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Opinião Internacional

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Colunista

José Vicente de Sá Pimentel

A agenda diplomática 2025

Confira a coluna de domingo (11)

José Vicente de Sá Pimentel | 12/05/2025, 13:28 h | Atualizado em 12/05/2025, 13:28

Imagem ilustrativa da imagem A agenda diplomática 2025
José Vicente de Sá Pimentel é embaixador aposentado |  Foto: Divulgação

A agenda da política externa dá grande visibilidade ao Brasil em 2025. Depois de exercer a presidência do G-20 no ano passado, o País assume agora a presidência do BRICS e, em novembro, sediará a COP-30. Tudo isso num momento em que Trump embaralha o tabuleiro internacional e, qual esfinge mal-assombrada, desafia as lideranças mundiais a decifrá-lo, ou serem por ele devoradas.

Houve quem censurasse a visita realizada pelo presidente Lula a Moscou, para as comemorações do dia da vitória russa sobre a Alemanha nazista. A data da comemoração, em si, já é controversa. Os europeus ocidentais comemoram no dia 8, pois a rendição dos alemães entrou em vigor na noite de 8 de maio de 1945, mais precisamente às 23 horas em Berlim. Como já era dia 9 em Moscou, os russos marcaram a comemoração um dia depois, colocando-se à parte do grupo de aliados, pavoneando-se pelo papel essencial que tiveram para a vitória.

Outro motivo para críticas era que Putin não perderia a oportunidade para enfatizar o que seria a vitória militar russa sobre a Ucrânia, e a presença do Brasil entre os convidados equivaleria a apoiar a guerra de conquista. Lula, porém, assumiu uma posição equilibrada, ao ser o primeiro chefe de estado a conversar com Putin depois do desfile militar e ao reiterar a posição brasileira de que o conflito na Ucrânia deve ser resolvido na mesa de negociação entre representantes russos e ucranianos.

Hoje começa a visita a Pequim. Será a segunda visita de estado de Lula à China, no atual mandato, enquanto Xi Jinping visitou o Brasil em 2024. A frequência dos encontros ilustra o alto nível a que chegou o entendimento entre os dois países, bem como a perspectiva favorável de cooperação bilateral. No ano passado, foram criados dois grupos de trabalho, um para o setor de infraestrutura, outro para questões financeiras. Segundo se depreende das declarações dos integrantes da delegação brasileira, o projeto prioritário no setor de infraestrutura é o do corredor bioceânico, canal gigantesco de exportações e importações, que vai do Brasil ao porto de Chancay, no Peru. Do lado financeiro, chama atenção a participação do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em seminário em que se devem discutir os “panda bonds”, ou seja, a emissão de títulos em moeda chinesa. A Suzano foi a primeira empresa brasileira a converter esses títulos em reais e utilizá-los no plantio de florestas tropicais em áreas deflagradas.

O Brasil participará também do Fórum China-Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que deve elaborar um Plano de Ação 2025-27. O Itamaraty sublinha que a participação de Lula decorreu de convite pessoal de Xi Jinping, o que mais uma vez ilustra a sintonia entre os dois governantes. Trata-se de um detalhe que vale a pena destacar, não para enaltecimento do presidente, e sim como demonstração da importância do Brasil no plano internacional. O Brasil, em suma, é um país que jamais poderia ser um pária na comunidade das nações.

Não há nenhuma dúvida de que o fator Trump estará na agenda do encontro da CELAC. O mandatário americano disse que os latino-americanos teriam de escolher entre os EUA e a China. Por sua vez, o ministro da defesa Pete Hegseth referiu-se à América Latina, como “quintal dos EUA”. A arrogância e a insensibilidade dos porta-vozes de Washington são a melhor propaganda para a Nova Rota da Seda se converter em plataforma da abertura chinesa para a região. Não à toa, 21 dos 33 países latino-americanos aderiram à iniciativa chinesa.

O Brasil, porém, permanece fora, por ter consciência de que é melhor preservar a sua autonomia de movimentos políticos e econômicos. Nem por isso abre mão da oferta de investimentos chineses, em particular para o escoamento dos portos das regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste via portos no Pacífico. Nem deixa de incentivar a cooperação com outros países asiáticos, como o Japão, com o qual negociamos, por ocasião da visita presidencial a Tóquio, um ambicioso programa de recuperação de terras degradadas, que pode se converter em novo PRODECER.

Vê-se que a diplomacia trabalha em ritmo acelerado, à procura de parceiros que possam suprir as carências de apoio externo que, previsivelmente, decorrerão das medidas comerciais impostas por Trump.

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