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PEDRO VALLS FEU ROSA

No sal

Datas que revelam desigualdades: quando a homenagem expõe lutas e feridas ainda abertas

Pedro Valls Feu Rosa | 08/12/2025, 13:12 h | Atualizado em 08/12/2025, 13:12
Pedro Valls Feu Rosa

Pedro Valls Feu Rosa



          Imagem ilustrativa da imagem No sal
Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. |  Foto: Arquivo/AT

Dia desses meditava eu sobre as homenagens prestadas pela nossa sociedade na forma de uma data específica. Temos, por exemplo, o Dia Internacional da Mulher, o Dia das Crianças, o Dia da Consciência Negra e o Dia do Índio.

Começo pelo Dia Internacional da Mulher, o qual me remete a um processo judicial que tramitou no Irã. Nele, uma esposa suplicava ao juiz que limitasse o número de surras que levava do marido — que fosse no máximo uma por semana, em vez de uma por dia. Eis aí um episódio que simboliza, e bem, um quadro de sofrimentos que segue, firme e forte, ao redor deste planeta.

O Dia Internacional da Mulher nos transporta a 8 de março de 1857, quando operárias de uma fábrica de tecidos norte-americana entraram em greve pedindo, entre outras coisas, que a carga de trabalho diária fosse reduzida de 16 horas para 10. Segundo consta, foram surradas e trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. 130 delas perderam a vida. Que tal pensarmos nisso?

Há também o Dia das Crianças. Pobres crianças! A cada dia morrem 20 delas por conta de doenças decorrentes da falta de um simples esgoto — e isso sobre o solo de um dos países mais ricos do mundo. São 600 por mês — o equivalente a uns seis aviões de passageiros lotados.

Nos EUA, maior potência do planeta, 25% das crianças vivem abaixo da linha da pobreza, sem acesso a muitos serviços básicos e passando fome. No Canadá, são 20% nesta situação. No Reino Unido, 5,5 milhões. Na França, 8% das crianças não têm sequer abrigo. Na Alemanha, uma a cada sete. No mundo, a cada cinco segundos morre uma de fome. Diante deste horror não se fale em falta de dinheiro — afinal, somente em armas a humanidade gasta US$ 1,34 trilhão a cada ano.

E que dizer do Dia da Consciência Negra? Segundo o IBGE, 15,2% dos brancos brasileiros vivem em domicílios sem coleta de lixo, contra 30,3% dos negros. Apenas 1,9% dos negros ocupados em São Paulo são empregadores, em comparação aos 7,2% de brancos nesta posição. E mais da metade das mulheres negras (56,3%) estão ocupadas como domésticas ou mensalistas.

De forma global, constatou-se, há alguns anos, que os negros constituem 45% da população, mas representam 64% dos pobres e 69% dos indigentes. Já quanto aos brancos, são 54% da população, porém totalizando apenas 36% dos pobres e 31% dos indigentes.

Existe também o Dia do Índio. Segundo consta, os brasileiros indígenas, vivendo na idade da pedra lascada em reservas artificiais, têm expectativa média de vida de apenas 29 anos. A mortalidade infantil chega a 65%. De cada cinco índios que nascem, três morrem antes de completar cinco anos de idade. Pois é. E dizer que antigamente, na canção de Baby Consuelo, “todo dia era dia de índio”.

Cheguei a uma conclusão: quem tem dia está no sal! Essa expressão — seca, mas verdadeira — nos alerta para o fato de que esses não são dias de homenagem. Não admitem festa. Não permitem comemorações. Eles apenas existem para marcar uma luta. Uma luta perpétua contra a falta de sensibilidade da raça humana.

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