MPF denuncia sete pessoas por tráfico de animais em reserva biológica no ES
A Operação Aveas Corpus, da Polícia Federal, revelou um esquema de caça e comércio ilegal de animais silvestres na reserva de Sooretama
Escute essa reportagem

Sete pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal (MPF) por tráfico de animais silvestres em uma reserva biológica do Espírito Santo. Os acusados foram denunciados no âmbito da Operação Aveas Corpus, da Polícia Federal, que revelou um esquema de caça e comércio ilegal de animais silvestres.
Os suspeitos respondem à Justiça Federal por associação criminosa, receptação qualificada e dano direto a uma unidade de conservação federal. Segundo o MPF, esses crimes foram praticados de forma sistemática e prolongada, ameaçando espécies em risco de extinção.
A investigação teve início em outubro de 2020, quando vigilantes da reserva da Vale, em Linhares, detectaram a violação de ninhos de papagaio dentro da reserva biológica de Sooretama.
No dia seguinte, um agricultor, principal articulador do esquema no Espírito Santo, foi preso em flagrante com oito filhotes e dois ovos de papagaio-chauá (espécie ameaçada de extinção), dois filhotes de sofrê e um jabuti em sua residência.
Funcionamento do esquema
De acordo com o MPF, o homem faz parte de uma associação criminosa que tem a caça de papagaios-chauá como principal alvo, mas também retira ilegalmente outros animais da natureza, como periquitos, corujas, coleirinhos, trinca-ferros, sofrês, filhotes de macaco-prego e jacarés.
A denúncia aponta que o grupo continuou em atividade mesmo após a primeira prisão do agricultor, que foi detido novamente em 2021 com mais vinte filhotes de papagaios-chauá, crime que deu origem a outra ação penal em tramitação na Justiça Federal.
Dentro da estrutura da associação, o agricultor atuava como elo central, coordenava a caça e a coleta de animais e intermediava a venda para sua rede de contatos.
Ele contava com a ajuda de mais dois homens no Espírito Santo: um marceneiro, considerado seu “braço direito”, que atuava na caça e no aliciamento de caçadores, e outro agricultor mais jovem, sobrinho do articulador, que operava como seu "substituto" ou "assessor", realizava entregas e mantinha contato direto com os compradores.
No Rio de Janeiro, um servidor público e sua esposa atuavam como os principais compradores e distribuidores. O transporte dos animais ficava a cargo de outros dois homens, sendo um deles um motorista profissional. Um desses transportadores já havia sido preso anteriormente com quase 250 papagaios.
Ainda segundo ao MPF, a caça ilegal e sistemática causou dano direto à reserva biológica de Sooretama, resultando na diminuição da população de espécies ameaçadas, como o papagaio-chauá.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários