Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

ASSINE
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
ASSINE
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

TRIBUNA LIVRE

Racismo conivente e cúmplice

Coluna foi publicada nesta sexta-feira (10)

Manoel Goes Neto | 10/05/2024, 13:00 h | Atualizado em 10/05/2024, 11:05
Tribuna Livre

Leitores do Jornal A Tribuna



          Imagem ilustrativa da imagem Racismo conivente e cúmplice
Relação de servidão e resquícios da servidão ainda existem no Brasil |  Foto: © Divulgação/Canva

Relação de servidão e resquícios da servidão ainda existem no Brasil. O conflito racial existe sim nos tempos atuais. Como exclusão fabricada, a sociedade brasileira pratica com naturalidade o racismo. Joaquim Nabuco disse que: “A escravidão permaneceria por muito tempo como um traço da formação brasileira”.

Usou Joaquim Nabuco de uma imagem terrível, de que a escravidão passou no aleitamento materno, onde as pretas amas de leite alimentavam os filhos e filhas dos seus senhores.

Em “Minha Formação”, sua autobiografia, Nabuco cita ainda – de passagem e sem lhe dar nome – a negra que o amamentou e dele cuidou: “A noite da morte de minha madrinha é a cortina preta que separa do resto de minha vida a cena de minha infância. Eu não imaginava nada, dormia no meu quarto com minha velha ama, quando ladainhas entrecortadas de soluços me acordaram e me comunicaram o terror de toda a casa”.

Ama de leite, mãe preta de aluguel, era um ofício no Brasil escravocrata, de antes e depois da abolição. Anúncios nos jornais de papel procuravam: “Preta, com muito bom leite, prendada e carinhosa”. Negras que alimentavam o corpo e a alma dos bebês brancos. Era deles a primeira mamada, isso quando a mãe preta tinha filhos próprios e com eles podia ficar.

O maior movimento de revolta de escravizados no Espírito Santo, a Insurreição do Queimado, no hoje município da Serra, completou em 175 anos, desencadeada em 19 de março de 1849. Uma história de resistência, de luta do nosso povo preto e que merece ser conhecida por todos os capixabas, principalmente os estudantes. Um fato histórico que comprova que, na nossa história, o povo preto foi, com certeza, protagonista e reativo em sua luta por liberdade, pelo fim da escravidão e por direitos.

Alimenta o senso comum, uma visão distorcida da nossa história de que tudo se resumiu à promulgação da Lei Aurea, em 13 de maio de 1888. Recomendo a leitura do livro “Insurreição do Queimado”: 140 anos do pioneirismo de Afonso Cláudio no livro reportagem nacional/José Antonio Martinuzzo – 1ª. edição – Vitória, ES: GSA, 2023.

A abolição da escravatura: passados 136 anos, o povo preto ainda luta por direitos e protagonismo. A Lei Aurea, assinada em 13 de maio de 1888, considerou livres 700 mil escravos. Atualmente, os negros são mais de 54% da população do País e as desigualdades continuam.

O Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão, e o negro liberto não recebeu nenhum tipo de auxílio do governo para que pudesse sobreviver. Pesquisadores afirmam que, com a falta de oportunidades e o racismo, o quadro de desigualdade perpetuou-se no País e tem reflexos até os dias atuais com a exclusão social.

As evidências estão nos fatos trágicos que acontecem com os pretos no Brasil e pelo mundo afora. Agressões e mortes de pretos sem compaixão, por coisas pequenas, abusando da autoridade constituída. Gostaríamos de saber até quando esses abusos continuarão a acontecer? Ignorar o racismo é conivência, silenciar é cumplicidade. E as punições exemplares, ocorrerão de forma contundente? Fica a reflexão.


          Imagem ilustrativa da imagem Racismo conivente e cúmplice
Manoel Goes é produtor cultural, escritor e diretor no Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES) |  Foto: Divulgação

SUGERIMOS PARA VOCÊ:

Tribuna Livre

Tribuna Livre, por Leitores do Jornal A Tribuna

ACESSAR Mais sobre o autor
Tribuna Livre

Tribuna Livre,por Leitores do Jornal A Tribuna

Tribuna Livre

Leitores do Jornal A Tribuna

Tribuna Livre