Novas técnicas da medicina para adiar o envelhecimento
Pesquisadores ao redor do mundo estudam estratégias para suavizar os sinais dos anos no organismo
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Quando criança, quem nunca se aventurou pelo quintal em busca da fonte da juventude ou sonhou em descobrir o segredo da imortalidade?
Pesquisadores ao redor do mundo levaram esse sonho adiante — e estão descobrindo novas formas da medicina “adiar” o envelhecimento. No campo da estética, isso se traduz em tecnologias e tratamentos que fazem a pele “voltar no tempo”, com mais conforto, menos dor e resultados naturais. Segundo especialistas, esse é o futuro da beleza.
“Está avançando bastante. Acredito nas pesquisas com células-tronco e fatores de crescimento, que estimulam a pele a se renovar de forma inteligente”, afirma a médica Renata Melo, com mais de 20 anos de experiência na área estética.
Segundo a especialista, a medicina regenerativa é o caminho do futuro. Trata-se de uma área da ciência médica que visa regenerar, restaurar ou substituir tecidos e células danificadas.
Dermatologista, Karina Mazzini acrescenta que os procedimentos estéticos também vão mudar, ficando muito mais confortáveis e naturais.
“O que a gente pode esperar nos próximos anos são máquinas totalmente indolores, sem downtime (tempo de inatividade) e com grande capacidade de resultado”.
Ela ressalta que a dermatologia regenerativa está atrasada no Brasil.
“Ainda estamos engatinhando. Vão chegar tecnologias com grande capacidade de retração de pele, como novas radiofrequências e ultrassons microfocados que podem até aumentar o volume da face.”
Os capixabas também podem esperar lasers que têm capacidade de retirar tatuagens com uma ou duas sessões. “Está vindo um de CO2 sem dor, pois já vem com resfriador”, conta.
A melhor forma de envelhecer com saúde são os exercícios físicos regulares, reforça Daniela Barbieri, geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Regional Espírito Santo.
Ao redor do mundo, pesquisadores seguem investigando os mecanismos do envelhecimento. Suas descobertas podem, no futuro, transformar a medicina e beneficiar a estética. Em Londres, por exemplo, cientistas fizeram novas descobertas sobre os efeitos do café nas células.
Cuidados e tecnologias
Estilista e consultora de imagem, Degmar Salles, 53, conta que realiza procedimentos para envelhecer melhor. Um deles é a radiofrequência microagulhada. “Ao longo da vida já fiz outros, como botox e bioestimulador. Acredito que o cuidado é necessário porque ficar à mercê do tempo é complicado”.
Além dos tratamentos, ela faz atividades físicas regulares, tem alimentação equilibrada, usa hidratantes e é adepta de óleos essenciais. Por ter uma pele sensível, conta que trata-a desde os 25 anos. “Gerencio meu envelhecimento e acredito que a gente ainda vai se assustar muito com as novas tecnologias que vão surgir na estética. Todo mundo quer parecer jovem, bonito e envelhecer com saúde”, declara.

“Futuro é tratar de dentro para fora”
Tratar apenas o exterior é coisa do passado. A estética moderna está cada vez mais conectada à saúde, com foco em prevenção e naturalidade. “O futuro está em tratar de dentro para fora, com mais precisão e menos intervenção”, avalia a médica Renata Melo.
Ela explica que alterações hormonais, alimentação, qualidade do sono e até o emocional impactam diretamente na pele, nos cabelos e no corpo.
“O cuidado completo envolve olhar o todo e isso está se tornando o novo padrão na medicina e na estética moderna”, destaca.
Para ela, uma maior integração entre tecnologia e o consultório vai permitir tratamentos ajustados em tempo real e maior autonomia aos pacientes no futuro.
“A estética e a dermatologia estão evoluindo para um cuidado mais inteligente, individualizado e com foco em naturalidade. As pessoas querem se sentir bem consigo mesmas, mas sem exageros, sem parecerem “modificadas” e com o mínimo de tempo de recuperação”.
Já a dermatologista Oliete Guerra reforça que estão chegando tecnologias que agridem menos e atuam melhor. Além disso, destaca que a mudança de hábitos já está transformando a forma como as pessoas envelhecem.
“Começar a se cuidar cedo é essencial no combate aos sinais do envelhecimento. Às vezes são gestos simples, como usar protetor solar ou manter a pele hidratada. Acredito que essa geração terá menos rugas no futuro”.
As Descobertas
Café
Um estudo da Queen Mary University of London mostrou que a cafeína pode retardar o envelhecimento celular ao ativar a AMPK — um “sensor de energia” presente em leveduras e humanos.
Esse mecanismo ajuda as células a crescerem, a repararem o DNA e a lidarem melhor com estresse, fatores ligados ao envelhecimento e a doenças.
Realizadas com modelos de levedura (um organismo unicelular surpreendentemente semelhante às células humanas), as descobertas abrem caminho para novas possibilidades de pesquisas futuras sobre como podemos desencadear esses efeitos de forma mais direta — com dieta, estilo de vida ou novos medicamentos.
Rosto e câncer
Pesquisadores dos Estados Unidos e da União Europeia desenvolveram o FaceAge, um algoritmo que usa fotos em primeiro plano para estimar a idade biológica de uma pessoa — que pode ser maior ou menor que a cronológica, dependendo do estilo de vida.
A tecnologia ainda está em fase de estudos, mas pode ajudar no futuro a personalizar tratamentos com base no real “ritmo de envelhecimento” do corpo.
Sangue
Pesquisadores descobriram que, com o envelhecimento, o sangue humano perde diversidade celular e passa a ser dominado por poucos “clones” de células-tronco, especialmente a partir dos 50 anos.
Isso reduz a resiliência do sistema imunológico e pode estar ligado à chamada inflamação crônica do envelhecimento — o inflammaging. A técnica desenvolvida, chamada EPI-Clone, consegue rastrear esses clones por meio de “códigos de barras” epigenéticos, revelando padrões que antes eram invisíveis.
No futuro, isso pode permitir o monitoramento precoce do envelhecimento do sangue e a criação de terapias de rejuvenescimento personalizadas, segundo os pesquisadores.
Salamandras
Cientistas da Academia Austríaca de Ciências (IMBA) descobriram como o axolote — um anfíbio que regenera membros inteiros — ativa sinais que informam às células qual parte do corpo regenerar.
A descoberta tem grande potencial para a engenharia de tecidos, organoides e terapias regenerativas em humanos.
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