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TRIBUNA LIVRE

Bode expiatório

Coluna foi publicada no domingo (20)

Pedro Valls Feu Rosa | 21/08/2023, 12:07 h | Atualizado em 21/08/2023, 12:07
Tribuna Livre

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          Imagem ilustrativa da imagem Bode expiatório
Diante da constante busca por culpados para os altos índices de acidentes de trânsito no Brasil, qualidade das estradas continua sendo um fator determinante para o volume de fatalidades |  Foto: Reprodução/ Governo do Ceará - Thiara Montefusco

Há poucos anos descobriu-se que durante o século XX o número de pessoas que morreram em acidentes de trânsito no Brasil chegou a um milhão. Constatou-se que quase 4% das mortes acontecidas aqui tinham como causa o trânsito, contra apenas 1,8% dos EUA, 1,5% da França e 1,1% do Japão. Estimou-se que gastávamos US$ 10 bilhões a cada ano em decorrência dos acidentes de trânsito.

Começou, então, a busca pelos culpados. Concluiu-se que nossas leis eram muito frouxas. E foi assim que surgiu o novo Código Nacional de Trânsito, mais rigoroso. 

Comemorou-se uma queda no número de mortes. Mas não foi o bastante. Nossas estradas continuaram sendo um matadouro. Cumpria localizar um novo culpado. Chegou-se ao álcool. Passamos, então, a ter uma das mais rigorosas legislações do mundo sobre álcool e direção. 

Celebrou-se nova queda no número de mortes. Mas também não foi o suficiente. Nossas ruas e rodovias ainda são palco de carnificinas diárias. Segundo dados divulgados em 2008 continuamos gastando US$ 10 bilhões por ano em função dos acidentes de trânsito. 

Havia que se buscar novos culpados. Localizaram outros suspeitos: as más condições do clima e a falta de atenção dos motoristas! Recentemente vi uma estatística indicando que estes dois fatores, sozinhos, respondem por 71,13% dos acidentes! Veio-me à mente que, pelas estatísticas, o lugar mais perigoso do mundo é a cama - é onde mais se morre! 

Fiquei a recordar uma piada segundo a qual uma pessoa estava à noite, procurando ao redor de um poste aceso, algo que havia perdido longe dali, em um matagal escuro. Indagado por alguém sobre os motivos de estar procurando no lugar errado o dito cujo deu uma resposta curiosa: “aqui é mais fácil procurar porque está iluminado”. 

Pois é. Talvez o maior culpado esteja lá longe, fora dos holofotes, pouco comentado exatamente porque é trabalhoso. Refiro-me às condições de nossas vias. Dia desses, por exemplo, li que a buracada existente em uma única estrada causou, em apenas seis meses, 118 acidentes, com 97 feridos e 10 mortes. Ao invés de corrigir-se a estrada fez-se apenas colocar uma triste placa: “Cuidado, buracos na pista”. 

Eis aí o grande assassino que ronda nossas estradas. Segundo um estudo da Confederação Nacional dos Transpor tes 72% de nossas vias estão em péssimas condições. Uma em cada dez rodovias brasileiras não tem qualquer tipo de sinalização. Em 2007 calculou-se que apenas nas estradas de São Paulo surgem cerca de mil buracos por dia. Mais há: 40,8% de nossas rodovias precisariam ser totalmente refeitas, pois nem reparos comportam mais.

A verdade é que o motorista brasileiro tem feito a sua parte - suporta uma alta carga tributária e tem sobre si uma legislação das mais severas do planeta. Assim, talvez seja a hora de perguntar quando terá estradas decentes e seguras, aliviadas por um sistema ferroviário compatível com a grandeza do Brasil. Fugir deste debate é procurar o culpado no lugar errado só porque lá está iluminado

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