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Entretenimento

“A gente cria porque tem fé”, diz escritor Carlos Nejar


“Nós somos sombra da palavra. A poesia é que me busca, eu não busco. É coisa de Deus, eu sou inquilino”. Sempre enfatizando sua fé e como a poesia brindou sua vida, o escritor, crítico literário, tradutor, ficcionista e poeta gaúcho Carlos Nejar, 81, festeja seus 60 anos dedicados à literatura.

Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), pastor, promotor de Justiça aposentado e colunista de A Tribuna, ele afirma: “Tudo é uma bênção de Deus, mas minha profissão mesmo é ser poeta”.

Embora tenha publicado seu primeiro livro somente em 1960, sua paixão pelas palavras começou quando menino. “Eu, adolescente, de repente descobri que sabia usar as palavras e descobri o amor delas por mim e meu amor por elas”, diz.

E, desse sentimento, nasceram incontáveis obras e premiações grandiosas, sendo indicado ao Prêmio Nobel de Literatura.

Imagem ilustrativa da imagem “A gente cria porque tem fé”, diz escritor Carlos Nejar
Abraçado com Aicha, que significa energia em árabe, Nejar diz não ter 81 anos: “A idade é a afirmação do cansaço”. |  Foto: Divulgação/Jairo Ferreira

Para as comemorações, foi lançado um perfil no Instagram chamado “carlosnejaroficial” e serão relançadas, no próximo mês, duas obras, mas em capa dura.

Depois que precisou deixar o Espírito Santo para se dedicar às atividades da ABL, Nejar vive no Rio de Janeiro com sua esposa, Elza, e sua cachorrinha.

“Minha Aicha, que significa energia em árabe, é minha companheira. Tem sete anos, 49 na idade dos cachorros. É muito fofa, carinhosa. Já até fiz poema para ela”.

AT2 O senhor é formado em Direito. De onde veio todo esse amor pela literatura?

Carlos Nejar Veio quando eu era menino. É um dom. Não se explica por que os pássaros cantam. Eles cantam. Tudo que é semente brota. O poema tem um destino, os livros têm um destino, a visão do mundo acompanha o poeta, mas a minha experiência inicial é a poesia. Escrevia versos que não entendia, mas sabia que era poesia. Eu vejo e penso: “Fui eu que escrevi? Será que eu escreveria isso de novo?” Força da poesia, da criação.

Não pensou em fazer Letras?

Eu não vou dizer que não gostava do Direito. Quando me formei, eu precisava ter alguma coisa para viver, porque a poesia nunca dava o suficiente para o ganho, ainda mais no Brasil. Passei na primeira leva do Ministério Público.

Eu usava meu nome como poeta Carlos Nejar, e meu nome como promotor Luiz Carlos Verzoni Nejar.
Falava que o tal Carlos Nejar era meu primo irmão, senão iriam usar meus poemas no júri. Até que chegou um tempo que não dava mais. Fiquei muito conhecido e não podia mais me esconder. Mas não usaram meus poemas no tribunal. Me safei! (Risos)

O senhor é considerado o Quixote dos Pampas. Por quê?

Escrevi “A Engenhosa Letícia do Pontal”, que é o Dom Quixote de saias. Tenho um lado quixotesco sim, é um lado de uma fé usada. Eu tenho a perspectiva que a gente cria porque tem fé.

Sinto a vontade de fazer um poema, não vejo o poema, é ele que me vê. Quando percebo, eu estou criando poema, como se ele saísse do vento, de dentro da minha imaginação para a imaginação do mundo.

Onde o senhor busca inspiração para escrever?

Sou levado pela criação. O que é maior em mim não é meu, é de Deus. Não vou fazer uma pose do que sou instrumento, mas ele vai cada vez mais se aperfeiçoando, como um violino. Não temos apenas o fogo, vai-se aprendendo aos poucos e se aprende a arte.

Foram quantos livros lançados até hoje?

Nem sei, acho que uns 50 livros. Comecei a escrever depois dos 40 anos. Tenho obras na área da poesia, romance, contos, teatro... Nem quero contar, elas que têm que me contar. Elas têm que se defender sozinhas. (Risos)

Do que mais se orgulha?

Minha fé, que é algo conquistado. Eu agradeço a Deus por eu ser um sobrevivente. Tive grandes companheiros, todos eles se foram, estou sobrevivendo com uma juventude nova que Deus me deu.
Tenho um vigor jovem, apesar da idade. Eu não tenho 81 anos, não tenho mais idade. A idade é a afirmação do cansaço.

Tenho gratidão a Deus, sobretudo, e também a Elza, que é do Espírito Santo, minha companheira há 32 anos. Ela tem família em Vitória. Ela me puxou para a terra dela, que se tornou minha terra.

Tem algum arrependimento?

A gente é humano, tem falhas. Gostaria de ter sido perfeito, mas abraço minha condição humana. Reconheço que, apesar de tudo, não perdi a fé e estou cumprindo minha vocação, que é a eternidade.

Qual dos seus prêmios considera mais representativo?

O que me deu muito ânimo foi o de poesia Jorge de Lima, que me fez conhecido nacionalmente. O outro foi Machado de Assis, que valorizou meu romance.

Quais os cinco livros que marcaram sua vida e que todos deveriam ler?

“Claro Enigma”, de Drummond, “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, “Água Viva”, de Clarice Lispector, e “Invenção do Orfeu”, de Jorge de Lima.

Seu filho Fabrício Carpinejar seguiu seu caminho...

Meu filho é uma figura! Primeiro, me apareceu como pintor. Depois, descobriu que era poeta. É um cronista de grande qualidade, mas ele é um grande poeta. Eu sou muito antigo, ele é muito atual. O fruto não cai longe do pé.

Como vê o papel da literatura nesta época de pandemia?

É importante, por ser uma linguagem e seleta, e pode ser uma linguagem do espírito. A literatura, a poesia, nos ajuda a viver. Eu prevejo, num pequeno tempo, se tempo houver, o retorno mágico da literatura.

O recolhimento que está havendo hoje pode ser o sinal do retorno de uma grande movimentação. Pode haver um renascimento literário. A história só para em Deus.

Edição especial

Em comemoração aos 60 anos de literatura de Carlos Nejar, a Life Editora irá lançar duas obras do autor em edição especial, com livros em capa dura. Serão “O Evangelho Segundo o Vento” e, em um único exemplar, os livros “Sélesis” e “Livro de Silbion”.

A escolha dessas obras, segundo Nejar, se deve à grande importância que eles têm em sua vida.

Elas estarão nas livrarias a partir de 15 de agosto e em pré-venda, com frete grátis, no site lifeeditora.com.br a partir do dia 1º.

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