Filme ‘F-1’ empolga com cenas eletrizantes, didatismo e bastidores realistas
Obra estrelada por Brad Pitt e Javier Bardem atende com facilidade seus objetivos de divulgar a categoria
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No meio esportivo, a Fórmula 1 é conhecida pelo extremo profissionalismo, organização e eficiência. Estas virtudes também podem ser apreciadas no longa-metragem F1, O Filme, a ser lançado nos cinemas brasileiros no dia 26. A obra estrelada por Brad Pitt e Javier Bardem atende com facilidade seus objetivos de divulgar a categoria, atendendo novos e antigos fãs, a partir de um esforço considerável na busca por realismo e verossimilhança.
F1 parte da mesma fórmula que consagrou o filme Rush e a série Senna para entregar ao fã de automobilismo algo além das imagens eletrizantes, com câmeras onboard de altíssima qualidade (superior as que são veiculadas a cada GP da atualidade), sob o acompanhamento de uma trilha sonora poderosa, dirigida pelo badalado compositor e produtor musical alemão Hans Zimmer, com pitadas de Led Zeppelin e até rap.
A novidade de F1, em comparação aos filmes que abriram caminho para tal obra, é o empenho em aproximar o público dos circuitos e da realidade do campeonato, com direito a muita graxa e pneus, além de “bastidores”. Neste ritmo, o longa produzido por Lewis Hamilton e outros medalhões da categoria, como Toto Wolff (chefe da Mercedes) e Stefano Domenicali (CEO da F-1), faz o fã mergulhar nas curvas e retas famosas de traçados tradicionais, como Silverstone, Hungaroring, Monza, Suzuka e Spa-Francorchamps, e até em autódromos mais comerciais, como Las Vegas e Yas Marina.
A cada parada do campeonato, o filme alcança seu maior objetivo, que é conquistar novos fãs, principalmente no mercado americano, ao apresentar o glamour e as corridas, com requintes de didatismo e a eficiente ajuda da narração de cada prova. Para os novos fãs, as 2h36min de duração do filme são uma aula para conhecer os meandros das disputas, entre estratégias, tipos de pneus, dificuldades envolvidas em cada pit stop e até o uso da asa móvel (DRS).
Para tanto, a produção apostou no realismo. As gravações foram feitas em meio aos GPs reais das últimas temporadas, com tomadas, muitas vezes, únicas, a poucos minutos das largadas. As cenas dos grids, por exemplo, são todas autênticas. Lá estão os pilotos mais famosos, como Max Verstappen e Lewis Hamilton, jornalistas credenciados e celebridades circulando entre os carros. Até Roscoe, o famoso cachorro de Hamilton, aparece passeando pelo paddock (e é citado nos créditos ao fim do filme).
Apesar dos exageros, em cenas de maior impacto e momentos de malandragem do protagonista, o filme agrada também aos fãs mais antigos da F-1. É possível ter contato com um pouco dos bastidores de imprensa, boxes, fábrica. Há cenas até no túnel de vento, onde as equipes testam ajustes finos, com ligeiro didatismo, em meio às mudanças no carro de Brad Pit na equipe fictícia APXGP.
As gravações geraram situações curiosas, principalmente no início da produção. Pilotos, como Fernando Alonso, não esconderam a surpresa ao esbarrar nos atores nos paddocks. Os jornalistas precisavam assinar termos se comprometendo a não fazer imagens das gravações, tão próximas em cada GP. E recebiam orientações para seguir o trabalho normalmente, agindo com naturalidade diante da proximidade de câmeras, refletores e celebridades de Hollywood. Tal era o esforço do filme em transmitir autenticidade em cada cena.
Neste contexto, a história improvável do piloto americano Sonny Hayes (que também tem perfil “oficial” nas redes sociais), que volta à ativa aos 57 anos para tentar recuperar uma equipe praticamente falida, traz menos incômodo aos fãs de F-1. Brad Pitt convence como piloto em sua trajetória de superação, que tem até Ayrton Senna em sua história no automobilismo.
Apesar do clichê, o filme dirigido por Joseph Kosinski, o mesmo diretor de Top Gun: Maverick, é uma celebração do automobilismo. E, de certa forma, também é uma festa para os patrocinadores, que ganham mais visibilidade do que numa corrida tradicional do campeonato.
Curiosamente, a equipe fictícia contou com patrocinadores de verdade no filme, o que ajudou a aliviar o orçamento geral da produção. O marketing, ferramenta que vem se tornando cada vez mais poderosa no mundo real da F-1, também inovou na obra ao criar perfis “oficiais” tanto para a equipe fictícia da obra quanto para o protagonista nas redes sociais, a exemplo do que acontece com os times reais do campeonato. Tudo em nome do realismo. E dos objetivos da categoria.
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