No dia 11 de março de 2020, o mundo virou de cabeça para baixo quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia de covid-19 em todo o planeta. Desde então, tivemos que nos adaptar a uma nova forma de viver a vida. 

No primeiro momento, ficamos mais reclusos, muitos se afastaram do trabalho e passaram a cumprir as atividades laborais em casa, perdemos o contato direto com os amigos e familiares que não moram conosco, deixamos de praticar exercícios coletivos, enfim, precisamos nos fechar em uma bolha para evitar o contágio e a transmissão de uma doença até então desconhecida e fatal. 

Com tantas restrições, nossa rotina foi impactada. Aqueles mais organizados conseguiram manter um equilíbrio, mas a maioria de nós acabamos trocando o dia pela noite, aumentamos o consumo de telas, deixamos de lado hábitos saudáveis e nos desencontramos enquanto seres produtivos.

Neste momento de pandemia, é esperado que existam sentimentos de preocupação com extrema sensação de falta de controle, principalmente frente às incertezas do momento. 

Tornando o indivíduo menos tolerante e capaz de perder o controle com facilidade, infelizmente torna-se um ser humano mais vulnerável para a fuga da rotina. 

Essa quebra da rotina poderá implicar consequências, tais como insônia, transtornos de ansiedade e até depressão. Sabe-se que a rotina é o relógio biológico do ser humano, sendo fundamental para manter a harmonia e o equilíbrio mental. 

A humanidade vive um período que exige muita resiliência e criatividade, momento em que é possível retomar ou explorar habilidades do passado, como por exemplo, atividades manuais de corte e costura na confecção de máscaras, aprender a cozinhar em casa, tocar um instrumento musical, ou até iniciar o tão sonhado curso superior, online.

Tempo oportuno, nos dias de hoje, para resgatar o autocuidado físico e mental, um bom jeito para fazer isso é manter os hábitos adequados de sono, horários regulares para acordar e dormir, reservar alguns minutos do dia para refletir e exercer a espiritualidade, determinar períodos para o lazer e para os estudos, horário regular para alimentação e adaptar um momento para a prática de atividade física.

 Aproveitar esse tempo em casa para ser criativo e se reorganizar para uma rotina saudável. Momentos de crise são muito difíceis, mas também gera oportunidades de aprendizados. A rotina por sua vez, mesmo em períodos de incertezas, auxilia na regulação emocional, satisfação pessoal no desempenho e cumprimento de tarefas e, por último, implica um sentimento de propósito de vida a seguir. 

A pandemia de covid-19 entrou na vida da população em geral sem aviso prévio e não pediu licença. De uma hora para outra, o cotidiano foi alterado das mais diversas formas, seja no trabalho ou na relação com as pessoas, a rotina foi mudada bruscamente. Atualmente, com a vacinação avançando pelo mundo, a tendência é que as pessoas retomem aos poucos, e com segurança, um ritmo mais equilibrado na vida.

Vitor Maia é médico psiquiatra e membro da ABP/Apes.