Manifestantes por moradia e forças de segurança entram em colisão em frente à PCR
Ato do MTMD, que reivindicava audiência com o prefeito, teve tentativas de invasão, uso de spray de pimenta pela guarda e uma mulher ferida na cabeça
Manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Por Moradia Digna se envolveram em um confronto com agentes da Guarda Municipal e policiais militares na área central da cidade, em frente à sede da Prefeitura, no cais do Apolo, no final da manhã desta terça-feira (14). O clima de tensão se estendeu pela tarde.
Vídeos que circularam nas redes sociais mostram a intensidade do confronto entre membros de um grupo de luta por moradia e as forças de segurança. As imagens registram agressões mútuas, com agentes e manifestantes em meio à via

Segundo relatos, uma mulher foi ferida na cabeça durante o tumulto e precisou ser socorrida por uma viatura da Polícia Militar (PM) a uma unidade hospitalar. Os manifestantes alegam que o ferimento ocorreu em meio à confusão.
A assistente social Helena Fernandes falou pelo movimento. “Com esse protesto, queremos dizer ao prefeito que a secretaria de Habitação não nos representa, não atende aos movimentos. Só atende ao movimento que tem representação nacional, mas estamos aqui na RMR, temos representação de vários conselhos, de vários municípios, mas não somos atendidos. O que a gente viu aqui foi uma barbárie. Teve companheiros nossos que foram espancados pela guarda municipal. Nós temos direito de entrar na prefeitura, mas eles chamaram a polícia como se estivessem tratando com marginal”.
Manifestação reuniu 8 movimentos
A frente que realizou o protesto nesta terça reuniu oito movimentos. O episódio de violência começou quando os manifestantes tentaram invadir o prédio da prefeitura. Eles arremessaram objetos como garrafas e pedaços de madeira contra os guardas. Os agentes de segurança, que estavam resguardados atrás de grades de proteção, reagiram, utilizando spray de pimenta na tentativa de conter a situação.
Os policiais e guardas também fizeram uso de cassetetes para evitar que as grades de proteção da prefeitura fossem derrubadas.

Este confronto ocorreu no final da manhã. Horas antes, representantes do Movimento dos Trabalhadores Por Moradia Digna (MTMD) já haviam bloqueado a Avenida Martins de Barros, próxima à Ponte Maurício de Nassau, em Santo Antônio. Um outro protesto também havia sido registrado na Avenida Cruz Cabugá, perto da Avenida Norte, em Santo Amaro, o que causou sérios transtornos no trânsito em diversos pontos da cidade.
Segundo um outro líder do movimento, Alexandre Alves, a área só seria desocupada após um encontro com o prefeito João Campos (PSB). Segundo ele, a frente representa cerca de quatro mil pessoas sem moradia.
De acordo com Alexandre, há seis anos, essa frente tenta ser atendida pelo gestor e não consegue. “Pessoas que moravam no antigo Cras da Prefeitura do Recife, no Espinheiro, foram cadastradas e até agora não receberam auxílio-moradia. Outra ocupação, bem perto da prefeitura, chamada Milagre de Deus, a gente solicitou por meio de ordem judicial uma audiência e a prefeitura não foi para a audiência”
Posteriormente, o movimento foi informado que uma comissão seria recebida na prefeitura para apresentar as reivindicações.
Resposta da PCR
Por meio de um comunicado oficial, a Prefeitura do Recife afirmou que “não compactua com qualquer ato de violência” e "mantém um diálogo constante com os movimentos sociais". A PCR declarou estar "disposta a receber uma comissão de representantes do protesto para ouvir e avaliar as suas demandas".
A gestão municipal ressaltou, ainda, que está implementando "a maior política habitacional da história da cidade" e mencionou o início das obras em diversos conjuntos residenciais (Caranguejo Tabaiares, Comunidade do Bem 1 e 2, São José e Vila Aeronáutica 1 e 2) e a entrega do conjunto Papa Francisco.
Por fim, a prefeitura destacou que, desde 2021, já foram viabilizadas mais de 5 mil unidades habitacionais, englobando obras concluídas, em andamento, projetos aprovados em parceria com o Governo Federal e unidades garantidas pela Parceria Público-Privada (PPP) "Morar no Centro".
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