Luta contra a depressão: “O hipismo me ajudou a recuperar a cor na minha vida”
Em meio ao luto, estresse ou depressão, a atividade física tem ajudado pessoas a reencontrar bem-estar e sentido na vida
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“Foi um dos piores momentos da minha vida”. É assim que a médica Lara Loureiro, 26, descreve o que sentiu quando perdeu o namorado em um acidente de carro. No momento de luto, o que a ajudou a seguir em frente foi o hipismo.
“Ele era muito novo. Eu era muito nova. A gente não espera passar por uma perda tão importante nessa idade. O hipismo me ajudou a recuperar a cor na minha vida e sair daquele lugar ruim que eu estava”, conta.
O acidente aconteceu em 2023, um ano e meio após o início do namoro. Por meses, Lara não sabia como lidar com o luto. Apesar de não ter sido diagnosticada com depressão, sua terapeuta temia essa possibilidade.
“Fiz muita terapia. Tomei antidepressivos por um tempo. Minha psiquiatra dizia que era para evitar que eu desenvolvesse um quadro depressivo. Foi um momento muito delicado”.
A sugestão de buscar um hobby veio da terapeuta. “Por acaso, meu namorado tinha me ensinado a montar por lazer, numa fazenda. E eu já conhecia a equoterapia (terapia assistida com cavalos) e seus efeitos sobre a saúde mental”.
Lara começou as aulas em novembro de 2023 e se apaixonou. Hoje, cavalga com sua própria égua puro-sangue inglês de seis anos, chamada Athena.
“Me apaixonei completamente. Athena é minha parceira, só assim sei explicar. A conexão que esse esporte permite com o cavalo é surreal. Ajudou a me reinventar. A vida voltou a fazer sentido. Sou muito grata aos cavalos e também ao pessoal aqui do Jockey Clube”, destaca.
Professor de equitação há mais de 15 anos, Thiago Altafim relata que mais de 80% dos alunos têm algum tipo de transtorno mental, como depressão, ansiedade ou pânico.
“Aprender a técnica de montar e conduzir cavalos traz benefícios físicos, psicológicos e sociais. Os mais visíveis são a redução do estresse, o controle da ansiedade e o aumento da autoestima. Também ajuda a desenvolver vínculos e confiança”, afirma.
90 minutos por semana trazem benefícios para a saúde
Meia hora de exercícios físicos, três vezes por semana, é suficiente para melhorar a saúde mental de uma pessoa, segundo a psiquiatra Janine Moscon.
“Se o paciente gosta do que faz, os benefícios são ainda maiores pois essa será uma fonte de prazer. Mas, mesmo quando o paciente se mostra resistente à prática de atividades físicas, 90 minutos por semana vão gerar benefícios”.
Ela explica que qualquer atividade física funciona, pois aumenta a ação de hormônios que levam ao relaxamento e prazer, como endorfinas e dopamina.
“Mas não tem benefício só quem gosta da atividade física, pois o exercício reduz os níveis do cortisol, o hormônio do estresse, tirando a pessoa de um estado de hipervigilância para um estado de maior relaxamento”.
Segundo a especialista, pacientes que saem do sedentarismo e começam a realizar atividades físicas experimentam uma melhora rápida e visível.
“É visível. Eles dormem melhor e se sentem mais dispostos, com mais energia”, explica Janine.
Mas ela destaca que apenas o exercício físico não resolve milagrosamente o problema.
“O tratamento, além de medicações, psicoterapia, estimulação magnética transcraniana e outros recursos precisa incluir mudanças de hábitos de vida. Além da atividade física, estão a alimentação balanceada, rotina, cuidar do sono, evitar álcool e outras drogas.”
Prática de ioga contra o estresse
Na luta pela saúde mental, a ioga pode se tornar uma grande aliada. A professora universitária Melissa Ramos, 47, é a prova viva disso. Há quase dois anos, começou a praticar com Merinha Braga. “Minha profissão dá um pico de estresse muito alto. Meu médico pediu para eu procurar o exercício físico como forma de controlar isso e também a ansiedade”, conta. “Foi muito bom. Senti muita vantagem, principalmente nos exercícios de respiração”. Depois de um tempo praticando, a professora conta que se sente mais calma e tranquila. “Um conselho é que cada pessoa procure um exercício que goste. Eu me encontrei nesse e melhorou muito minha saúde mental”.

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