Produtos mais baratos e menos filmes americanos após taxação de Trump
Tarifa de Trump ameaça economia capixaba e pode desencadear retaliação a Hollywood
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Alimentos e outros produtos exportados pelo Espírito Santo aos Estados Unidos podem ficar mais baratos caso a ampliação da tarifa anunciada pelo governo de Donald Trump, de 50% a todas as exportações brasileiras, passe de fato a vigorar.
Mas o mercado americano pode sentir o efeito da decisão com a perda de espaço nas salas de cinema e nos streamings, com a provável retaliação legal contra a produção de Hollywood, analisa o economista Eduardo Araújo.
“Medidas como suspensão de licenças, atrasos em autorizações ou barreiras regulatórias podem reduzir a oferta de filmes americanos no Brasil, afetar a programação dos cinemas e limitar o que chega ao público nas plataformas”, diz.
Embora o cenário seja encarado como prematuro para tomar decisões, empresários do agronegócio se mostram receosos. Café, seja na forma do grão ou do produto final podem ter redução de preço com a tarifação, admite o presidente da Nater Coop, Denilson Potratz.
“O café tem a facilidade de poder ser estocado. Então conseguimos deixá-lo em tempo para ser negociado futuramente. Mas certamente os preços podem cair se as tarifas forem mantidas por muito tempo. Precisamos esperar”, diz.
Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes), Júlio Rocha, a produção do setor também pode ser afetada com a tarifa, o que seria uma “hecatombe”. Rocha reafirma, porém, a crença de que a medida não vai prevalecer.
“É estapafúrdia uma taxação dessa. Eu acredito que ela não vai permanecer porque, antes de tudo, está prejudicando muitos países que vão se aglutinar para fazer o contraponto. Então vai ser prejudicial também aos EUA”, comentou.
O economista Antônio Marcus Machado destaca também o efeito contrário, de prejuízo para as pequenas lojas que vendem produtos importados no Brasil, como capinhas de celulares e eletrônicos. Com a falta de insumos nos EUA e a reciprocidade pelo governo brasileiro, eles devem ficar mais caros.
“Essas empresas dependem de insumos importados para fabricar seus produtos. Se os preços subirem, elas terão dificuldade para importar e repassarão esse custo ao consumidor final.”
Hambúrgueres mais caros nos EUA
O plano do presidente Donald Trump provavelmente vai aumentar os preços da carne bovina usada nos hambúrgueres dos EIA, disseram comerciantes e analistas. A proposta é um problema para as empresas de carne dos EUA, que enfrentam oferta escassa de gado devido à suspensão das importações de animais vivos do México, causada pela mosca da bicheira, uma praga carnívora ao sul da fronteira.
Análises
“Excelente momento para diversificar balança comercial”

Esse anúncio do presidente Trump gera instabilidade e incerteza na economia global. O investidor que quer fazer investimento agora pode postergar, deixar para fazer em outro momento, e isso pode impactar a economia do Brasil e do Espírito Santo.
O Estado tem um dos maiores graus de abertura econômica e depende muito do comércio exterior. Produtos como petróleo, minério, aço e café entram no mercado norte-americano e podem ser impactados. E essa medida também gera impacto negativo na economia dos EUA, porque o país não é autossuficiente nesses segmentos. Eles vão ter de comprar menos ou pagar mais caro, o que pode aumentar a inflação lá e pressionar os preços aqui também.
É um excelente momento para buscar diversificar melhor a balança comercial, ampliando exportações para outros países e continentes. Mercosul com União Europeia, países da Ásia, Índia, China, África e América Latina são caminhos. É uma oportunidade de diminuir a dependência do comércio com os EUA.
“Medida isola, aumenta preços e prejudica o consumidor dos EUA”

A carta de Trump acendeu o alerta em Brasília — e nas rotas do comércio exterior que sustentam parte da economia capixaba. Embora sem força legal, a carta representa mais que uma provocação: é reflexo da volta de uma agenda protecionista, marca da primeira passagem de Trump pela Casa Branca.
Nos últimos anos, o Brasil tenta se firmar como parceiro em mercados competitivos. Uma tarifa de 50% atingiria setores como agronegócio, siderurgia, mineração e têxtil. Com isso, exportações podem cair, o dólar subir, empregos se perderem e a balança comercial se desequilibrar ainda mais. O Espírito Santo, com seus portos estratégicos, seria uma das primeiras vítimas. Exportadores de aço, celulose, granito e café teriam prejuízos.
Muitos contratos se tornariam inviáveis. O Brasil precisa agir com inteligência. Reforçar laços com Europa e Ásia e valorizar os portos capixabas. Se a carta virar política oficial, o País — e o Estado — precisam estar prontos para reagir.
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