Taxação de Trump: ES pode buscar novos mercados, diz Casagrande
Governador pediu cautela, paciência e saber “contar até 10” para não agir de forma precipitada, como se houvesse duelo tarifário
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Destacando que o mais importante neste momento é ter cautela, paciência e saber contar até 10 para evitar agir de forma precipitada, como se estivesse num duelo tarifário, o governador do Estado, Renato Casagrande, falou sobre o cenário criado pela ameaça de novas tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Ele não descarta que o Espírito Santo busque novos mercados para reduzir a dependência das exportações destinadas aos americanos. No entanto, ressaltou que esse processo ocorre no médio e longo prazo: “Não é um assunto que a gente resolve para o mês de agosto.”
Casagrande vai aproveitar a agenda desta sexta-feira (11) em Linhares do presidente Lula para conversar sobre a situação.
“A nossa conversa agora é com o governo federal para poder ir vendo qual a melhor medida, porque teremos um impacto. Com maior custo de exportação, pode haver redução da exportação de produtos como o aço, o café, petróleo, pedras ornamentais, gengibre, macadâmia, frutas, por exemplo”.
Para ele, a medida americana é inaceitável e sem justificativa econômica — baseada em argumentos ideológicos, o que inaugura um precedente perigoso nas relações comerciais internacionais.
Casagrande também alertou para os efeitos da instabilidade: alta do dólar, pressão sobre a inflação, retração nos investimentos e ameaça de desemprego. “Se você tem essa tarifa, poderá ter uma redução do mercado americano, e as empresas brasileiras e capixabas terão que buscar outros mercados. Isso poderá causar uma redução da atividade econômica”, disse.
Ele lembrou que o Estado já atua na diversificação de mercados por meio do programa Invest-ES, que busca ampliar as relações com outros países.
“O governo do Estado já se relaciona com outros mercados. Criamos o Invest-ES, um órgão especializado na relação com outros países, com outros estados, com os empreendedores, para a gente poder pulverizar e diversificar a nossa economia”.
O vice-governador do Estado, Ricardo Ferraço, entende que o bom senso vai prevalecer e as coisas vão voltar ao status anterior. “Efetivamente a nossa economia, ela é uma economia muito dependente do comércio exterior. Nós somos a economia brasileira mais aberta proporcional ao nosso tamanho”, afirma.
“O comércio exterior é muito importante para o café, para as rochas ornamentais, para a celulose, para a siderurgia. Então, a manutenção dessas tarifas, elas vão, por certo, impactar muito a nossa realidade aqui. Mas eu prefiro acreditar que o bom senso vai se estabelecer”, completa.
Alguns trechos do que disse o governador
Pé no freio
“Situações como essa (taxação de 50% para produtos brasileiros) deixam sempre o empreendedor e o cidadão com um pé no freio, adiando um pouco o investimento, adiando uma compra, porque não se sabe bem o que vai acontecer com o mundo, com as guerras bélicas e com as guerras tarifárias do presidente Trump.”
Racionalidade
“Isso pode afetar o funcionamento do governo do Estado e nos coloca numa posição cautelosa neste momento, para que possamos ir observando e fazendo nossos contatos, nossas conversas com os membros do governo federal, já que a relação institucional e diplomática é conduzida pelo poder central. É preciso ter paciência, ter racionalidade”.
Afetar receita
“Nós vamos incentivar para que seja feita alguma negociação, porque tudo isso pode afetar a renda dos brasileiros, pode afetar o nível de investimento dos empreendedores, a taxa de desemprego e a receita do Estado do Espírito Santo”.
Conversa e avaliação
“A gente não sabe ainda qual é a intensidade e qual é a repercussão de tudo isso. Vamos conversar com os setores, fazer uma avaliação. Nesses dias de julho, vamos precisar entender qual será a capacidade do governo federal e do governo americano para negociar. Antes de dar qualquer notícia negativa em termos de números, é preciso ter uma certeza maior sobre o cenário”.
Preocupação entre prefeitos e deputados do Espírito Santo
A recente decisão do governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo exportações estratégicas do Espírito Santo, provocou reações distintas entre os parlamentares capixabas. Dos 10 deputados federais, oito se manifestaram sobre a taxação.
Do PT, Helder Salomão e Jack Rocha classificaram a taxação como um ataque à soberania nacional e uma chantagem política para proteger aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Evair Vieira de Melo (PP) alertou para golpe duro às exportações estaduais, criticou a ausência de negociações e defendeu aproximação com compradores americanos.
Paulo Foletto (PSB), que descreveu Trump como instável, destacou prejuízos para exportações e disse que é preciso esperar para ver se Trump não vai voltar atrás.
Josias da Vitória (PP) chamou a tarifa de “pancada” na economia capixaba e enfatizou a busca por solução diplomática.
Amaro Neto (Republicanos), por sua vez, expressou preocupação com os impactos no agro, indústria e comércio exterior, defendendo resposta diplomática equilibrada.
Já Messias Donato (Republicanos) e Gilvan da Federal (PL) jogam a culpa no governo Lula.
Prefeito da Serra, Weverson Meireles, manifesta preocupação com a decisão anunciada.
“É natural que recebamos essa notícia com preocupação. Estamos mobilizados para enfrentar mais esse desafio com trabalho, união e responsabilidade, buscando preservar os empregos, atrair novos investimentos e garantir a continuidade do nosso desenvolvimento”.
Para o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo, o anúncio da tarifa foi feito sem embasamento técnico e contraria os princípios da liberdade econômica.
“Diante da vocação exportadora de Vila Velha e do Espírito Santo, acompanhamos com atenção os possíveis impactos negativos dessa medida, que pode reduzir drasticamente as exportações”.
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