividade vai superar, em algum momento, em uma proporção razoável aos ganhos no trabalho.
“É preciso lembrar que emprego não é garantia de estabilidade. Ainda mais no pós-pandemia, em que muitas empresas estão precisando se reestruturar”.
Outro ponto a ser avaliado é quando a demanda pelo produto que o empreendedor oferta fica maior que o que ele pode produzir. Um sinal de que está na hora de expandir o negócio.
Professor de empreendedorismo da Faesa, Herique Hamerski ressaltou que o ponto de partida para empreender é o planejamento. “A partir dele é possível assumir riscos calculados. Não é sair simplesmente fazendo. É saber, se fizer isso, o que pode acontecer”.
A partir do momento em que se planeja, conhece o mercado, passa a existir uma segurança muito maior em relação aos próximos passos.
Mas destacou que para tocar o próprio negócio é preciso uma motivação muito grande. “Você tem que fazer o seu próprio resultado. Muita gente quer emprego e não quer trabalho. O empreendedor não disso. Ele vai correr atrás porque ele sabe que o resultado depende só dele”, diferenciou.
E destacou que trabalhar antes, como empregado, na área em que se pretende empreender aumenta as chances de sucesso em comparação com quem está entrando nesse meio pela primeira vez.
Sócios podem responder por dívidas de empresas
Sócios ou responsáveis de empresas vão poder responder na Justiça por dívidas e outras obrigações das organizações. Projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputados e que agora só depende de sanção presidencial para entrar na legislação limita o procedimento conhecido como desconsideração da personalidade jurídica, pelo qual podem ser feitas cobranças a esses profissionais da empresa.
De acordo com a Agência da Câmara, o texto aprovado define que a chamada desconsideração da personalidade jurídica poderá ser usada quando ocorrer manobras ilícitas, por parte dos proprietários das empresas, para não pagar os credores, situação na qual seus bens particulares serão usados para pagar os débitos.
Mesmo sendo previsto em lei, atualmente ainda não há um trâmite específico para isso. O projeto assegura o direito de defesa em hipóteses de responsabilidade pessoal do sócio por dívida da empresa. O prazo de apresentação da defesa é de 15 dias, contados a partir da intimação.
De acordo com o advogado tributarista Samir Nemer, o projeto de lei é assertivo, pois vai punir profissionais que atuam com má-fé.
“Uma empresa com dívidas, por exemplo, que tem seu patrimônio esvaziado intencionalmente, usando de artimanhas ilícitas para não efetuar o pagamento: é nesses casos que a legislação vai responsabilizar o sócio, garantindo aos credores o valor devido a eles”.
“Planejamento e muita mão na massa”
“O crescimento de um negócio é o objetivo, mas também um grande desafio para muitos empreendedores. Pesquisa do Sebrae Nacional aponta que três em cada 10 pequenos negócios fecham as portas antes de completar cinco anos de funcionamento. Vencer essa estatística e ampliar a operação requer planejamento e muita 'mão na massa'.
O atendimento ao cliente é um dos processos mais afetados pelo crescimento. Com a expansão do negócio, vem o aumento da complexidade das atividades e a redução da personalização. É necessário adotar algumas medidas para que o atendimento não perca a qualidade.
Padronizar processos, contratar as pessoas certas, treinar a equipe são medidas essenciais. Sam Walton diz: “Existe apenas um chefe, o cliente. E ele pode demitir todos na empresa, desde o presidente, simplesmente gastando o dinheiro em outro lugar”. O recado é claro: tratar bem o cliente é sempre o melhor negócio!
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Riscos
Um dos principais riscos que os empreendedores correm ao abrir o próprio negócio é dar errado, perder dinheiro e ficar desempregado.
Há também riscos envolvendo mudanças no mercado, problemas técnicos, problemas tecnológicos, dificuldade com mão de obra, entre tantos outros.
Riscos calculados
Para correr riscos calculados é importante ter um bom planejamento. Dessa forma é possível avaliar as possíveis consequências dos próximos passos.
A intuição e a técnica podem andar juntas nesse processo. Mas a técnica pode ser utilizada para confirmar o que a intuição está apontando.
Gosto pelo que se faz
Gostar do que se faz contribui para a motivação do empreendedor. Contudo, é possível empreender em algo que gosta ou aprender a gostar de algo que faz.
Muitos dos casos de empreendedorismo são por necessidade. Mas muitos negócios também são fruto de atividades que eram hobby. Uma coisa não exclui a outra.
Habilidades
Há algumas habilidades técnicas e comportamentais que fazem parte do perfil do empreendedor. Ele precisa ser alguém que consegue se automotivar, ter persistência, iniciativa, autoconfiança, comprometimento, busca constante pelo aprendizado, escuta ativa.
Flexibilidade
Embora seja responsável pelo próprio negócio, o empreendedor passa a ter mais flexibilidade em sua agenda e até mesmo qualidade de vida. Isso, quando consegue separar trabalho da vida pessoal e buscar um equilíbrio entre ambos.
Além disso, tem mais possibilidades de realizar alguns projetos que, como empregado, seria mais difícil.
Retorno financeiro
O retorno financeiro não é algo que acontece rápido. Muitas vezes não dá para sequer ter lucros consideráveis. É preciso ter paciência e persistência. Mas o planejamento é essencial para conseguir atravessar esses momentos. Depois de cinco anos de atuação no mercado, uma empresa que está dando lucro passou pela prova de fogo.
Em contrapartida as dificuldades iniciais, o retorno financeiro de um negócio que deu certo pode ser bem maior do que o retorno financeiro referente a ascensão em uma empresa, por exemplo.
Fonte: especialistas citados na reportagem e pesquisa AT.
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