Estudos da Fiocruz alertam ES com chegada do vírus Oropouche
De acordo com um artigo publicado por pesquisadores, o Espírito Santo emergiu como um ponto de acesso da transmissão no bioma Mata Atlântica
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Dois estudos recentes apontaram a dispersão do Vírus Oropouche, historicamente confinado à bacia amazônica, na região sudeste. O Espírito Santo seria o principal Estado atingido desde o início de 2024, segundo informações da fundação Fiocruz.
De acordo com um artigo publicado por pesquisadores da Fiocruz, Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e de outros institutos de pesquisa, o Espírito Santo emergiu como um ponto de acesso da transmissão no bioma Mata Atlântica.
Foram analisados 339 casos confirmados de oropouche notificados entre março e junho de 2024. Os pesquisadores se basearam em dados de vigilância epidemiológica coletados pelo Ministério da Saúde, por meio dos sistemas e-SUS Notifica e Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL).
Distribuídas em 17 municípios capixabas, a maioria das ocorrências foi observada em regiões de cultivo de café, cacau, pimenta e coco. Segundo o chefe do Laboratório de Arbovírus e Hemorrágicos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Felipe Naveca, esses ambientes são ideais para a proliferação do maruim.
“Essa associação com culturas como banana e cacau faz sentido, porque são locais com muita matéria orgânica em decomposição e umidade — condições favoráveis à proliferação do maruim”, comenta Naveca.
Ainda de acordo com a Fiocruz, as novas pesquisas também identificaram múltiplas introduções independentes do vírus no Espírito Santo, vindas de diferentes regiões da Amazônia, o que reforça o potencial de expansão da arbovirose para outras áreas do Sudeste.
Outro aspecto que chamou a atenção dos cientistas foi a velocidade de transmissão. Em cerca de onze semanas, o oropouche atingiu um número de casos semelhante ao de arboviroses já estabelecidas no estado, como dengue e chikungunya.
O estudo ainda destaca que o perfil dos infectados foi majoritariamente de homens adultos, especialmente aqueles com mais de 20 anos. Esse perfil, segundo Naveca, é compatível com a rotina de trabalhadores das propriedades rurais, que estão mais expostos.
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