F1: Piastri se impõe e é favorito à sprint da Bélgica, mas Verstappen chega pronto para o ataque
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Oscar Piastri parece gostar do perigo. Depois do bisonho erro em Silverstone há três semanas, que acabou lhe fazendo perder uma vitória fácil na Inglaterra, o australiano passou muito perto de ver desmoronar um domínio que já sinalizava desde o primeiro treino livre do GP da Bélgica de Fórmula 1, em Spa-Francorchamps, nesta sexta-feira.
Durante a segunda fase da classificação para a corrida sprint, o líder do campeonato teve uma volta eliminada e quase, quase caiu no SQ2, o que teria sido uma tragédia, uma vez que o desempenho da McLaren na icônica pista belga impressiona mais uma vez.
Tanto que Oscar foi capaz de se recuperar, para cravar uma importante pole. Mas ele terá Max Verstappen ao lado no grid, e isso já põe tudo em perspectiva. Também porque Lando Norris, vice-líder, parte em terceiro, mas tendo de lidar com uma diferença de mais de 0s6 para o colega de garagem.
Ainda assim, é possível dizer que o dono do carro 81 é favorito à sprint, bem como ao GP da Bélgica. Piastri parece ter usado bem os 21 dias de folga desde a etapa inglesa, porque retomou com força as rédeas do MCL39 laranja. E aproveitou bem as atualizações da equipe de Woking e a configuração aerodinâmica das mais interessantes.
Embora não seja uma pista particularmente forte para os papaias, Andrea Stella tomou um caminho inteligente — inclusive, já usado pela rival Red Bull no passado — e decidiu priorizar o downforce. É claro que a eficiência do carro inglês ajuda demais, mas ficou evidente o compromisso em obter uma melhor performance no segundo setor do circuito, sem perder demais nas retas.
“Certamente foi uma volta incrível do Oscar. Ele aproveitou tudo o que o carro tinha a oferecer”, disse o chefe da McLaren. “Ele deu um bom passo ao trocar os pneus médios pelos macios. Uma sessão quase perfeita para o Oscar, exceto pela volta perdida na SQ2, que nos deu um pouco de atraso no pit-lane, mas ele resolveu na segunda volta e mereceu a pole para a corrida sprint”, completou Stella, mas foi Piastri quem descreveu melhor o cenário deste sábado.
“A Red Bull é rápida em reta. Isso vai dificultar a vida, e Spa é provavelmente a pior pista para se fazer a pole”, destacou o australiano, já tendo em vista os trechos rápidos do primeiro setor após a largada.
“Acho que o ritmo do carro está muito forte e me senti bem hoje. Foi uma boa volta. Um pequeno susto no SQ2 com a volta deletada, mas o carro esteve ótimo o dia todo. Sinto que consegui dar muitas voltas boas. Graças à equipe, o carro esteve ótimo. Essa também é uma pista que eu adoro. É a minha favorita do ano. Talvez isso tenha me dado uns décimos a mais.”
“O carro está numa boa janela desde a primeira volta. Não sei por quê. Estava bastante confiante. Sinto que os últimos fins de semana foram bons em termos de ritmo, mas não em termos de resultados. É bom conseguir um resultado hoje”, adicionou Piastri.
E é aqui a grande questão da corrida curta. Porque, apesar do enorme ritmo da McLaren e do comprometimento aerodinâmico, a Red Bull tem uma carta das mais valiosas nas mãos. É que, ao contrário dos últimos anos em Spa-Francorchamps, os engenheiros taurinos decidiram por um acerto mais agressivo, ou seja, priorizando a velocidade de reta. O RB21 também conta com um novo assoalho e asas. A ideia é tentar ganhar da McLaren nos trechos 1 e 3 do traçado belga. E ainda que o carro laranja seja capaz de recompensar as perdas — Piastri foi 0s477 mais veloz na volta recorde que rendeu a pole —, a condição em corrida pode ser se tornar menos óbvia.
“É simplesmente uma questão de downforce aerodinâmico”, ratificou o consultor Helmut Marko. “Se adicionarmos mais, perdemos muito nas retas, especialmente nos setores 1 e 3. Portanto, precisamos encontrar o equilíbrio certo, mas Piastri foi incrível hoje. Não somos só nós: todos construíram diferenças significativas, dignas de um Oscar”, brincou o austríaco.
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Pierre Waché, diretor-técnico da Red Bull, foi um pouco mais técnico na análise. “A classificação sprint é sempre uma atividade difícil, no sentido em que não há muitos treinos antes, apenas o TL1 e a troca de pneus durante a sessão. Mas o pacote de atualizações funcionou bem e como esperado. Agora, precisamos ver onde podemos extrair o desempenho durante a corrida”, disse o engenheiro.
“Mudamos a asa traseira do TL1, para complementar um pouco o nível de aderência que temos e veremos o que acontece no domingo.”
De fato, a sprint vai servir como um grande teste para a corrida principal, especialmente em termos de ritmo, uma vez que a programação desta sexta-feira é mais limitada. Mas há uma ressalva aí: em Silverstone, a equipe austríaca também optou por uma carga aerodinâmica menor e acabou tendo problemas em função da chuva. Para o sábado, não há previsão de água em Spa, mas o domingo pode contar uma história diferente. Portanto, a prova de 15 voltas terá um peso ainda maior, nesta batalha de configurações.
Os pilotos voltam à pista neste sábado para a disputa da corrida sprint, que será realizada às 7h (horário de Brasília). Às 11h do mesmo dia, haverá a sessão qualificatória para a corrida principal. No domingo, a largada está prevista para as 10h.
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